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DATA DA PUBLICAÇÃO 26/07/2013 | Economia
Um terço da renda fica nos supermercados
Um terço da renda fica nos supermercados Foto: Divulgação - Diário Online
Foto: Divulgação - Diário Online
Abastecer a fruteira, geladeira e as prateleiras dos armários da cozinha passou a ser uma difícil missão para os aposentados e pensionistas do Grande ABC, principalmente para aqueles que recebem um salário-mínimo (R$ 678), ou seja, para 40% dessa categoria. Como se não bastassem os gastos com remédios, que comprometem 30% da renda dos beneficiários, uma compra no supermercado abocanha, pelo menos, um terço do salário-mínimo. Cerca de R$ 230 são destinados à compra de arroz, feijão, carnes, frutas e verduras, além dos itens de higiene pessoal e limpeza doméstica.

Segundo levantamento da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André), a cesta básica, para família de quatro pessoas, é vendida a R$ 426,03 entre as redes da região. “Nesse País os aposentados têm duas escolhas: ou pagam remédios e convênio médio, ou comem. O custo de vida é muito alto para as pessoas que veem sua renda sendo ‘comida’ pela inflação e os altos preços”, desabafa o diretor da Associação dos Aposentados e Pensionistas do Grande ABC, Luís Antonio Ferreira Rodrigues.

Nesses casos, a opção encontrada por muitos é cortar cada vez mais itens do carrinho e deixar as sacolas mais leves. “Me privo de muita coisa. Antes, quando trabalhava, gastava entre R$ 400 e R$ 500 no mercado. Hoje reduzi a R$ 200, o que já é muito para quem recebe R$ 700 por mês”, conta o aposentado Altivo Candido Reis, de 78 anos. O viúvo ainda desembolsa cerca de R$ 200 por mês nas feiras livres, comprando frutas, verduras e legumes. “E você pensa que eu trago muita coisa, que nada. Geralmente compro laranja e banana, além de alface, tomate e outras coisinhas, como cebola, alho e um legume.”

Reis conta com a ajuda dos filhos para pagar o convênio médico. “As despesas básicas da casa somam R$ 1.000, já fico com pendência de R$ 300 por mês. Antes, levava meus filhos para passear, hoje, são eles que precisam me ajudar. Fico triste com isso, porque não consigo fazer nada além de pagar as contas.”

O orçamento de dona Maria Aparecida Correia Rodrigues, 54, também fica apertado todos os meses. Com um benefício de R$ 1.600, quase não sobra verba para o mercado. “Pago R$ 450 de aluguel, R$ 150 de água e luz, R$ 350 de medicamentos, R$ 274 de convênio médico, fora outras contas. O que sobra uso no mercado”, detalha ela, que se aposentou por invalidez, após sofrer dois derrames. As despesas só não são maiores, porque Maria Aparecida mora com a filha e divide tudo com ela. “Como fico na cama gasto muito com higiene pessoal. Às vezes me dou o luxo de comprar uma pêra, porque gosto muito. Quando a carne de boi está cara opto por ovo e salsicha.” No fim do mês quando o dinheiro na carteira fica mais escasso a receita é simples: “uma boa sopinha de fubá, é gostosa e barata”, brinca.

Para driblar os altos preços dos alimentos, a aposentada Nadir Bazogli Rodrigues, 52, divide a compra entre três mercados. “Em cada um compro o que tem de mais barato. Para não gastar tanto, preciso caminhar”, esclarece Nadir, que recebe um salário-mínimo. “Vai tudo no mercado, me sobra apenas R$ 100. A sorte é que sou casada e meu marido paga as demais contas.”

Em sua casa nada de muito diferente: arroz, feijão, óleo, açúcar, café, farinha. Na feira apenas laranja, banana, mexerica e alguns legumes. “Gosto de comprar abóbora e outros itens que rendem, como repolho.”

Para Nadir é preciso ficar atento para não comprar o que apenas ‘parece barato’. Ela cita o frango resfriado, cujo quilo é vendido a R$ 4,13. “Não se aproveita quase nada, tem duas coxinhas, duas asinhas, o resto é pele, gelo e carcaça.”

A nutricionista da Associação dos Aposentados e Pensionistas do Grande ABC, Maria Cristina Martins, alerta que a má alimentação favorece algumas doenças entre pessoas da terceira idade. “Nessa fase da vida é que eles precisam ingerir mais vitaminas e minerais, justamente o momento em que os salários caem drasticamente.”

Segundo ela, um item importante na alimentação é o leite. “Os idosos precisam consumir três porções ao dia.” No entanto, hoje, na região, um litro da bebida é vendido, em média, a R$ 2,64. Se os aposentados consumirem as três porções – o que equivale a quase um litro por dia –, no fim do mês a conta é alta: R$ 79,20.

A opção é diversificar os itens. Comprar um tipo de fruta por semana. “Não se gasta muito e ao mesmo tempo se ingere coisas diferentes. Trocar o feijão por lentilha ou ervilha, que são mais baratos, também são boas opções. Se a carne está cara, o ovo funciona bem no organismo, mas precisa ser cozido”, orienta a especialista.

Para quem quer e precisa economizar outra dica é ficar antenado nos alimentos da época, que são vendidos mais baratos pela grande oferta. De acordo com a tabela do Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), entre o fim deste mês e agosto estarão mais baratos os seguintes itens: abacate, carambola, laranja, maça fuji, mamão, mexerica, abóbora, abobrinha, mandioca, mandioquinha, alface, brócolis, couve, rabanete, cebola e milho.

Preço da cesta básica sobe R$ 5,23 na semana
O frio mais severo da última semana já reflete no no bolso do consumidor. Pesquisa elaborada pela Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André) aponta que o custo da cesta básica nesta semana subiu R$ 5,23 – o equivalente a 1,24% em relação ao levantamento anterior. Até então, o valor da cesta se mantinha em queda nas últimas seis semanas – o equivalente a um mês e meio.

Os produtos in natura (pertencentes ao grupo de hortifrutigranjeiros) foram os que apontaram maior reajuste. O tomate, por exemplo, ficou 26,52% mais caro, passando de R$ 2,64 a R$ 3,34 o quilo, em média (veja tabela ao lado). “Os produtores já estavam prevendo dificuldades na produção por conta das condições climáticas adversas nesta época do ano cujo frio é mais intenso”, explica Nicácio Leão da Costa, supervisor de abastecimento da Craisa.

Verduras, frutas e legumes são os itens com maior variação de preço durante o ano todo, isso porque são bastante perecíveis. “Muito calor ou muito frio já atrapalham o cultivo, a colheita e o transporte”, enumera Costa.

Outro item que também impulsionou o aumento da cesta de produtos de primeira necessidade foi a carne bovina (corte de segunda), que registrou alta de 8,48%. O preço do quilo passou de R$ 9,75 para R$ 10,58. A exemplo do que ocorre com os hortifrúti, este índice foi puxado pelo inverno, que está ligado diretamente com a diminuição das pastagens e o aumento de consumo de silagens (milhos que são cultivados, colhidos, cortados e armazenados para alimentar o gado, junto com rações). Além disso, este processo tende a encarecer a produção da carne e do leite.

Esta aí a explicação pela alta do preço da bebida láctea. O aumento registrado nesta semana foi de 1,15%, sendo encontrado a R$ 2,64.


Já entre os itens de limpeza doméstica e higiene pessoal tiveram papel inverso. O sabão em pó teve queda de 7,96% e o sabonete caiu 6,62%.

GERAL - Mesmo com a elevação, o valor da cesta básica (R$ 426,03) é menor ao pago no início do ano, quando o conjunto de 34 itens custava R$ 430,66 (R$ 4,63 a mais).

Por Tauana Marin - Diário do Grande ABC
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