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DATA DA PUBLICAÇÃO 20/11/2013 | Economia
Trabalhador negro recebe menos no Grande ABC
Trabalhador negro recebe menos no Grande ABC Foto: Celso Luiz/DGABC
Foto: Celso Luiz/DGABC
Trabalhadores negros e pardos do Grande ABC ganham, em média, menos do que os não negros (brancos e amarelos), e essa diferença de rendimentos ocorre, de forma geral, em segmentos em que os afrodescendentes estão menos presentes, que pagam salários maiores e que requerem mais qualificação, aponta pesquisa realizada pelo Seade em parceria com o Dieese.

Isso acontece em empresas de serviços e na administração pública, em que a desigualdade de renda, em ambos os casos, é de 55%. Por exemplo, na primeira atividade, enquanto os negros recebem, por hora, R$ 6,64, brancos e amarelos ganham R$ 12,02. Dentro dessa área, estão segmentos como ramos financeiros e de informação, em que os afrodescendentes são bem menos presentes.

Também há diferença, embora um pouco menos acentuada, em indústrias do Grande ABC, em que o valor recebido por eles equivale, em média, a 60,5% do que recebem brancos e amarelos que atuam nas fabricantes. Essa relação melhora no comércio (66,9%), e em subsetores de serviços, como alojamento e alimentação – bares, restaurantes e hotéis – (78,8%) e, principalmente, em serviços domésticos, em que os negros têm rendimentos quase iguais aos dos brancos e amarelos (94,4%).

Os dados do levantamento mostram que, apesar de a desigualdade ter se reduzido em alguns aspectos – por exemplo, com o aumento de participação de pretos e pardos entre os assalariados com carteira –, a discriminação ainda está presente no mercado de trabalho.

As diferenças são menos percebidas, segundo o gerente de pesquisas do Seade, Alexandre Loloian, no início de carreira, quando os jovens ingressam no mercado. Entretanto, se acentuam ao longo da carreira, em que não negros acabam tendo mais oportunidades de ascensão profissional.

Entre os fatores que ainda fazem com que haja menos afrodescendentes em posições de destaque em empresas estão dificuldades de acesso aos níveis mais elevados de ensino, por causa da histórica desigualdade socioeconômica, aponta o estudo. Isso explica também a menor presença na administração pública e em serviços de informação e atividades financeiras. Em relação à primeira atividade, o coordenador do GT (Grupo de Trabalho) da Igualdade Racial do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, Leon Santos Padial, avalia que o projeto de lei que estabelece cotas para negros em concursos públicos pode ajudar a reduzir essa distorção. Além disso, ele considera que políticas de inclusão educacionais (como o ProUni) devem surtir efeito nos próximos anos.

Há avanços no mercado de trabalho

Embora menos presentes em cargos de destaque em empresas, os trabalhadores negros vão, aos poucos, galgando posições e conquistando espaço no mercado de trabalho. Elias Marques, 52 anos, morador de Santo André, ingressou aos 16 anos na indústria de produtos elétricos Alumbra, de São Bernardo, onde trabalhou, em sua primeira passagem pela empresa, por sete anos, como ajudante, e depois como auxiliar de preparação.

Após saída para tentar a sorte com negócio próprio de eventos, que não deu certo – “não tinha me preparado, entrei sem fazer planejamento”, – e breves passagens em outras indústrias, voltou, em 1989, para a mesma companhia, onde está até hoje.

Marques afirma que nunca sofreu preconceito no trabalho. “Não tenho do que reclamar”, afirmou. Durante sua trajetória na Alumbra, concluiu os estudos, fez faculdade de Logística e se aperfeiçoou. Subiu, gradualmente, na carreira, até chegar a gestor de almoxarifado. E ele soube passar a importância dos estudos para os filhos. É pai de um casal: uma moça de 24 anos formada em Fisioterapia e um jovem de 17 anos, que está concluindo o Ensino Médio e quer fazer Engenharia.

O estudo do Seade/Dieese mostra que negros da região que têm curso superior têm elevada taxa de participação no mercado de trabalho (percentual dos que estão empregados ou em busca de colocação), de 92,7%. É mais do que não negros com mesmo nível de escolaridade (86,8%).

Por Leone Farias - Diário do Grande ABC
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