DATA DA PUBLICAÇÃO 11/04/2010 | Geral
Soterramento em Niterói revela contradições de cidade que tem 3º maior índice de desenvolvimento
Os números de Niterói são de fazer inveja a qualquer capital brasileira. Só para começar, a cidade fluminense ostenta a terceira posição no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) em todo o país (com 0,886), perdendo apenas para os municípios paulistas de São Caetano do Sul (0,919) e Águas de São Pedro (0,908). No Estado do Rio, está em primeiro lugar. O levantamento é feito pela Organização das Nações Unidas (ONU) levando em consideração a qualidade da saúde (expectativa de vida), educação (alfabetização) e renda. A escala de valores do IDH varia de 0 (nenhum desenvolvimento) a 1 (desenvolvimento completo).
Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, ostenta ainda o posto de cidade com maior escolarização do país (9,5 anos de estudo em média para cada cidadão, com taxa de alfabetização de 96,45%). A totalidade de sua área de 131,8 km² dispõe de água tratada e 90% da população tem acesso a rede de esgoto, enquanto a média do Brasil é inferior a 20%. A mortalidade infantil é de 13 por mil habitantes - no Rio, é 17,2 por mil habitantes - e renda per capita atinge R$ 809,18, a maior do Estado.
A expectativa de vida do niteroiense é de 68 anos, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). E os bons números não param por aí. Niterói é a 12ª entre as cem melhores cidades brasileiras para negócios, é a primeira em inclusão digital no Estado, e também está no topo entre os municípios do Rio de Janeiro em qualificação de mão de obra.
Tanta qualidade de vida transformou os 471.403 niteroienses (de acordo com o censo de 2004 do IBGE) num povo com orgulho de morar na cidade. Só que a avalanche de terra que desceu com a chuva dos últimos dias nas comunidades carentes da cidade, deixando até as 22h30 de sexta-feira (9) 132 mortos, ruiu com o orgulho do morador de Niterói.
Morador de Itaipu, na região oceânica de Niterói, o dentista Marcos Fernandes, de 32 anos, desabafou ao R7 que o orgulho com a qualidade de vida da cidade foi deixado de lado neste momento difícil.
- O clima é de tristeza geral. Ninguém está preocupado nesse momento com o orgulho de Niterói. Todos estão mobilizados para ajudar nessa catástrofe. Eu mesmo já doei roupas e objetos de higiene pessoal. Mas, com certeza, Niterói vai sair dessa e se reerguer.
A professora de inglês Marister Matta, de 55 anos, que mora em Icaraí, na zona sul, disse ao R7 que também acredita na breve recuperação da cidade.
- Todos estão muito tristes. Abalados mesmo. Estamos com medo de arrastões e mais deslizamentos. Mas Niterói continua uma cidade muito boa para se morar. Quem vive aqui, não sai. Acredito que vai se recuperar muito rápido e voltar a ser nossa Niterói sossegada de antes.
Irmã da atriz Sonia Braga - que nesta sexta-feira (9) ajudou a recolher doações na cidade -, Maria Braga reconhece que o niteroiense está cabisbaixo.
- Mas a culpa não é dele. É dos administradores da cidade. A negligência foi grande. O orgulho do morador daqui vai voltar. Niterói é uma cidade muito gostosa de se viver. Mas essa qualidade de vida está presente só em alguns pontos. Não é em toda a cidade.
O fundador da Associação dos Moradores de Itacoatiara, Wagner Lopes, concorda com Maria sobre a tão falada qualidade de vida niteroiense.
- Independente da tragédia, essa qualidade de vida toda não é uma realidade. O sistema de transporte é caótico. A educação é caótica. Esses números são só para inglês ver. Só uma minoria tem acesso a esses índices.
Márcia Oliveira Moraes, professora de psicologia da UFF (Universidade Federal Fluminense), afirmou que o niteroiense vai demorar a se recuperar dos efeitos da tragédia.
- O orgulho está ferido e afeta todos os moradores da cidade. E não vai ser fácil recuperar não. A cidade está parada há uma semana. Está toda tomada por lama. Talvez esses números de qualidade de vida não sejam essa maravilha toda que falam. E espanta muito o descaso do poder público. Onde estava o mapa de risco elaborado pela UFF que não foi colocado em prática?
Diante de tanta tragédia, o governo federal liberou, em caráter emergencial, R$ 35 milhões para a recuperação da cidade. Resta saber se a quantia será empregada corretamente para tirar todos os moradores de áreas de risco de Niterói.
Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, ostenta ainda o posto de cidade com maior escolarização do país (9,5 anos de estudo em média para cada cidadão, com taxa de alfabetização de 96,45%). A totalidade de sua área de 131,8 km² dispõe de água tratada e 90% da população tem acesso a rede de esgoto, enquanto a média do Brasil é inferior a 20%. A mortalidade infantil é de 13 por mil habitantes - no Rio, é 17,2 por mil habitantes - e renda per capita atinge R$ 809,18, a maior do Estado.
A expectativa de vida do niteroiense é de 68 anos, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). E os bons números não param por aí. Niterói é a 12ª entre as cem melhores cidades brasileiras para negócios, é a primeira em inclusão digital no Estado, e também está no topo entre os municípios do Rio de Janeiro em qualificação de mão de obra.
Tanta qualidade de vida transformou os 471.403 niteroienses (de acordo com o censo de 2004 do IBGE) num povo com orgulho de morar na cidade. Só que a avalanche de terra que desceu com a chuva dos últimos dias nas comunidades carentes da cidade, deixando até as 22h30 de sexta-feira (9) 132 mortos, ruiu com o orgulho do morador de Niterói.
Morador de Itaipu, na região oceânica de Niterói, o dentista Marcos Fernandes, de 32 anos, desabafou ao R7 que o orgulho com a qualidade de vida da cidade foi deixado de lado neste momento difícil.
- O clima é de tristeza geral. Ninguém está preocupado nesse momento com o orgulho de Niterói. Todos estão mobilizados para ajudar nessa catástrofe. Eu mesmo já doei roupas e objetos de higiene pessoal. Mas, com certeza, Niterói vai sair dessa e se reerguer.
A professora de inglês Marister Matta, de 55 anos, que mora em Icaraí, na zona sul, disse ao R7 que também acredita na breve recuperação da cidade.
- Todos estão muito tristes. Abalados mesmo. Estamos com medo de arrastões e mais deslizamentos. Mas Niterói continua uma cidade muito boa para se morar. Quem vive aqui, não sai. Acredito que vai se recuperar muito rápido e voltar a ser nossa Niterói sossegada de antes.
Irmã da atriz Sonia Braga - que nesta sexta-feira (9) ajudou a recolher doações na cidade -, Maria Braga reconhece que o niteroiense está cabisbaixo.
- Mas a culpa não é dele. É dos administradores da cidade. A negligência foi grande. O orgulho do morador daqui vai voltar. Niterói é uma cidade muito gostosa de se viver. Mas essa qualidade de vida está presente só em alguns pontos. Não é em toda a cidade.
O fundador da Associação dos Moradores de Itacoatiara, Wagner Lopes, concorda com Maria sobre a tão falada qualidade de vida niteroiense.
- Independente da tragédia, essa qualidade de vida toda não é uma realidade. O sistema de transporte é caótico. A educação é caótica. Esses números são só para inglês ver. Só uma minoria tem acesso a esses índices.
Márcia Oliveira Moraes, professora de psicologia da UFF (Universidade Federal Fluminense), afirmou que o niteroiense vai demorar a se recuperar dos efeitos da tragédia.
- O orgulho está ferido e afeta todos os moradores da cidade. E não vai ser fácil recuperar não. A cidade está parada há uma semana. Está toda tomada por lama. Talvez esses números de qualidade de vida não sejam essa maravilha toda que falam. E espanta muito o descaso do poder público. Onde estava o mapa de risco elaborado pela UFF que não foi colocado em prática?
Diante de tanta tragédia, o governo federal liberou, em caráter emergencial, R$ 35 milhões para a recuperação da cidade. Resta saber se a quantia será empregada corretamente para tirar todos os moradores de áreas de risco de Niterói.
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