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DATA DA PUBLICAÇÃO 01/03/2010 | Turismo
Turismo despenca em Paranapiacaba
Mais de 60% dos bares, restaurantes e agências de atividades turísticas da Vila de Paranapiacaba, em Santo André, estão de portas fechadas. O levantamento é da Associação dos Empreendedores de Alimentação, Hospedaria e Serviços de Paranapiacaba, que mostra um número ainda mais assustador: o movimento na vila ferroviária caiu 91,6%. Em 2008, o movimento por fim de semana chegava a 6 mil pessoas. No último semestre do ano seguinte e no começo de 2010, esse número caiu para cerca de 500 visitantes.

Entre os motivos estão o fechamento de pontos turísticos, como o Museu Funicular, e o endividamento de comerciantes. A falta de incentivo ao projeto turístico da cidade e a pouca ou quase nenhuma programação cultural também ajudou para a baixa no volume de turistas nos últimos meses.

Para o presidente da Associação, Gersino Luiz da Silva, o divisor de águas foi o Festival de Inverno de 2009. “O evento decaiu pelo menos em 80%. Os comerciantes fizeram estoques e mais estoques de alimentos e bebidas e não conseguiram vender. Não teve público, as atrações culturais eram fracas e a estrutura precária. Parecia mais uma quermesse”, afirmou Silva, que é proprietário de um trenzinho turístico que percorre a vila. A Prefeitura não se manifestou sobre o assunto.

Abandono

A reportagem do ABCD MAIOR esteve em Paranapiacaba em uma sexta-feira e observou que apenas um bar estava aberto. Vários equipamentos turísticos como o Clube União Lyra Serrano, Central de Informações ao Turista, Museu Ferroviário Funicular e a Casa Fox também estavam fechados. Outros problemas, como a má conservação da estrada de terra que dá acesso à parte histórica da Vila, e o sucateamento da passarela que liga as partes alta e baixa, também são apontados pelos moradores e pequenos empresários como causa para que os turistas tenham deixado de visitar Paranapiacaba.

O microempresário Adalberto Nazario, 39 anos, faz parte da terceira geração da família na vila ferroviária. Em 2007, abandonou a profissão de vigilante e abriu junto com a esposa um restaurante em Paranapiacaba. Um ano depois, o lucro do restaurante duplicou, e Nazario alugou mais uma casa para expandir o negócio. A renda mensal livre da família chegava a R$ 3 mil. “As coisas estavam prosperando na Vila nessa época. Em 2009 os turistas sumiram e eu comecei a me endividar. Vendi meus três carros, passei a casa que tinha alugado a mais para outra pessoa e demiti funcionários. Hoje, quando muito, tiro R$ 600 por mês”, contou.

A guia turística Ana Carolina de Góes Cressoni está a há cinco meses sem salário. Sem renda, Ana Carolina deixou de pagar as parcelas da casa alugada e foi despejada sem aviso prévio pela Prefeitura de Santo André. “Os turistas sumiram porque a Vila está abandonada e eu fiquei sem ter como trabalhar. Aí eles (Prefeitura) me despejam como se não tivessem responsabilidade pelo o que está acontecendo, é revoltante.”

A única justificativa que o presidente da Associação encontra para a falta de programação cultural é o não entrosamento entre as secretarias de Cultura, Esporte e Lazer, responsável pelas atividades culturais, e a de Recursos Naturais, que tem a gestão de todas as questões de Paranapiacaba e substituiu a Subprefeitura, criada na antiga Administração. “Sabemos que existe uma queda de braço dentro do governo do prefeito Aidan (Ravin) que trava as ações na Vila. Fica um jogo de empurra das responsabilidades, e nós no meio dessa confusão.”

Manifesto

Para cobrar da Administração novos projetos para a Vila de Paranapiacaba, moradores enviaram à Prefeitura um ‘manifesto de pedido de socorro’, como eles mesmos classificaram. No documento está listado 19 itens, entre projetos turísticos e comerciais, licitações, programação cultural e outras ações desenvolvidas pelo poder público municipal até dezembro de 2008, fim da gestão João Avamileno, e que foram extintas pela atual gestão do prefeito Aidan Ravin (PTB).

Entre os principais pontos levantados está a falta de participação popular, através de conselhos e comissões, nas elaborações de novos projetos e decisões sobre questões ligadas ao turismo sustentável.

Como conclusão do manifesto, moradores afirmam que “até o presente momento, a atual gestão não apresentou nenhuma proposta para o desenvolvimento de Paranapiacaba, e muito pior que isso, simplesmente acabou, eliminou, extinguiu o que já era realizado pela gestão anterior e apresentava bons resultados, e não apresentou nada para substituir o que fora extinto”.

Tombada

Localizada ao sul do município de Santo André, no alto da Serra do Mar, a Vila de Paranapiacaba foi comprada pela Prefeitura em janeiro de 2001, como último ato administrativo do prefeito Celso Daniel. A Vila é considerada Patrimônio Histórico, Cultural e Tecnológico pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimonio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo) desde 1987, e pelo Iphan (Instituto de Patrimônio Histórico Artístico Nacional), apartir de 2002.

Em junho de 2008, o então prefeito de Santo André, João Avamileno (PT), iniciou através da Subprefeitura de Paranapiacaba e Parque Andreense a campanha para que o local fosse reconhecido pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) como patrimônio da humanidade.

Pelo cronograma inicial, a Prefeitura de Santo André entregaria o dossiê da candidatura de Paranapiacaba a Patrimônio Mundial ao Iphan em 2009, que encaminharia à Unesco. A instituição então teria prazo de dois anos para que diversos especialistas na área de patrimônio visitassem o local, preparassem os pareceres e os encaminhassem para apreciação e votação do Comitê do Patrimônio Mundial, que se reúne em Paris.

No entanto, não se sabe se esse dossiê foi entregue pela atual Administração do prefeito Aidan Ravin (PTB). Desde que a gestão Aidan Ravin assumiu Santo André, no começo de 2009, não há informação sobre a campanha. A reportagem do ABCD MAIOR procurou a Prefeitura, que optou por não se manifestar sobre o assunto.

Por Carol Scorse - ABCD Maior
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