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DATA DA PUBLICAÇÃO 17/02/2016 | Setecidades
Vítima de enchente ajudou a salvar vida em São Caetano
Vítima de enchente ajudou a salvar vida em São Caetano Foto: André Henriques/DGABC
Foto: André Henriques/DGABC
Um herói. É assim que o proprietário de ferro-velho Amadeu Gomes de Moura, 55 anos, será lembrado por amigos e parentes. Mesmo vivendo em rua não asfaltada, onde as enchentes são constantes, assim como o abandono do poder público, ele praticou a solidariedade e sacrificou a própria vida para salvar outra. Moura morreu após ajudar no resgate de uma mulher que se afogava no Ribeirão dos Meninos, na divisa entre São Caetano e a Capital, na tarde de segunda-feira, após o temporal que deixou as ruas da região debaixo d’água.

Depois que Moura desapareceu, equipes do Corpo de Bombeiros das duas cidades realizaram buscas que duraram cerca de 20 horas. A triste, porém esperada notícia se confirmou por volta das 7h30, quando um homem que trafegava pela Avenida Guido Aliberti avistou um corpo dentro do rio, próximo à Avenida dos Estados. A operação de resgate exigiu trabalho especial da corporação devido à dificuldade de acesso ao local. Por volta das 11h30, os bombeiros retiraram a vítima da água.

A morte trágica de Amadeu foi profundamente sentida por seus familiares. Na tarde de ontem, a humilde residência, situada na Rua Doutor Rosendo Moniz Barreto, no bairro São João Clímaco, na Capital, estava cercada de amigos e vizinhos.

A mulher de Moura, Ângela Maria, passou mal e precisou ser internada às pressas após saber da morte do marido. De acordo com o sobrinho do proprietário de ferro- velho Josiclene dos Santos, 29, Moura sempre ajudou o próximo. “Ele era uma pessoa maravilhosa, não negava auxílio a ninguém. Há alguns anos ele já havia salvado uma pessoa que estava se afogando aqui perto. Sempre foi um herói, se preocupou com os outros. Não dá para entender por que tinha que morrer assim.”

“Conhecia o Amadeu há 50 anos. Ele aprendeu a nadar aqui (no Ribeirão dos Meninos). Era muito gente boa, foi uma pena o que aconteceu”, conta o amigo Mario Pastel, 55. Ele presenciou o momento em que seu companheiro de infância pulou em meio à forte correnteza para salvar a mulher. Ela foi identificada como Marisa Batista, mas não foi localizada pelo Diário ontem.

“Ele e o funcionário estavam passando quando viram que ela estava se afogando e pedindo socorro. Ele não pensou duas vezes e saltou. Os bombeiros conseguiram retirar todos da água, menos ele. Até tentamos salvá-lo, mas ele afundou e não foi mais visto.”

Outra pessoa que lembrará de Amadeu com saudade é a vendedora e vizinha Sandra Paulino, 28. “Ele era bom para todos. Mesmo com o pouco que tinha, ajudava no que podia. Há pouco tempo meu pai foi diagnosticado com câncer e precisava voltar para o Piauí, mas ele não tinha dinheiro. Foi o Amadeu que emprestou a quantia para ele poder viajar. Jamais esquecerei isso.”

Conforme o tenente do Corpo de Bombeiros Thiago Tavares da Silva, que coordenou o trabalho de retirada do corpo, apesar de louvável, o resgate em afogamentos deve ser evitado por civis. “Mesmo que se saiba nadar é muito arriscado tentar ajudar alguém nesse tipo de situação. É preciso ter muita técnica. Além de contatar os bombeiros, outra opção é estar em um ponto firme e jogar algum objeto para que a pessoa que está em perigo se agarre.”

Moura deixa mulher, três filhos e um neto de apenas 2 anos que ele criava. O corpo seria velado desde a noite de ontem no Velório Municipal de São Caetano até as 10h30 de hoje, quando seguirá para ser enterrado no Cemitério da Cerâmica.

Para as autoridades, Moura se torna mais um número entre tantas outras vítimas da chuva, porém, para aqueles que o conheciam, ele sempre será lembrado como um homem que deu a vida pelo próximo.

Centro de Mauá registra vários prejuízos

Em Mauá, a chuva de segunda-feira surpreendeu quem estava passando ou fazendo compras pelo Centro. A água tomou conta dos comércios, casas e das avenidas Barão de Mauá e Presidente Castelo Branco, deixando carros submersos na frente do Paço. O terminal de ônibus e a Estação da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) também foram tomados por alagamentos, que ainda prejudicaram os atendimentos no AME (Ambulatório Médico de Especialidades) e na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Barão de Mauá.

O Diário esteve na área central na manhã de ontem. O terminal de ônibus continuava cheio de poças e duas catracas estavam quebradas, formando longas filas. “Quando o assunto é chuva, Mauá para de todos os jeitos”, comenta o comerciante Ivo Rodrigues, 46 anos. “Além do transporte público demorar, temos que esperar mais tempo para embarcar por causa das catracas quebradas.”

O Diário teve acesso a vídeos que mostram o estado do terminal durante a chuva. Há diversos ônibus parados e pessoas ilhadas nas plataformas. Uma das imagens mostra que há goteiras no teto. Diversas pessoas reclamam das condições do espaço e afirmam ter medo de pegar doenças como a leptospirose, transmitida pela urina de ratos.

O motorista Lorival da Silva, 52, chegou em casa à meia-noite por causa do trânsito ocasionado pelos alagamentos. Ele conta que a manutenção da cidade após enchentes já foi melhor. “As ruas estão sujas. Antes mandavam caminhão-pipa para limpar. Todos sabem o histórico do Centro com a chuva e nada é feito.”

O dia começou difícil para a comerciante Tayná Sarah, 17, que ficou ilhada na loja de calçados onde trabalha durante o temporal. “A água chegou no sofá onde os clientes experimentam os calçados. Subimos na mesa do caixa. O prejuízo é incalculável”, diz.

A aposentada Maria Madalena Gonçado, 78, reclama que a Rua Amergo Torneiro, onde reside, foi tomada pelo lixo. “Não dá para andar direito. Além do mau cheiro, ficamos preocupados com a possibilidade de dengue.”

De acordo com a Prefeitura de Mauá, equipes da Secretaria de Serviços Urbanos entraram em ação assim que a chuva deu trégua, na própria segunda-feira, e deram continuidade à limpeza ontem em pontos como a Rua Américo Torneiro, no Jardim Mauá, Rua Remo Luiz Corradino e Rua Roberto Stella, no Jardim Zaíra 5, e Rua Aluísio de Azevedo, no Jardim Feital. Ainda segundo o Executivo, as catracas do terminal foram consertadas na manhã de ontem. Conforme a administração, a média de chuva registrada na cidade foi de 50 milímetros entre as 14h30 e 19h30.

Muro de prédio desaba em Santo André

O temporal de segunda-feira derrubou o muro de conjunto habitacional entregue em outubro pela Prefeitura no Jardim Alzira Franco, em Santo André. A construção do condomínio, onde vivem 80 famílias, custou R$ 5,9 milhões aos cofres públicos. Os moradores temem que o problema afete a estrutura dos prédios.

Em 20 minutos de chuva, quase três metros de muro desabaram. Os habitantes afirmam que não havia rachaduras, mas o sistema de drenagem estava danificado e causou inundação. “Era tanta água que não aguentou. Não tinha por onde sair tudo”, contou a doméstica Hildete Felix de Souza, 60 anos.

A síndica do prédio, que não quis se identificar, acredita que a sustentação era frágil e o acidente estava anunciado. “É como andar em um carro sem freio. Você sabe que uma hora vai bater. Foi isso o que aconteceu, a gente sabia que ia cair.”

Sem parte do muro, o clima é de insegurança. “Estamos com medo. Minha janela, por exemplo, está sem grade. Não posso arriscar e sair de casa com medo de assaltos”, afirmou a doméstica Marina Zaquino, 70.

Possibilidade de outro desabamento também assusta os habitantes. “Se tiver que cair isso aqui tudo e matar a gente, vai cair logo. Não aguenta outra chuva”, reclamou a doméstica Marialva Costa, 57.

A Defesa Civil informou, em nota, que vistoriou o local na segunda-feira e que não há risco de desabamento em outra parte da estrutura ou do prédio. O órgão afirmou ainda que a provável causa do problema foi o acúmulo de água na terra.

O muro não foi o primeiro problema relatado pelos moradores. Desde que foi entregue, o condomínio já ficou sete dias sem água, teve intermitências na distribuição de gás e também apagão. “Dá para ver que foi tudo malfeito”, afirmou um dos conselheiros do condomínio, que também não quis se identificar.



Por Nelson Donato, Leonardo Santos e Natália Scarabotto - Especial para o Diário
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