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DATA DA PUBLICAÇÃO 01/03/2010 | Informática
Sites abrigam documentos secretos que vazaram na internet
A internet permite que a informação seja disseminada como em nenhum outro meio de comunicação. Como resultado, documentos confidenciais aparecem na rede de forma anônima, vazados por funcionários ou outras pessoas que tiveram acesso. Mas isso não significa que as organizações responsáveis por esses documentos ficam inertes perante a revelação de seus segredos ao público. Elas tentam tirar da rede os arquivos vazados e, muitas vezes, conseguem.

Em resposta, existem na internet sites com o objetivo de proteger o que é vazado contra essas ações, mantendo disponível aquilo que as empresas e governos não querem revelar. Conheça alguns vazamentos notórios e a operação desses sites na coluna Segurança para o PC de hoje.

Se você tem alguma dúvida sobre segurança da informação (antivírus, invasões, cibercrime, roubo de dados etc.), vá até o fim da reportagem e deixe-a na seção de comentários. A coluna responde perguntas deixadas por leitores todas as quartas-feiras.

Wikileaks

O Wikileaks já conseguiu bastante atenção e, há quem diga, mais furos jornalísticos do que grandes jornais, apesar de ter apenas pouco mais de três anos de existência: foi ao ar em dezembro de 2006. É mantido por voluntários que formam a organização Sunshine Press.

Fundado por ativistas anônimos, o site emprega diversas tecnologias para proteger as fontes dos documentos vazados e para manter todos os arquivos no ar. Em uma reportagem do jornal The Guardian, o jornal indicou que o site estaria hospedado em um bunker nuclear. Hoje, o IP do servidor aponta para o PRQ, um provedor de hospedagem sueco conhecido por hospedar o polêmico site de torrents The Pirate Bay, que se envolveu em vários problemas legais.

Também o Wikileaks não escapa de problemas legais. O primeiro caso notório foi quando um banco suíço entrou com uma ação judicial nos Estados Unidos contra empresa que registrou o endereço ‘.org’ do site, já sabendo da impossibilidade de conseguir algo contra o provedor superseguro.

No tribunal, o banco obteve sucesso e o Wikileaks.org deixou de apontar para o endereço do site. Infelizmente para o banco, o caso gerou uma discussão sobre liberdade na internet e os documentos vazados, que davam informações sobre clientes que tinham contas em paraísos fiscais, ganharam ainda mais atenção e se espalharam por toda a internet. O banco desistiu da ação, e o site voltou ao ar.

O site sobrevive com doações e está atualmente off-line, com o intuito de conseguir mais dinheiro (o orçamento anual do site é de US$ 600 mil). Entre os doadores estão organizações como a agência de notícias Associated Press e vários jornais. Muitas reportagens em grandes veículos, incluindo a BBC e o New York Times, foram realizadas com o apoio documentos vazados pelo Wikileaks.

Corrupção e assassinatos no Quênia, violações da convenção de Genebra na prisão norte-americana de Guantánamo, fotos de protestos no Tibete e listas de censura na internet em diversos países, como Austrália e Tailândia, são algumas informações vazadas pelo site.

A página também abrigou os e-mails da candidata derrotada à vice-presidência dos EUA, Sarah Palin, que foram hackeados. Documentos relacionados à Igreja da Cientologia, notória por processar quem hospeda seus textos, estão disponíveis no mesmo espaço. No ano passado, o Wikileaks atraiu polêmica por publicar 600 mil mensagens trocadas durante o 11 de setembro.

Páginas do Wikileaks já foram censuradas na Alemanha e na Austrália. Na China, qualquer página com o termo “wikileaks” é bloqueada, não é possível, por exemplo, realizar uma pesquisa na web com o termo no país.

Cryptome

Na internet desde 1996, o Cryptome, na descrição do próprio site, quer publicar “documentos proibidos por governos de toda a parte do mundo, principalmente material sobre liberdade de expressão, privacidade, criptologia, tecnologias de uso duplo, segurança nacional, inteligência e governança secreta, documentos abertos ou secretos”.

O próprio site admite que não se limita a documentos desse tipo. De fato, muitos documentos pertencentes a empresas, e não a governos são publicados. Foi o que ocorreu na semana passada, por exemplo, quando o site atraiu a atenção da Microsoft por abrigar um guia da empresa destinado à policiais que estão investigando crimes envolvendo os serviços on-line Xbox Live, Messenger, Hotmail, Messenger e Spaces.

Além da Microsoft, a AOL, o Skype, o Facebook, a Comcast, o Paypal e o Yahoo também tiveram seus manuais policiais vazados. Nem o serviço postal dos Estados Unidos escapou. Esses manuais foram criados em resposta à lei norte-americana conhecida como CALEA e, para os criadores do site, os usuários têm direito de saber o que é retido sobre seus hábitos de navegação.

O site já publicou fotos de possíveis agentes secretos e de soldados mortos no Iraque. Neste fim de semana, publicou fotos no terremoto no Chile. Em 2007, o site foi expulso da Verio, provedor que o mantinha no ar, sem um motivo específico, embora acredite-se que tenha relação com o conteúdo disponibilizado, o responsável pela página afirma já ter sido visitado por agentes do FBI.

Para obter fundos, o site está vendendo por US$ 25 a coleção completa de arquivos já divulgados. São dois DVDs contendo cerca de 50 mil arquivos em 8GB, e o preço está com o frete incluso para qualquer parte do mundo.

Vazamentos
Os vazamentos normalmente ocorrem porque funcionários ou pessoas que tiveram acesso aos dados acreditam que o público deve ter conhecimento daquela informação. Raramente a fonte é o hacking, embora seja em alguns casos, como no dos e-mails da Sarah Palin.

O Wikileaks e o Cryptome verificam os dados para atestar sua veracidade ou, pelo menos, sua coerência, e então os publicam, dando proteção à fonte e visibilidade à informação. É fácil vazar documentos pela internet, e esses sites encorajam e defendem a prática, quando ela visa ao interesse público.

“A coragem é contagiosa”, diz a página de envio de documentos do Wikileaks. Nessa página, o site faz uso de tecnologias de criptografia para garantir que não seja possível rastrear a fonte de qualquer documento enviado ao site, por exemplo. Até hoje, nenhuma fonte do Wikileaks foi descoberta por informações colhidas ou vazadas do próprio site.

Mas também há casos em que os próprios documentos liberados pelas organizações vazam informações. Em 2007, a Federação Internacional do Automóvel (FIA) liberou documentos com trechos escondidos (fundo preto). No entanto, o texto não foi apagado antes de ser disponibilizado digitalmente. Como resultado, foi possível selecionar o texto para fazê-lo aparecer.

No final do ano passado, a Administração da Segurança de Transportes (TSA), órgão do governo norte-americano, cometeu exatamente o mesmo erro em um documento sobre os procedimentos adotados em aeroportos. Depois que o erro foi corrigido, o documento PDF com informações “vazadas” ainda estava disponível, no site Cryptome.

Em muitos casos, os textos disponibilizados tratam de questões importantes para cidadãos de um país ou de várias nações. Muitas discussões realizadas por líderes a portas fechadas acabam ganhando visibilidade na internet, o que aumenta a transparência do processo. O blog Secrecy News é especializado em cobrir eventos onde a transparência deixa a desejar.

* Altieres Rohr é especialista em segurança de computadores e, nesta coluna, vai responder dúvidas, explicar conceitos e dar dicas e esclarecimentos sobre antivírus, firewalls, crimes virtuais, proteção de dados e outros. Ele criou e edita o Linha Defensiva, site e fórum de segurança que oferece um serviço gratuito de remoção de pragas digitais, entre outras atividades. Na coluna “Segurança para o PC”, o especialista também vai tirar dúvidas deixadas pelos leitores na seção de comentários. Acompanhe também o Twitter da coluna, na página http://twitter.com/g1seguranca.

Por Altieres Rohr* - Especial para o G1
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