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DATA DA PUBLICAÇÃO 12/07/2012 | Turismo
Vistas tombadas ajudam a manter paisagem ''interiorana'' em Londres
Para um turista desavisado, a vista panorâmica de Londres a partir de um dos muitos mirantes da cidade pode surpreender. Com um número relativamente pequeno de edifícios altos, a capital britânica tem um horizonte que mais lembra uma cidade pequena do que uma megalópole de quase 8 milhões de habitantes.

Em grande parte, isso se deve às duras regras para construção na cidade, que limitam o adensamento em algumas áreas e preservam o passado. Um dos aspectos dessa preservação são as 13 vistas da cidade protegidas por lei, que impedem que a visão de determinados pontos da cidade sejam perdidas por construções altas.

As vistas tombadas de Londres são o tema desta galeria de imagens, a sexta de uma série que a BBC Brasil vem publicando semanalmente no período que antecede a abertura dos Jogos Olímpicos de 2012.

Os temas das galerias foram escolhidos pelos jornalistas da BBC Brasil para retratar ângulos pouco conhecidos da capital britânica que servem como exemplo da diversidade e da singularidade da cidade.

Mirantes em parques

A maioria das vistas protegidas de Londres estão localizadas em parques da cidade, alguns distantes vários quilômetros da área central, criando longos corredores nos quais a altura das construções é limitada.

Por essa razão, os arranha-céus de Londres estão concentrados em poucas áreas, como a City (o centro financeiro da capital britânica) ou a região de Canary Wharf, recentemente desenvolvida no leste da cidade - em pontos onde não atrapalham as paisagens protegidas por lei.

Para o arquiteto Peter Murray, presidente da organização não governamental New London Architecture, as vistas protegidas são um reflexo do pragmatismo do planejamento urbano na cidade e também da visão dos moradores sobre sua própria cidade.

"Os projetos para construção são submetidos a consultas populares, e as pessoas com os argumentos mais fortes tendem a ganhar", observa. "Os londrinos consideram importantes para a cidade as vistas desses locais específicos. Haveria fortes objeções da população se construíssem algo que encobrisse a vista da catedral de St. Paul, por exemplo", disse ele à BBC Brasil.

Visão tradicional

Murray comenta o impacto do tradicionalismo britânico na maneira como a cidade foi desenvolvida. "Após o grande incêndio (de 1666, que destruiu grande parte da cidade), as pessoas quiseram reconstruir suas casas e seus negócios exatamente iguais, nos mesmos lugares de antes", cita ele como exemplo.

"Por séculos, a imagem que muitos tinham de Londres era de uma cidade baixa, com uma catedral de St. Paul muito grande em escala. As vistas protegidas são uma extensão dessa ideia", argumenta.

A vista da catedral de St. Paul, aliás, é objeto de 8 das 13 vistas tombadas de Londres --a partir do Alexandra Park, no norte da cidade, de Parliament Hill e de Kenwood House, ambos no parque Hampstead Heath, também no norte, de Primrose Hill, ao lado do Regent's Park, em uma área mais central, de Greenwich Park e de Blackheat Point, no sudeste, de um ponto do Richmond Park, ao sudoeste, e do píer de Westminster, no centro.

Além dessas, também são protegidas por lei as vistas do Palácio de Westminster (sede do Parlamento britânico) a partir de dois pontos distintos de Parliament Hil, do topo de Primrose Hill e do centro da ponte sobre o lago Serpentine, entre os parques Kensington Gardens e Hyde Park, no centro.

A última vista protegida é a que se tem do passeio público Queen's Walk, em frente à sede da prefeitura, no leste da cidade, à Torre de Londres, na outra margem do rio Tâmisa.

A preocupação com a preservação das vistas de marcos da cidade também leva a soluções arquitetônicas que ajudam a manter a visão desobstruída.

Este é o caso do edifício Leadenhall Building, de 47 andares, em construção na área da City. Conhecido popularmente como "Ralador de Queijo", por sua forma, o prédio vai "afinando" de um dos lados, afastando-se mais da rua nos andares mais altos, permitindo que a vista da catedral de St. Paul a partir da rua Fleet permaneça inalterada (ainda que o edifício fique atrás da catedral visto a partir da rua Fleet, não entre os dois pontos).

O arquiteto Murray comenta, porém, um aspecto interessante sobre as vistas tombadas --a ausência delas na região mais ao leste de Londres, a área mais carente da cidade. De fato, os arranha-céus da City, no lado leste do centro, e de Canary Wharf, no sudeste, impedem a vista do centro a partir desse lado da cidade.

"Talvez os planejadores urbanos tenham considerado que essas vistas não eram tão nobres, ou que os moradores mais pobres da cidade não precisavam ver a catedral de St. Paul da mesma forma que os das outras regiões", diz.

Para o arquiteto, apesar das restrições às construções altas em grande parte de Londres, a capital britânica vem se adensando desde os anos 1990, conforme o avanço da noção de que o adensamento em áreas com boa infraestrutura é benefício à sustentabilidade de uma cidade.

Por Rogério Wassermann, da BBC Brasil, em Londres - Folha Online
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