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DATA DA PUBLICAÇÃO 19/11/2013 | Setecidades
Total de homicídios de negros supera o de brancos no ABCD
Números absolutos de negros assassinados são maiores, apesar de brancos serem maioria

Se a exposição da população, tanto no ABCD como em todo o Estado, à morte violenta é grande, ser negro representa pertencer a um grupo de altíssimo risco. Dados do Censo 2010, do IBGE, apontam que nos cinco municípios da Região com mais de 100 mil habitantes – Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema e Mauá –, o total de homicídios entre negros supera o da população branca, mesmo os brancos sendo maioria nas cidades.

Em 2010, 88 jovens negros foram assassinados nos cinco municípios, contra 73 jovens brancos entre 15 e 20 anos. Dos 355 homicídios praticados em 2010 na Região, 202 foram contra pessoas negras e 149 contra pessoas brancas. De acordo com o movimento negro e também com as pesquisas que mapeiam a violência no País, a violência policial é o grande inimigo da população negra.

Para Carlos Wellington, de São Bernardo e militante do movimento negro, a polícia, tanto a militar quanto a civil, é racista. “Já aconteceu de eu estar indo visitar uma amiga em um bairro de classe média, à luz do dia, e uma viatura me parar porque eu estava caminhando por ali. Eu digo que me param porque sou negro. Ouvi de um policial que sou muito nervoso para morar no Brasil.”

ALVOS

O militante nunca sofreu violência física isolada pelo fato de ser negro, mas afirma que em manifestações, por exemplo, os negros são os alvos preferenciais dos policiais. “É o racismo que não é racista, porque o sujeito acredita que não é racista, embora pare um negro na rua sem que exista nenhuma razão para fazer isso. Existem pesquisas que afirmam que 90% da população repudiam o preconceito de raça. Eu fico me perguntando de onde vem tanta descriminação então.”

O coordenador do GT (Grupo de Trabalho) de Igualdade Racial do Consórcio Intermunicipal, Leon Padial, explica que o Estado começa a reconhecer o genocídio da população negra. “Na Conferência Nacional de Raça, em Brasília, neste ano, ouvimos pela primeira vez um chefe de Estado falar em genocídio da população negra. A presidente Dilma Rousseff apontou como prioridade resolver a violência contra os negros, em especial os mais jovens.”

O coordenador aponta para a campanha pela desmilitarização da PM como bandeira do movimento negro. “A polícia no Brasil surgiu para caçar negro fugitivo. Houve um tempo em que 20% do orçamento dos estados iam para isso. É a institucionalização do racismo. Sem outra concepção de polícia, será impossível acabar com a execução de negros.”

Na Região, 35,1% são pretos e pardos

Ao todo, o ABCD tinha 896.064 pessoas que se declararam pretas e pardas (classificações adotadas pelo IBGE e que, juntas, compõem a etnia negra) em 2010, o que representa 35,1% do total da população. Em 2000, esse número era de 24,7%, crescimento, portanto, de 10,4 pontos percentuais (240 mil pessoas).

No ABCD, a cidade que possui percentualmente a maior concentração de negros é Rio Grande da Serra, com 52,1%, seguida por Diadema, com 49,6%.

DESIGUALDADE

O aumento da população negra não representa diretamente uma evolução no fosso de desigualdade social. Apenas 0,2% da população negra da Região ganha entre 5 e 10 salários mínimos (de R$ 2.725 a R$ 5.450) por mês, enquanto 23,9% (215 mil pessoas) têm como renda mensal apenas um salário mínimo.

Por Carol Scorce - ABCD Maior
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