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História da Família Machado
José Rodrigues Machado: Uma história de vida ao pé da letra

podol.jpg Anthony Robbins José Rodrigues Machado durante entrevista à Fundação Pró-Memória.
Hoje, aos 75 anos, sente-se realizado profissionalmente
“ O importante não é onde você começa, mas sim as decisões que toma sobre o lugar a que está determinado a alcançar”
Este poderia ser o lema ou a filosofia de vida de um homem de sítio, que procurou um futuro promissor na cidade
grande. A frase é a mais pura definição de um homem chamado José Rodrigues Machado, um jovem lavrador
que conquistou sucesso profissional na cidade de São Caetano do Sul. A primeira página da história deste
lutador começa em Laranjal Paulista, onde o casal Antonio e Filadelfa deu vida ao menino José, no dia 10 de fevereiro de 1933. O sítio do casal abrigava um lar com sete crianças, três meninas e quatro meninos: Anízio, Ana, João, Maria, Maria Antonia, Francisco e José, nosso personagem. A plantação de cana e café e uma pequena criação de gado garantiam o sustento da família Rodrigues Machado. Pai e mãe contavam com a colaboração
das crianças nos cuidados com a lavoura, mas nada os impedia de brincar na terra e de freqüentar a escola rural. Tenho muita saudade desta infância saudável.

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O jovem José Rodrigues vem para São Caetano e instala sua primeira clínica

Infância que não volta mais. Desta infância que as crianças de hoje desconhecem”, conta José. O colo e o carinho da mãe, José perdeu logo cedo. “Mamãe morreu com 51 anos. Sofreu um desmaio e bateu a cabeça. Não houve tempo nem para os primeiros socorros. É uma cena triste e dramática que o tempo não conseguiu apagar”, lembra. O pai não conheceu outra cidade: viveu no sítio até seus 79 anos, quando morreu de câncer. Mas os sonhos da cidade e do sucesso profissional deram novas esperanças ao jovem José. Aos 19 anos mudou-se para o ABC Paulista. Com algumas economias conseguiu comprar uma casinha em Mauá. “Trabalhava durante o dia e estudava à noite. Cursei enfermagem, enfrentando dificuldades, mas nada me fez desistir do sonho. A paixão em cuidar do ser humano era forte e me impulsionou às conquistas”. José, já formado, foi morar em Santo André, onde reside até hoje. Por intermédio de seu currículo e capacidade, conseguiu emprego na Santa Casa. “Fiquei no Pronto Socorro até 1975”, mas o dom de cuidar dos pés, descoberto logo cedo, o fez procurar por um curso
especializado. “Na época, por volta dos anos 60, não existia Podologia, mas o curso de calista e pedicuro. Formei-me em 1968 e nunca mais parei de tratar do órgão que sustenta o corpo humano em pé”, fala, com satisfação, de sua especialidade. O curso lhe rendeu um certificado registrado no Serviço Nacional de Medicina e Enfermagem. “Com o certificado poderia conseguir o diploma, que era liberado apenas no Rio de Janeiro. Fui até lá com o certificado, mas não pude trocar pelo diploma. Não por complicações legais ou outras burocracias: não me deram o diploma por pura falta de papel especial. Então, uso até hoje o certificado mesmo, timbrado e assinadopelo diretor do Serviço”.

As clínicas

Em 1969, José Rodrigues Machado escolhe o C do ABC e abre a primeira clínica para tratamento dos pés. Pioneirismo em São Caetano. A novidade o beneficiou com centenas de pacientes. “Minha primeira clínica foi na rua Francisco Matarazzo, em frente ao antigo Cine Max. Fiquei lá por dois anos”. A sua segunda clínica foi instalada
em uma sala no prédio da rua Santa Catarina. “Fiquei nesta sala até o dia trágico em que o prédio pegou fogo.

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O podológo exercendo sua função com parte do material da década de 60

Foi um fato que marcou a cidade e minha vida. Assisti à construção do prédio e o seu fim. Lá, atendi pacientes ilustres de São Caetano durante 20 anos”. Quando José Rodrigues fala de  essoas ilustres ele se refere aos membros de famílias como Dal’Mas, Braido, Lorenzini e Campanella. “Até a sogra do Samuel Klein (Casas Bahia) cuidava dos pés comigo. Ela vinha da Alemanha para visitar a família e fazia questão de freqüentar a minha cadeira de podólogo”, fala, com orgulho. Ele conta que, a cada sessão de tratamento, conhecia um pouco da história
de vida dos pacientes e da cidade. Cada um contava do seu jeito o desenvolvimento pelo qual São Caetano
passava. Cada pé uma história. “Uma enfermidade curada e um conhecimento de vida”. O podólogo fala com carinho de seus pacientes, e tem consciência de quanto alívio proporcionou a cada um deles. “São mais de 40 anos em São Caetano. Aqui na rua Manoel Coelho, que vim depois do incêndio, ajudei muitas pessoas a curarem seus males dos pés. Tenho pacientes, mas acima de tudo, tenho amigos”. Hoje, o menino lavrador e esperançoso transformou-se em um profissional de sucesso, que não apaga as raízes, que lutou pelos seus sonhos, que fica  ratificado ao dar alívio às dores dos pés de muitos sancaetanenses. José é o orgulho das filhas Rita, Regiane, Rúbia, Eunice e Evanilde, e de todos nós, moradores de São Caetano do Sul.