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DATA DA PUBLICAÇÃO 12/09/2012 | Tecnologia
Tela Retina é a responsável pelo melhor e pelo pior do novo MacBook Pro
Tela Retina é a responsável pelo melhor e pelo pior do novo MacBook Pro Phil Schiller, vice-presidente sênior de marketing de produto da Apple, mostra o novo MacBook Pro durante o Worldwide Developers Conference, evento voltado a desenvolvedores
Phil Schiller, vice-presidente sênior de marketing de produto da Apple, mostra o novo MacBook Pro durante o Worldwide Developers Conference, evento voltado a desenvolvedores
Há pouco mais de dois anos, a Apple lançou o iPhone 4. Um de seus principais atrativos era a tela, com uma resolução muito alta para o seu tamanho: 960 x 640 pixels em 3,5 polegadas, uma densidade de 326 ppp (pixels por polegada).

Desde então, a empresa chama de Retina suas telas com alta densidade de pixels, alta a ponto de, teoricamente, os olhos não conseguirem distinguir os pixels individuais a uma distância normal de uso.

Depois do iPhone, o iPod e o iPad ganharam telas Retina. Agora é a vez do MacBook.

Com a Retina, o MacBook Pro, que sem ela já era um dos melhores laptops do mercado, fica um patamar acima dos outros no quesito imagem. Nenhum outro notebook apresenta uma tela tão nítida.

São 15,4 polegadas e resolução de 2.880 x 1.800 pixels, ou uma densidade de aproximadamente 221 ppp. Em sua categoria, a tela do MacBook Pro não tem concorrentes.

Para ter uma ideia melhor, veja abaixo os dados de boas telas de diversas categorias. Usei a calculadora em members.ping.de/~sven/dpi.html para os números de densidade.

Dessa lista, apenas as telas dos três últimos aparelhos têm densidade de pixels mais alta do que a Retina do MacBook Pro. As três são relativamente pequenas. Isso ilustra, ainda que de maneira algo precária, o cenário atual das telas em produtos voltadas ao consumidor final: alta densidade de pixels é algo que, por enquanto, encontra-se mais em aparelhos menores, como celulares e tablets.

Um cenário que, diga-se, foi em grande parte determinado pela Apple. O número de telas com alta resolução aumentou apenas após o lançamento do iPhone 4, em 2010, e, mais de dois anos depois, os aparelhos da Apple continuam a ser os melhores nesse quesito.

O mesmo deve se repetir na categoria de laptops. A Apple largou na frente, e os concorrentes provavelmente demorarão para alcançá-la se conseguirem.

EFEITOS

Os efeitos de uma tela Retina são conhecidos por quem já usou os últimos modelos de iPhone e iPad: imagem maravilhosamente nítida, com pixels praticamente indistinguíveis a olho nu. Linhas, bordas e contornos ficam limpos, lisos, quase sem serrilhados. Fotos aparecem mais detalhadas, mostrando informações que não são visíveis quando exibida em uma tela comum.

É mais uma experiência difícil de expressar com palavras, e também por meio de fotos ou vídeos, já que eles seriam, em grande parte, visualizados em telas medíocres. Por isso, recomendo a qualquer um interessado no MacBook Pro com Retina: visite uma loja para vê-lo ao vivo. Passe um tempo com ele. Teste outro modelo. Será fácil ver a diferença.

Aliás, usar outros laptops depois de testar o MacBook Pro com Retina é uma experiência desanimadora. Meu computador principal é um desktop com monitor de 24 polegadas e resolução de 1.920 x 1.200 pixels, ridículos 94,34 ppp. Usá-lo depois de algum tempo com uma tela Retina causa certo lamento, mas não é de todo ruim, o tamanho do monitor e o espaço da área de trabalho compensam a menor densidade de pixels, até porque (ainda?) priorizo aqueles sobre este. Experimentar um laptop, porém, é muito triste, como sua tela é reduzida, ele não tem características que possam compensar a menor nitidez das imagens.

Por isso, vejo a Retina como um avanço ainda mais significativo para quem usa como computador principal um notebook sem monitor externo.

Para usuários de monitor externo, o MacBook Pro com Retina representa um dilema: conectar o laptop a uma tela maior significa diminuir a densidade de pixels e, consequentemente, enxergar imagens menos nítidas. Será que vale a pena gastar tanto em um notebook com tela fantástica para usá-lo ligado a um monitor com tela medíocre?

A resposta depende dos costumes e das preferências de cada um, lógico, mas é possível concluir que a falta de monitores externos com alta densidade de pixels no mercado faz do MacBook Pro um negócio melhor para quem não os usa do que para quem faz questão deles.

ALÉM DA RESOLUÇÃO

A tela Retina do MacBook Pro apresenta outras boas novidades além da alta resolução: uso de painel IPS e ausência de uma camada de vidro.

A maioria dos laptops tem tela TN, um tipo de painel de LCD mais barato e de menor qualidade cuja maior vantagem é, geralmente, o curto tempo de resposta, sendo, por isso, o preferido de muitos gamers. Seu ângulo de visão costuma ser muito limitado, quando a tela não é visualizada perpendicularmente, as imagens aparecem distorcidas com cores alteradas. O painel IPS apresenta maior ângulo de visão e melhor reprodução de cores. Atualmente, é comum em dispositivos móveis (celulares e tablets) e em monitores para PC mais sofisticados, mas ainda relativamente pouco presente no mercado de notebooks.

Com um painel IPS, o MacBook Pro apresenta bom ângulo de visão, com aceitável distorção nas imagens quando a tela é vista a partir de ângulos mais extremos.

A ausência de uma camada de vidro em frente à tela diminui sensivelmente a intensidade de reflexo emitida por sua superfície. E isso é uma boa notícia não apenas para fãs de monitores com acabamento brilhante (glossy), mas para qualquer um que compre o MacBook Pro com Retina, incluindo quem prefere superfície fosca (matte), pois a Apple simplesmente não oferece essa opção de acabamento. (Para o MacBook Pro sem Retina, a superfície fosca continua disponível.)

É uma pena. Embora a tela Retina do MacBook Pro tenha menos reflexos do que outras de acabamento brilhante, uma superfície fosca ainda é a melhor solução para quem deseja um visual com menos distrações e uma imagem melhor sob a luz do sol.

DEFEITOS

A tela Retina não traz só maravilhas. Há pelo menos dois problemas relacionados ao desempenho --não ao que ele oferece, mas ao que ele exige.

Para ela exibir imagens nítidas e com transições fluidas, é necessário ter conteúdo e poder de processamento à altura. Mas há carências nos dois quesitos.

Em conteúdo, faltam aplicativos e sites adaptados para a alta densidade de pixels. Com isso, muitas imagens são exibidas com visual borrado ou embaçado.

O hardware atual, embora algo potente, não é capaz de oferecer uma experiência fluida e uniforme. Tarefas que exigem processamento gráfico intenso, como executar um game de última geração, usar zoom ou mesmo rolar uma página da web mais pesada, não raro provocam engasgos.

É muito frustrante ver limitações desse tipo em uma máquina tão cara e sofisticada, o melhor computador já feito pela Apple, segundo Jony Ive, vice-presidente sênior de design da empresa.

Apesar dos problemas, o desempenho geral do MacBook Pro com Retina é bom, principalmente em tarefas que não demandam muito processamento gráfico. Mas essas falhas, que em equipamentos mais baratos e modestos seriam toleráveis, ganham uma dimensão maior em uma máquina desse porte. E chegam a incomodar bastante.

Usufruir de toda a capacidade oferecida pela tela Retina é algo que ainda vai levar tempo, principalmente na web, um ambiente vasto e no qual há a preocupação em utilizar elementos que não demoram em ser carregados.

De qualquer maneira, alguém precisa dar o primeiro passo, e novamente a Apple larga na frente da concorrência.

MAIS HARDWARE

O MacBook Pro com Retina apresenta uma construção extremamente sólida e resistente. A tampa da tela é firme, diferente, por exemplo, da do MacBook Air, que é muito flexível. O corpo todo não aparenta ter pontos frágeis que comprometam.

O teclado retroiluminado é semelhante ao dos outros modelos de MacBook Pro, ou seja, segue o estilo conhecido como "chiclet" ou "island", que inclui teclas rasas (com pouco deslocamento) e de superfícies planas. Embora não seja fã desse design, prefiro teclas mais altas, com mais deslocamento, e de superfícies curvadas, estou acostumado com ele, mas isso não evitou uma sensação de estranhamento ao digitar no MacBook Pro com Retina. Suas teclas parecem ainda mais rasas do que as dos outros laptops da Apple, o que me incomodou bastante nos primeiros dias de uso. Quem é fã de teclado "chiclet" não deve enfrentar grandes dificuldades para se adaptar.

O touchpad não apresenta surpresas, continua a ser o melhor do mercado, disparado. Grande, espaçoso e com ótima sensibilidade, é mais uma demonstração de como a Apple entende e sabe usar tecnologias de toque. O software também ajuda, claro. Usar o touchpad do MacBook Pro no OS X é mais prazeroso do que no Windows. Mas a Apple é tão boa nessa área que, mesmo no sistema da Microsoft, o touchpad do MacBook Pro parece funcionar melhor do que o de laptops de outras marcas.

Um problema que deve desagradar principalmente a usuários mais avançados, exatamente o público-alvo do MacBook Pro com Retina, é a dificuldade de fazer atualização (upgrade) das peças de hardware por conta própria.

O acesso ao interior do laptop é difícil, por causa dos parafusos não convencionais. A memória soldada e a bateria colada praticamente impossibilitam a troca desses componentes. Por fim, a unidade de armazenamento usa um formato proprietário.

Portanto, se você for comprar um MacBook Pro com Retina, deverá escolher a melhor configuração que seu bolso permitir.

O laptop oferece duas portas Thunderbolt, duas USB 3.0, uma HDMI e um leitor de cartão de memória. A ausência de drive óptico e de alguns conectores, como Ethernet (rede) e FireWire, também pode incomodar alguns, mas é compreensível. Eles são cada vez menos usados, e eliminar recursos que estão ficando ultrapassados é uma prática comum da Apple.

Ainda assim, incomoda-me a falta de porta Ethernet, pois a conexão com fio ainda fornece, na maior parte das vezes, uma transmissão de dados mais rápida e mais confiável do que a sem fio. Sem contar as situações que exigem uma entrada Ethernet --já passei apuro durante viagem a trabalho porque o hotel só fornecia conexão com fio, e eu estava com um MacBook Air.

De qualquer maneira, para usar esses recursos, é possível recorrer a periféricos. A Apple oferece algumas opções (caras): adaptadores de Thunderbolt para Ethernet e FireWire (R$ 99 cada) e drive óptico USB (R$ 299). Uma vantagem em comprar esses acessórios (ou alternativas mais baratas de outras marcas) é que eles podem ser usados com diferentes aparelhos, assim, eles podem ser compartilhados entre familiares, por exemplo, e continuam a ser úteis mesmo após o computador ser trocado.

O ponto mais fraco do MacBook Pro é seu alto preço, mais um "defeito" causado principalmente pela tela Retina. Por R$ 9.999, você leva 8 Gbytes de memória e 256 Gbytes de armazenamento. E as opções de configuração, como é de praxe em produtos da Apple, são caríssimas, é necessário pagar R$ 700 a mais para levar 16 Gbytes de memória e R$ 1.750 para ter 512 Gbytes de armazenamento, por exemplo.

Se você procura um computador novo, não usa o Windows com frequência e faz questão de ter o laptop com a melhor tela do mercado, o MacBook Pro com Retina é a opção certa.

Pelo preço e pelos problemas que apresenta, porém, pode valer mais a pena esperar pela próxima geração. Quando ela for lançada, tanto o conteúdo quanto o poder de processamento poderão ter evoluído a ponto de oferecer uma experiência mais completa e satisfatória. O preço também pode cair. Mas atualizar o equipamento provavelmente continuará a ser quase impossível.

Por Emerson Kimura, de São Paulo - Folha Online
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