NOTÍCIA ANTERIOR
Perto de mesquita, hotel de luxo é proibido de servir álcool no Marrocos
PRÓXIMA NOTÍCIA
Rali no deserto
DATA DA PUBLICAÇÃO 17/06/2016 | Turismo
Sonhos de um menino
Era um fim de tarde na Praça 25 de Maio, uma das mais tradicionais de Sucre. Estávamos sentados apreciando o fim de tarde quando um garoto se aproximou. “Não quer engraxar, senhor?”, disse. Agradeci, mas justifiquei que estava de tênis e que não precisaria dos seus serviços. “Tenho um produto para isso”, respondeu prontamente, insistindo em oferecer seus serviços. Fiquei impressionado com a persistência do garoto, que a essa altura já estava sentado na nossa frente para iniciar uma conversa.

“Qual o seu nome?”, perguntei. “Beymar. Assim como Neymar”, respondeu ao perceber que eu era brasileiro. Com uma calça surrada do Real Madrid e um adesivo do The Strongest, time mais popular da Bolívia, começou a contar a sua história. Disse que tinha 10 anos e morava com um irmão mais velho num bairro da periferia de Sucre. Ao ser indagado sobre os pais, responde com firmeza. “Morreram. Dizem que foi num acidente de carro.”

E assim continuou contando sua trajetória, sem não antes se oferecer novamente para dar “um trato” no meu tênis. Beymar disse que trabalha apenas aos fins de semana, já que de segunda a sexta estuda no período da manhã. Lamentou ter que trabalhar na Praça 25 de Maio ao invés do Parque Simon Bolívar, muito mais movimentado, mas que ele não pode ficar por causa dos vigilantes.

Conhecer Beymar me fez refletir sobre a situação da Bolívia. A impressão que tive é que as pessoas trabalham muito por lá, inclusive aos fins de semana. Foi comum ver crianças trabalhando em restaurantes, vendendo balas nas ruas ou nas rodoviárias. É possível avistar até mesmo menores de cinco anos no ofício.

A convivência com Beymar, que tem a idade do meu sobrinho mais velho, mostra a pureza de uma criança que mesmo diante das intempéries da vida em nenhum momento pediu dinheiro, apenas me ofereceu sua força de trabalho. Uma lição de como lidar com as dificuldades.

Depois daquele dia não vi mais Beymar durante minha estadia por Sucre, mas sua imagem ficou na minha cabeça por vários dias. Talvez por pensar que isso não seja algo tão incomum no Brasil, onde as crianças são jogadas na rua muito cedo. A exemplo tivemos Ítalo, da mesma idade que o engraxate boliviano, morto há quase duas semanas em São Paulo.

Por Rogério Santos - Especial para o Diário
Assine nosso Feed RSS
Últimas Notícias Gerais - Clique Aqui
As últimas | Turismo
18/09/2018 | Brasileiros precisarão de autorização de viagem para entrar na Europa a partir de 2021
17/09/2018 | Halloween Horror Nights 2018, do Universal Orlando, já está aberto
31/08/2018 | Campos do Jordão para crianças
As mais lidas de Turismo
Relação não gerada ainda
As mais lidas no Geral
Relação não gerada ainda
Mauá Virtual
O Guia Virtual da Cidade

Todos os direitos reservados - 2024 - Desde 2003 à 7719 dias no ar.