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DATA DA PUBLICAÇÃO 02/12/2014 | Educação
Somente 17% das escolas do Estado têm acessibilidade
Somente 17% das escolas do Estado têm acessibilidade Além das dificuldades de acessibilidade, Michelle precisou superar o despreparo dos professores para conseguir se formar. Foto: Rodrigo Pinto
Além das dificuldades de acessibilidade, Michelle precisou superar o despreparo dos professores para conseguir se formar. Foto: Rodrigo Pinto
Cadeirantes têm estrutura adequada em apenas 57 unidades escolares da Região

Subir um degrau de cada vez rumo ao objetivo profissional pode ser uma tarefa complicada para os portadores de deficiência física. Apenas 17% das escolas estaduais do ABCD têm dependências acessíveis, conforme dados do Censo Escolar de 2013, feito pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira).

Dentre as 339 escolas estaduais da Região, apenas 57 possuem estrutura acessível, enquanto 73 (21,5%) apresentam acessibilidade apenas nos sanitários, para alunos com dificuldade de locomoção. Em Santo André, apenas nove escolas estaduais são adaptadas, o que representa 10% do total.

Michelle Dallavalle Saucedo, 30 anos, tem paralisia cerebral e cursou o Ensino Fundamental em quatro escolas estaduais. Ainda assim, nunca encontrou nada adaptado, sofreu com o despreparo profissional e, apesar de todos os obstáculos, deu a volta por cima.

“No início eu sentia que a professora chorava porque tinha dó de mim, repeti de ano porque decidi parar de pedir explicações. Fiquei na 6ª série até 18 anos, em 2002, e resolvi fazer um ano e meio de supletivo. Mas com 22 anos consegui meu primeiro emprego como auxiliar de administração”, disse.

Superação diária - Os problemas enfrentados na época persistem e são superados diariamente por quem reconhece a importância da educação na formação pessoal e profissional. É o caso de um jovem cadeirante de uma escola estadual de São Bernardo, que preferiu não se identificar, com medo de sofrer represália.

O rapaz já perdeu aulas de informática por não conseguir acessar a sala, come sozinho em uma mesa que a mãe precisou levar para a escola e fica mais de cinco horas sem usar o banheiro, que não é adaptado. Além disso, não faz nenhuma atividade na escola por precisar de um notebook para escrever. “No final do bimestre sobra um monte de lição pra fazer e tenho que ajudar”, contou a mãe do jovem, que também preferiu preservar a identidade.

De acordo com a Secretaria da Educação do Estado existe um plano de trabalho, em parceria com o Ministério Público, que destinará R$ 1 milhão para adequação de todas as escolas do Estado. Apesar disso, a Pasta não especificou prazos.

Inclusão deve ir além de estruturas
O coordenador da Comissão dos Metalúrgicos do ABC com Deficiência, Flávio Henrique de Souza, avalia que a inclusão deve ser feita de forma completa. “Acessibilidade não é só rampa e elevador, é preciso material em braile, software (programa de computador) de voz e professores capacitados”, avaliou.

Tal inclusão não foi encontrada pela dona de casa Valci Rodrigues de Carvalho, 42 anos, que tem dois filhos com problemas cognitivos, o que gerou atraso mental. “Eles vieram da escola estadual, que não tinha nenhuma condição. Tentei colocar na Apae de São Caetano e demorou cerca de cinco anos por eu não ser moradora da cidade”, lamentou.

Escolas municipais são adaptadas
Dentre as escolas municipais da Região, em média, 28% são adaptadas. Em Santo André, 40% das unidades são adaptadas; em São Bernardo, 36%. São Caetano são 25% e Diadema, 17%. Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra não têm escola com estrutura para receber um cadeirante.

O filho da coordenadora de acolhimento Suzana Casimiro Maida de Rezende, 39 anos, encontra a acessibilidade que precisa na Escola Municipal Professor Geraldo Hypólito, no Jardim do Mar, em São Bernardo.

O menino, de oito anos, tem a locomoção comprometida pela síndrome de Dandy Walker, uma doença que, entre outros sintomas, compromete o desenvolvimento motor e interfere na estabilidade e coordenação muscular.

Direito - Entre os direitos garantidos pela Lei da Acessibilidade, está o acesso à educação. Denise Auad, especialista em direito constitucional e professora da Faculdade de Direito de São Bernardo, avalia que há desrespeito por parte das escolas sem acessibilidade e tratamento adequado ao deficiente.

“É responsabilidade do órgão de fiscalização verificar se há acessibilidade e segurança nas escolas, e no caso, seria a Secretaria de Educação a responsável. Quando não houver, a diretora deve fazer um plano, em diálogo com a Associação de Pais e Mestres. Se o problema não for resolvido, a solução seria buscar o Ministério Público ou o Conselho Tutelar”.

Por Jessica Marques - ABCD Maior
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