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DATA DA PUBLICAÇÃO 31/08/2012 | Economia
Videolocadora de 21 anos de Diadema fecha as portas
Videolocadora de 21 anos de Diadema fecha as portas Vladimir Koch, dono da locadora lamenta o fechamento do negócio, em Diadema. Foto: Luciano Vicioni
Vladimir Koch, dono da locadora lamenta o fechamento do negócio, em Diadema. Foto: Luciano Vicioni
Vladimir Koch ressalta a dificuldade de manter o negócio em função dos produtos piratas

A Koch Video, uma das primeiras videolocadoras de Diadema e que completou 21 anos no mês passado, fechou as portas nesta quarta-feira (29/08). Nesta quinta, até o final do dia, os filmes de lançamento estão sendo vendidos por R$ 25 e o restante por R$ 10.

Em reportagem do último sábado, o ABCD MAIOR já havia mostrado como o mercado do ramo está se reduzindo. Se o ABCD possuía 279 videolocadoras em 2002, atualmente há apenas 36, de acordo com o Seaac, sindicato responsável pelos trabalhadores de locadoras na Região.

Para Vladimir Koch, 49 anos, proprietário da videolocadora, a pirataria é a culpada pela redução do mercado e não os serviços como locação online e TV a cabo. "A opção virtual que as pessoas têm nunca foi o perfil de quem vai na locadora. O perfil de quem sempre alugou não é de quem baixa pela internet ou vê pela TV a cabo. O perfil é o das pessoas que compram filme pirata".

Para Koch, o perfil de quem vai à videolocadora alugar filmes é tradicional. "É todo um "ritual" [alugar], como ir ao cinema, não é só ir e assistir o filme. O público de internet é um público cômodo, que não vai na pizzaria, pede a pizza em casa. Não vão a locadora, baixam ou assistem o filme na internet".

Koch conta que tentou manter a locadora, mas a falta de lucro levou ao fechamento. "De três anos pra cá a gente estava naquele esquema de vender o almoço para comprar a janta. Comercialmente, já não dá lucro há três anos. Eu estava comprometendo as minhas contas em função da locadora porque ela não se mantinha mais."

A mídia blue-ray, considerada pelo Sindemvideo (sindicato patronal do ramo) mais difícil de piratear por ser mais cara que um DVD (cerca de R$ 4 por unidade) e oferecer qualidade melhor que os filmes copiados, não ajudou o negócio de Koch. "Com o advento do blue-ray, que nós locadores achamos que ia dar um fôlego, piorou, pois a gente fez um investimento alto para tentar uma salvação, mas não funcionou."

Ele agora vai usar as vendas dos filmes para pagar contas atrasadas, vender o resto através da internet, tirar um mês de férias e pensar no que irá fazer da vida, já que não possui nenhum outro negócio. "Vou começar do zero aos 49 anos de idade". O locador conta também que tentou, sem resultado, oferecer outros serviços, como venda de salgados e doces, para salvar o negócio.

Futuro das videolocadoras

Vagney Borges, presidente do Seaac, diz que não há como prever o futuro do mercado, mas enxerga sua redução como sinal de que o ramo só tem futuro se adaptando a tecnologia. “Vão sobrar apenas grandes empresas de videolocação e locadoras temáticas, como os cineclubes que passam determinado tipo de filmes, como de cultura a arte, pouco pirateados”. A maioria das locadoras teria de aderir à locação de filmes on-line. “A evolução passa por cima das coisas tradicionais. Ou você adere, ou some. O mercado vai se salvar e sobreviver de forma eletrônica, com ressalva das locadoras segmentadas”, defende Borges.

Já para Luciano Damiani, presidente do Sindemvideo, o mercado pode ainda diminuir, mas continuará existindo mesmo com a pirataria. “É igual ao mercado de CDs de bandas, apenas diminuiu. Sempre vai haver brasileiros que gostam de atendimento preferencial [ir até as locadoras e receber indicações de filmes]”. Para ele, a pior pirataria é da internet e não a física, pois muitos dosDVDs vendidos no camelô tem conteúdo baixado pela internet.

De acordo com o sindicato patronal, o auge do mercado no Brasil foi em 1985, ainda na época da mídia VHS. Em meados de 1996 entrou em queda. Em 2000 voltou a crescer com pico até 2006, onde decaiu novamente. Caiu 45% até 2009 graças a pirataria, se estabilizando. Em 2010 e 2011 o mercado cresceu 5 e 3%, respectivamente. O crescimento do ano passado para o atual beira a zero.

Poder público e clientes

Vladimir Koch culpa a "conivência" e "incompetência" do poder público pelo fechamento de videolocadora. O que acabou com as locadoras foi o crime. Pois venda de DVD pirata não é delito, é crime. Comprar produto de crime também é crime."

Ela lamenta o fechamento do negócio, mas diz estar preparado para "continuar a vida". "Não me importo em recomeçar, é uma continuidade, sempre trabalhei, a gente está aí para se sustentar". Também destaca o fato de o prédio da locadora ser alugado, o que difultou mais manter o lucro do negócio.

"Nenhuma vai sobreviver e vão acabar em um prazo curto". Para ele, a exceção podem ser locadoras se manterem sem gerar lucro. "A locadora só vai existir por amor, deixou de ser um comércio. A gente aliava o prazer do negócio pelo sustento. Agora ela não se sustenta mais".

Cássia Hirai - uma das compradoras dos filmes, que até então eram alugados na locadora - conta que era cliente e acha ruim o fechamento do negócio. "Eu gosto muito de filmes e os que eu quero assistir não estão no cinema sempre. Eventualmente a gente não consegue achar os filmes em outro lugar e eu gostava muito de alugar filme aqui." Ela diz preferir alugar DVDs devido qualidade dos filmes originais ser melhor do que os piratas. Também não gosta de assistir na internet.

Marcos da Silva Santos, que era cliente há três meses também prefere alugar filmes. "Sempre os filmes que eu procurava encontrava aqui. Eu não gostaria que fechasse não. Locadora é a minha paixão".

Entre os parentes e amigos, apenas ele prefere ir na locadora. "A qualidade é outra. Na banquinha não, eu vou lá, não tem a qualidade. No meu equipamento também não quero colocar um produto original".

O prédio da Koch Video ficará aberta nesta quuinta-feira até cerca de 20h e fica na Rua São Jorge, 380, no Centro de Diadema.

Por Arthur Gandini - ABCD Maior
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