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DATA DA PUBLICAÇÃO 07/01/2015 | Economia
Trabalhador da Volks decreta greve
Trabalhador da Volks decreta greve Foto: Nario Barbosa/DGABC
Foto: Nario Barbosa/DGABC
Os cerca de 13 mil trabalhadores da unidade Anchieta da Volkswagen, em São Bernardo, sendo 11 mil alocados na produção e 2.000 mensalistas, cruzaram os braços ontem por tempo indeterminado. A greve foi definida após a realização de assembleias pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC durante os três turnos de atividade da montadora. Sob muita euforia e sinais de apoio, a maioria dos funcionários aprovou a paralisação, motivada pelo anúncio da demissão de 800 profissionais. Diante do cenário, o ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, contatou a montadora alemã e a entidade. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), determinou que o secretário estadual do Trabalho e Renda, João Dado, procure hoje a direção da companhia.

Os 800 profissionais foram convocados por meio de telegramas, aos quais o Diário teve acesso e antecipou seu conteúdo na edição de ontem. A correspondência dizia que a montadora tinha necessidade de “início imediato de ações de adequação de efetivo” e pedia que os funcionários se dirigissem a sala específica e que não era preciso comparecer ao local de trabalho. Na prática, segundo relatos de pessoas que integram esse grupo, as catracas estavam bloqueadas para eles, que foram escoltados por seguranças da companhia e não podiam ir a outro lugar. Esses profissionais foram informados que terão licença remunerada de 30 dias, e intimados a retornar no dia 5 de fevereiro com a carteira de trabalho em mãos.

Durante as assembleias, o sindicato orientou que eles não assinassem nenhuma carta de demissão. E ponderou que a parada será feita com os trabalhadores dentro da montadora. “A greve é interna e a cada dia pode mudar. Portanto, não é uma greve para prolongar as férias de fim de ano. É uma greve em que cada um tem o comprometimento de vir aqui no seu horário de trabalho e receber os encaminhamentos do sindicato”, avisou ao microfone o secretário-geral da entidade Wagner Santana, o Wagnão. “Aos que não têm carteirinha vamos pedir a liberação das catracas para que todos os companheiros entrem na fábrica”, complementou. Por dia parada, a companhia deixa de produzir 1.350 carros, estima Wagnão, com base nos números de dezembro.

A última paralisação realizada como forma de protesto a demissões na Volkswagen aconteceu em setembro de 2006, quando havia a ameaça de cortar 1.800 trabalhadores.

INTERMEDIAÇÃO - Diante do anúncio das 800 dispensas, o ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, entrou em contato tanto com a montadora quanto com o sindicato e se colocou à disposição para auxiliar na mediação de possível acordo.

“Achei muito boa a conversa. A Volks se demonstrou aberta ao diálogo”, avaliou Dias ao Diário. “Senti que existe disposição para colaborar com esse impasse (e reverter demissões).” O ministro, no entanto, disse que ainda não foi marcada reunião entre as partes com sua participação e que, por ora, o que o governo pode fazer é a interface para negociação, ao desconsiderar incentivo fiscal ou financeiro.

Wagnão avaliou que o contato foi importante, mas que infelizmente “multinacional não tem pátria” e não se preocupa com os impactos na economia do país em que atua. Empregado da Volkswagen desde 1998 e desde então envolvido com o sindicato, ele afirmou que o que mudou agora, em relação às negociações anteriores com a empresa, foi o atual cenário do segmento automotivo. “Entendemos a situação, que houve uma grande mudança, que nos últimos anos a demanda por veículos e a produção cresceram muito, mas, com isso, também aumentou o número de concorrentes. O consumidor passou a ter acesso a gama maior de opções e nos tornamos vítimas dessa concorrência. O problema foi a decisão unilateral da fábrica, que a partir da rejeição da proposta apresentada aos trabalhadores não fez nenhum outro contato e anunciou as demissões.”

Faziam parte da proposta o congelamento dos salários em 2015, o reajuste inferior à inflação para 2016 e a oferta de abonos nos dois anos. Como contrapartida, a montadora traria novos projetos de veículos para a fábrica até 2018 e não dispensaria em massa. É previsto, inclusive, em convenção coletiva, que até 2016 haja estabilidade no emprego.

O sindicalista disse que a entidade chegou a sugerir à Volks, sem sucesso, a redução da jornada de trabalho semanal para quatro dias, mecanismo que foi adotado por cerca de três anos na década de 1990 para contornar crise do período – marcado pela abertura do mercado brasileiro às importações e ao início das terceirizações. “Demissão custa muito caro. E essa é uma forma de substituição a ela. Não seria preciso reduzir os salários, mas ao diminuir a produção, o benefício à empresa seria pagar menos PLR (Participação nos Lucros e Resultados).”

Em comunicado, a Volks assinalou que o cenário de retração da indústria automobilística no País nos últimos dois anos e o aumento da concorrência impactaram os resultados da empresa e, em especial, da unidade Anchieta. “De janeiro a dezembro, a indústria automotiva brasileira amargou queda em torno de 7% nas vendas e de mais de 40% nas exportações de carros e comerciais leves, comparado com 2013, que resultaram em retração de aproximadamente 15% na produção.” (Colaborou Pedro Souza)

Número de cortes pode chegar a 4.000

Caso a Volkswagen não volte atrás quanto às 800 demissões, o impacto, na prática, será muito maior. Conforme estimativas do secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana, o Wagnão, para cada emprego gerado em montadora, tem-se a criação de três a cinco na cadeia automotiva. Com os cortes, o reflexo também atinge os fornecedores na mesma proporção, ou seja, o volume de desempregados pode chegar a 4.000.

Isso sem contar a possibilidade de mais dispensas sinalizadas pela Volkswagen. “Continua urgente a necessidade de adequação de efetivo e otimização de custos para melhorar as condições de competitividade da Anchieta, motivo pelo qual a empresa inicia sua primeira etapa de adequação de efetivo”, avisa a empresa. Em outras palavras, devido ao excedente total de 2.300 trabalhadores reconhecido pela montadora, sendo 200 em condição de aposentadoria, há chances de o volume de cortes ser maior.

Por Soraia Abreu Pedrozo - Diário do Grande ABC
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