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DATA DA PUBLICAÇÃO 04/05/2016 | Geral
Unicamp para tratamento com vacina antiaborto após proibição da Anvisa
Agência reguladora diz que há riscos de contaminação no uso da técnica.

Método é para ajudar mulheres com dificuldade em manter a gravidez.


Por conta de uma decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Centro de Atenção Integral à Mulher (Caism), ligado a Unicamp, deixou de oferecer o tratamento com a vacina que evita abortos recorrentes em mulheres que têm dificuldade em engravidar. O hospital é o único no Brasil que oferecia a técnica pelo Sistema Único de Sáude (SUS).

Com a resolução da Anvisa, a vacina só pode ser utlizada para pesquisas. O tratamento é oferecido desde o início da década de 90, e a técnica tem com um dos seus primeiros adeptos no país o professor da Unicamp e médico ginecologista, Ricardo Barini.

Segundo Barini, o tratamento é utilizado em mulheres que têm abortos recorrentes.
Essa vacina estimula a mulher a desenvolver uma resposta que ela precisa ter durante a gravidez. Essa resposta ela devia desenvolver naturalmente"
Ricardo Barini, professor da Unicamp e ginecologista

“Mulheres que têm aborto repetido podem ter como causa do abortamento uma rejeição aos tecidos fetais dentro do corpo dela. Tem exames que são feitos que identificam que a mulher está tendo uma adaptação para gravidez. Essa adaptação se manifesta pela presença de um anticorpo que ela produz durante a gravidez”, explica.

Vacina tem sangue do parceiro
Para impedir que haja rejeição, é utilizado o sangue do parceiro da mulher na vacina.

“Nós utilizamos os linfócitos do marido. Você colhe o sangue e separa os linfócitos que são utilizados para fazer a aplicação no corpo da mulher. Essa vacina estimula a mulher a desenvolver uma resposta que ela precisa ter durante a gravidez. Essa resposta ela devia desenvolver naturalmente”, diz.

Risco de contaminação
Em documento enviado ao G1, a Anvisa justifica a decisão dizendo que há riscos de contaminação.

“O uso dessas técnicas de imunização possui os mesmos riscos de qualquer outro tipo de transfusão, assim como a possibilidade de transmissão de vírus como a imunodeficiência humana (HIV), Epstein-Bar, hepatites e o citomegalivírus. Além disso, a técnica de manipulação do material, realizada em condições e ambientes inadequados, pode levar à contaminação microbiológica das amostras”, diz um trecho do documento.

Ainda de acordo com a Anvisa, a decisão se apoia em uma recomendação do Conselho Federal de Medicina (CFM).

“O posicionamento do CFM, por meio da sua Câmara Técnica de Ginecologia e Obstretrícia, considera que várias modalidades de tratamentos imunológicos ainda apresentam evidências insuficientes para comprovar descréscimo efetivo das perdas gestacionais recorrentes”, diz.

A assesoria de imprensa do CFM confirma que o conselho emitiu uma nota técnica, por meio da sua Câmara Técnica de Ginecologia e Obstretricia, sobre o tema após uma consulta da agência federal. No entanto sua posição final sobre a vacinação ainda depende de análise pela plenária da instituição.

Eficácia comprovada
Para o professor Barini, o tratamento não traz riscos à gestante e tem sua eficácia comprovada por meio de estudos científicos no Brasil e no exterior.
Eu tenho dois trabalhos científicos publicados que mostram que os resultados são excelentes. Um índice de 84 % de êxito. Também um jornal norte-americano publicou recentemente um artigo que dá respaldo à eficácia do tratamento"
Ricardo Barini, professor da Unicamp e ginecologista

“Eu tenho dois trabalhos científicos publicados que mostram que os resultados são excelentes. Um índice de 84 % de êxito. Também um jornal norte-americano publicou recentemente um artigo que dá respaldo à eficácia do tratamento. Houve uma série de desconfianças que o tratamento não era eficaz porque clínicas particulares usam esse tratamento de forma indiscriminada. Sendo assim, ficou frequente, se usar esse tratamento em pessoas que não necessitavam. Mas, não há risco e nem traz malefícios aos pacientes. É uma questão comercial".

Barini diz que profissionais do Caism pretendem tomar providências para que a decisão de restringir o uso da vacina seja revista.

“Nós temos o projeto de fazer uma nova pesquisa para provar a eficácia do método. Estamos apenas no aguardo da autroização do conselho de ética da universidade. Nosso objetivo é mostrar para o CFM que existem evidências de que o tratamento é eficaz", completa.

Por Hildeberto Jr. - G1, Campinas e Região
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