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DATA DA PUBLICAÇÃO 17/06/2016 | Cidade
''Vândalos não vão destruir o sonho da minha família'', diz árbitro agredido
''Vândalos não vão destruir o sonho da minha família'', diz árbitro agredido Eraldo Holanda (centro) foi agredido no último domingo e acabou sendo defendido por jogadores do Pedreirinha. Foto: Victor Limeira/ Diário da Várzea
Eraldo Holanda (centro) foi agredido no último domingo e acabou sendo defendido por jogadores do Pedreirinha. Foto: Victor Limeira/ Diário da Várzea
Em entrevista exclusiva, Eraldo Holanda disse que temeu pela saúde do filho, que foi bandeira em jogo polêmico de Mauá

Desde o último domingo (12/06), ninguém é mais falado no futebol amador do ABCD do que Eraldo Holanda, árbitro agredido duas vezes e no mesmo dia em Mauá. O juiz ainda sente dores na costela e na perna após ter sido espancado por cinco jogadores e o técnico do Santa Rosa no duelo com Pedreirinha, mas já voltou a trabalhar na quarta-feira, quando bandeirou amistoso em São Paulo. Ele não está liberado clinicamente para comandar um trio de arbitragem.

Em entrevista exclusiva ao ABCD MAIOR, Eraldo recorda com detalhes os acontecimentos que levaram às cenas tristes vistas no campo do São João, inclusive de um “covarde” - nas suas palavras – que insistia em dar “voadoras” pelas costas. Mas, a despeito daquele momento delicado, o temor maior do homem do apito era com o filho Bruno Henrique, bandeira naquela partida e um dos sete integrantes da família na arbitragem. Não tem jeito, o negócio corre pelo sangue dos Holanda. É paixão. A irmã de Eraldo, Regildenia, ocupa o cargo de árbitra Fifa.

“Depois que o Pedreirinha fez o segundo gol (nos acréscimos do segundo tempo), um jogador veio em minha direção e pensei que reclamaria, mas me deu socos e pontapés. Aí vieram cinco atletas e o técnico expulso (Diego) agredindo, o pessoal do Pedreirinha fez o possível para evitar. Mas a preocupação era com o meu filho, que assistia tudo aquilo. Fiquei com medo que fossem para cima dele”, relata Eraldo Holanda, que conversou com o filho, bastante abatido até hoje, e a família sobre o caso. “A gente repensa, conversamos bastante e não vamos deixar seis ou sete vândalos, vagabundos, destruírem nosso sonho, o papel que temos de ajudar o futebol”, desabafou.

Com 44 anos, Eraldo iniciou a saga da família na arbitragem depois de ver frustrado o sonho de se tornar um atleta profissional, prejudicado por grave lesão no joelho. Jogou-se nessa área indesejada por toda mãe, pegou gosto e, talvez, não tenha sido escalado para partidas profissionais porque ficou dez anos afastado do futebol - em função do trabalho como coordenador em multinacional francesa. Retornou em 2011, apitando diretamente na várzea, mas naquela altura já havia tido problemas com a violência alheia.

“Em 2000, no meu primeiro ano de arbitragem, expulsei um jogador que atuava pelo Detroit em São Bernardo. Ninguém expulsava o cara, porém, dei o vermelho e ele me agrediu. Sempre houve problemas, nunca dessa maneira como aconteceu em Mauá”, lamenta o juiz.

Para Eraldo Holanda, a violência contra os árbitros de várzea são recorrentes, ironicamente, por culpa dos próprios árbitros. Ele quer deixar um legado na profissão que ama. Fez B.O. e quer que a possível punição dos agressores na esfera criminal sirva de lição, para que o problema seja resolvido. “Eles vão responder na justiça para aprender a lição, eles não podem achar que vão agredir pai na frente do filho e não vai acontecer nada com eles. E já aviso que não quero que ninguém venha me procurar, não vou fazer acordo. Se não faz nada, a violência continua”, disse o juiz.

Pintor desempregado há dois meses, Eraldo recebe entre R$ 100 a R$ 150 para apitar um jogo. Pouco para correr tantos riscos, mas a paixão que está no DNA da família fala mais alto. “O dinheiro não é o mais importante, o mais importante é a satisfação”, resume o personagem da várzea regional. “Nunca imaginamos que um negócio desse vai acontecer. Nosso pensamento é que vamos para um jogo de futebol, espetáculo, não para uma praça de guerra.”

SEGUNDA AGRESSÃO

Questionado por que decidiu voltar à ação e o trio de arbitragem encarou o segundo confronto no mesmo local, entre São João e Guapituba. Tirando as dores das pancadas recentes, Eraldo Holanda confirma que estava abalado psicologicamente, ao mesmo tempo em que se resigna ao dizer que o psicológico do árbitro de várzea nunca está 100%. Não havia um substituto para aquele momento e lá foi o trio para um novo desafio. Resultado: o treinador do São João, Maurílio Silva, desferiu pontapé contra ele, provocando a finalização da partida imediatamente.

“Aceitamos fazer aquele jogo porque entendemos que os dois times não tinham culpa do ocorrido anteriormente. A gente estava abalado, mas não influenciamos no resultado”. O técnico do São João se desculpou depois.

Violência dupla no mesmo dia. Parece inusitado, mas mostra a realidade crua do árbitro de futebol amador. Histórias e histórias iguais a essa já foram contadas aqui.

RECADO

No final, fica uma mensagem de Eraldo para o Santa Rosa: “Não são sete elementos que vão estragar a história do Santa Rosa, seria leviano condenar todos da equipe.”

Por Antonio Kurazumi - ABCD Maior
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