NOTÍCIA ANTERIOR
Amy Winehouse é indiciada por agredir mulher
PRÓXIMA NOTÍCIA
''CQC'' reestreia com dez novos quadros
DATA DA PUBLICAÇÃO 08/03/2009 | Cultura
Vida após a morte
Histórias de músicos que tiveram a vida esmagada pelas drogas não são poucas. Para alguns, o resultado foi fatal, como o baterista do lendário grupo britânico The Who, morto por overdose do medicamento que usava em tratamento contra o alcoolismo - foram encontrados 32 comprimidos em seu corpo -, outros, afirmam que jamais passaram perto de qualquer tipo de entorpecente, como Paul Stanley e Gene Simmons, guitarrista e baixista da banda Kiss.

Os relatos contados em Heroína e Rock n'''' Roll (Larousse, 445 págs., R$ 90 em média, tradução de Denise Silva Rocha Costa) narra o caso de amor e ódio de um astro do rock. Nikki Sixx, baixista e principal compositor do grupo californiano Mötley Crüe, conta sem pudor sua trajetória durante todo o ano em que mergulhou em um verdadeiro inferno. A história começa no Natal de 1986, quando o já viciado músico encontrou em um simples diário o caminho para seu desabafo. Lá, Nikki despejava todos os seus sentimentos, desde os mais íntimos e obscuros, passando por suas amarguras e sonhos, margeando também suas experiências mais bizarras.

Os contos, até então esquecidos, foram encontrados pelo próprio músico há cerca de três anos, parte deles em um diário, outra, em folhas que foram escritas em hotéis durante viagens mundo afora. Para o resgate das anotações e publicação do livro, Nikki contou com a ajuda do jornalista inglês Ian Gittins, que escreve sobre música há cerca de 15 anos, para veículos como The New York Times, The Guardian e Q.

Graficamente irretocável, muito bem ilustrado e longe de fazer apologia às drogas, o livro traz uma lição de vida. Nikki hoje é pai de família e cuida de vários projetos, além de ser o maestro do grande ressurgimento do Mötley Crüe em 2008.

Mostrar o verdadeiro lado de uma vida insana e também as consequências trazidas pelo uso das drogas foi a ideia do músico. A edição ainda reúne depoimentos de Slash, Bob Rock e seus companheiros do Mötley Crüe, entre outras pessoas que vivenciaram os dias de Nikki durante o vício.

A história do homem que quase morreu algumas vezes é chocante e quase inacreditável, a vontade de abandonar o vício e encontrar uma vida normal o livrava do fim todas as vezes que a morte tentava lhe pregar uma peça.

Nascido em Seattle, Frank Ferana foi abandonado pelo pai, e a mãe deixou a criação por conta dos avós, pelos quais era apaixonado. Mudou-se para Los Angeles aos 17 anos e ficou conhecido mais tarde por Nikki Sixx.

Tornou-se músico milionário logo após o surgimento de sua banda, o Mötley Crüe, gastou boa parte de sua fortuna consumindo todo tipo de droga, até se ‘apaixonar perdidamente'''' pela heroína.

Esse caso de amor deixou Nikki com quase 20 quilos menos em um ano. Na época o Mötley Crüe lançava o álbum Girls, Girls, Girls, produzido durante o maior período de loucura da banda. Ganhavam muito dinheiro, os shows rodavam o mundo todo e cada vez mais pessoas chegavam para assisti-los.

Loucura todo o tempo, noites insanas regadas a sexo e drogas, ao mesmo tempo, depressão e desespero por ver a vida se esvaindo por entre os dedos.

Nikki viu-se morto algumas vezes, entregou-se, tentou recuperar-se, foram dias e noites de paranoia e brutalidade com seu corpo, como ele relata sobre o dia em que colocou água do vaso sanitário na seringa, antes de injetar em seu braço.

É o desespero real e imediato de um ex-viciado e também a lição de alguém que nunca desistiu da vida.

Trechos

12 de maio de 1987


Não uso nada há três dias. Essa abstinência é o que mais dói, uma dor intensa, como terapia de choque. Minhas tripas estão se rasgando. Estou com diarreia e vomitando.

27 de junho de 1987

Chequei minhas mensagens em casa. David Crosby ligou, disse que quebraria meus braços se eu me dopasse. Acho que não vou ligar de volta. Minha secretária está cheia, então vou apagar todas as outras sem ouvir... Lá não há ninguém com quem eu queira falar realmente.

23 de dezembro de 1987

Steven e Sally entraram e tentaram me ressuscitar. Conheço todo o pavor que cerca a morte de um viciado. Mas, então, aconteceu uma coisa que nunca tinha acontecido antes - eu não conseguia voltar. Chamaram a ambulância e eu já estava saindo do meu corpo.

Por Vinícius Castelli - Diário do Grande ABC
Assine nosso Feed RSS
Últimas Notícias Gerais - Clique Aqui
As últimas | Cultura
25/09/2018 | Encontro com o passado
21/09/2018 | ''Sou muito feminino, isso é uma grande qualidade'', diz Chay Suede a Pedro Bial
20/09/2018 | Avril Lavigne lança Head Above Water, música sobre a doença a qual sofre
As mais lidas de Cultura
Relação não gerada ainda
As mais lidas no Geral
Relação não gerada ainda
Mauá Virtual
O Guia Virtual da Cidade

Todos os direitos reservados - 2024 - Desde 2003 à 7680 dias no ar.