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DATA DA PUBLICAÇÃO 30/03/2012 | Internacional
''Soldados argentinos voltaram de cabeça baixa após guerra das Malvinas'', diz ex-coronel
Coronel reformado Manuel Dorrego diz que minas terrestres continuam intactas

O coronel argentino reformado Manuel Dorrego, de 81 anos, durante mais de 25 se negou a falar sobre as Malvinas, mas, às vésperas do 30º aniversário da guerra (no dia 2 de abril), quebrou o silêncio para revelar detalhes sobre os campos minados em 1982, que ainda estão praticamente intactos. Ele revelou ainda que não esperava um retorno "tão triste e duro" ao país.

Dorrego ainda guarda na memória o chamado do general Mario Benjamín Menéndez com um pretexto fictício para convocá-lo a uma reunião na qual foi informado do plano da Junta Militar, presidida pelo ditador Leopoldo Galtieri, de invadir as Malvinas, território sob domínio britânico.

Dois dias depois, viajou ao arquipélago como secretário de Obras Públicas do governo provisório, visita que durou apenas dois meses. O militar foi o encarregado de abrir caminho sobre a difícil geografia das ilhas, facilitar o abastecimento de água e de eletricidade e instalar minas terrestres.

Dorrego ainda se lembra de sua surpresa ao descobrir que já existiam campos minados pelos ingleses "em toda a costa" antes mesmo da guerra.

Para plantar um campo minado "é preciso ser muito cuidadoso", explica, e elaborar um detalhado registro sobre a localização, com medições exatas, para garantir a segurança do próprio Exército.

O ex-coronel logo percebeu que a derrota era certa, mas seguiu as instruções e instalou minas terrestres até o último momento em uma tentativa desesperada de frear o avanço britânico.

Estima-se que entre 15 mil e 20 mil minas antipessoais e antitanques foram enterradas nas ilhas.

Após a derrota, Dorrego entregou ao major britânico Roderick Mac Donald os registros dos campos minados e os detalhes necessários para sua remoção.

Durante semanas, "os oficiais e suboficiais argentinos trabalharam removendo as minas com esses registros", afirma. No entanto, os britânicos suspenderam os trabalhos para evitar que a Argentina pudesse invocar convenções militares internacionais, que determinam que o Exército de um país deve remover as minas de seu território.

Dorrego se pergunta por que o Reino Unido negou ter informações sobre as áreas minadas e por que não as desmontou ainda, "privando a população de caminhar livremente".

- Há 30 anos havia detectores de minas.

Ele ainda diz que a manutenção dos campos minados revela a pouca preocupação do governo britânico com as ilhas.

Apesar de suas críticas contra Londres, ele admite que o Exército britânico tratou de forma mais que correta os militares argentinos após a guerra.

Despreparo

Três décadas depois, Dorrego reconhece que nem os comandantes nem os soldados argentinos estavam preparados para a disputa, tampouco para enfrentar as condições das Malvinas, "um lugar inóspito, agressivo".

- Foi uma tentativa mal calculada, mal elaborada, não estávamos devidamente preparados.

Até tal ponto, pois se o bloqueio imposto pelos ingleses sobre as tropas argentinas no final da guerra tivesse durado mais uns dias "teríamos que nos render por inanição".

- Em um momento chegamos a pensar que poderia acontecer isso, mas politicamente não teria sido mais prestigioso para eles.

Apesar da contundente derrota, Dorrego opina que o Exército argentino não esperava uma volta "tão dura e tão triste" a seu país.

- Há um ressentimento por parte dos soldados. Voltaram com a cabeça baixa, ninguém os recebeu aqui, como se fossem pessoas más. Durante muito tempo não tivemos o menor reconhecimento como participantes de uma guerra.

Os 74 dias da guerra, que deixou cerca de 900 mortos, mudaram a vida do ex-coronel, que perdeu seu genro no combate, abandonou o Exército após voltar à Argentina e se dedicou a vender maquinaria agrícola.

Após 30 anos, Dorrego defende uma saída pacífica: a discussão em fóruns internacionais e a busca de fórmulas para compartilhar uma sociedade conjunta com os habitantes das ilhas. No entanto, para chegar a esse ponto, o ex-combatente diz que talvez seja preciso, pelo menos, mais 30 anos.

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Por R7 - Efe
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