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DATA DA PUBLICAÇÃO 19/09/2016 | Economia
Site aposta no compartilhamento de imóveis e barcos
Quem nunca desejou ter uma casa na praia, para passar fins de semana e feriados, ou um barco para chamar de seu e desbravar a costa litorânea em passeio para apreciar o pôr do sol em alto estilo? Muita gente, provavelmente, já cogitou essas possibilidades, mas, em seguida, pôs os pés no chão e considerou o preço, o que fez com que tudo permanecesse no campo dos sonhos. Pensando nisso, e no momento de crise econômica, o empresário Marcos Nieto decidiu apostar em negócio, sediado em São Caetano, voltado ao compartilhamento de bens.

Trata-se do Quero Compartilhar, site por meio do qual é possível vender, comprar ou alugar cotas do imóvel de veraneio ou embarcação. Dessa forma, as despesas são divididas em partes iguais, e o uso da propriedade é programado. “É como se fosse um hotel, só que mais barato, com mais vantagens, espaço e conforto. E com a garantia de ter o imóvel para a família toda uma vez por mês”, afirma Nieto.

“Geralmente, os proprietários não conseguem ir todos os fins de semana para a casa na praia, por exemplo. E a manutenção, se feita sozinho, é cara, com condomínio e IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano). Com a divisão, funciona bem porque os gastos são partilhados. Então, o custo de R$ 2.000, rateado em quatro pessoas, cai para R$ 500 para cada um. Incluindo outras taxas, passa a R$ 875 mensais. Para ficar em um hotel, de sexta a domingo, considerando só duas pessoas, gasta-se em torno de R$ 1.200”, compara.

Embora a empresa tenha saído do papel em março deste ano, a ideia surgiu há bastante tempo, de experiência própria, quando Nieto dividia, com amigos, imóvel na praia e embarcação. “Tudo começou com o fato de eu ter uma casa, em Ubatuba (Litoral), mas quase ninguém da minha família ir para lá porque diziam que estavam ‘enjoados’ do imóvel. Então, alugamos uma mansão na Barra do Una por R$ 8.000 por mês, mas que, divididos entre quatro amigos, caía para R$ 2.000. Também partilhávamos um barco. Só que, com o tempo, começaram a aparecer coisas quebradas, e ninguém sabia dizer quem foi. Um dia, a âncora desapareceu. Ou seja, deu muita confusão. Por isso pensei que uma gestão profissional de ambos seria a solução, pois existe um contrato que responsabiliza o último que usou, já que é feita fiscalização antes e depois de a pessoa usar o bem”, explica.

VANTAGENS - Com a profissionalização da gestão do bem, é feita análise, isenta, sobre o que aconteceu com o item danificado. Foi mau uso ou desgaste? Por exemplo, no caso da âncora que sumiu, foi considerado mau uso, então quem a perdeu terá de pagar por outra nova. Agora, se o motor quebrou, foi desgaste, então a manutenção será dividida entre todos. O mesmo vale para uma banheira de hidromassagem, dependendo do fato de ela ter sido ligada na tomada errada ou se o tempo a desgastou.

No contrato, que dura pelo menos um ano, também constam as regras de uso do bem. Questão frequente é se, quando chegar o fim de semana do cotista, e ele não puder ir, se pode emprestar a casa para outra pessoa. Isso fica a critério do grupo. Outro ponto comum é tomar nota do relógio de energia no check out, já que um usuário pode levar convidados e consumir muito em seu fim de semana, enquanto outro vai apenas com a mulher. Assim, a divisão da conta de luz é mais justa. “Com tudo no contrato e reconhecido em cartório, não necessariamente os compartilhadores precisam se conhecer. Basta seguir as regras”, afirma Nieto, que também é advogado.

Caso não seja feito o pagamento no mês, o dono do imóvel pode acionar o cotista na Justiça. “Se ele alugar a unidade para uma pessoa e não receber, seu prejuízo é de 100%. Para quatro, o risco é espalhado, e cai para 25%.” O empresário destaca que quem anuncia não precisa necessariamente abrir mão do bem. Pode adquirir uma cota e continuar utilizando-o uma vez por mês.

Na avaliação de Mafalda Pinto de Almeida, diretora da Quero Compartilhar, é preciso romper com costumes e dividir o tijolo. “As pessoas devem pensar no custo-benefício e praticar o desapego e o compartilhamento. Lá fora é muito comum isso. E aqui temos visto isso com o uber, o ubertcóptero e com vestidos de festa”, afirma. O perfil do compartilhador, segundo ela, é diferente daquele que aluga por temporada. “Ele preza pela continuidade e pela manutenção do bem, para poder usar sempre.”

Ela exemplifica que um apartamento na Praia Grande que custe R$ 100 mil sai por R$ 25 mil divididos em quatro pessoas. “É a realização do sonho da casa própria na praia. E com a casa sempre em ordem.” O serviço de limpeza, no entanto, não está incluído, mas pode ser coordenado pela empresa. Quem acredita que corre o risco de enjoar, e prefere não comprar, pode, a cada ano, locar imóvel em destino diferente, sugere Mafalda.

O Quero Compartilhar reúne cerca de 629 imóveis em Santos, Guarujá, Praia Grande, São Sebastião, Riviera de São Lourenço, Campos do Jordão e Rio de Janeiro, lista Vitor Anselmo, responsável pela prospecção dos bens. Quanto às embarcações, há 72.

PROJEÇÃO - Mafalda estima que o potencial do negócio é enorme, e espera encerrar o ano faturando R$ 250 mil (sendo R$ 150 mil com vendas e R$ 100 mil com locação) – exatamente o que foi investido para iniciar o projeto – e com 100 clientes.

Hoje, o site trabalha com cinco funcionários e tem três barcos e três imóveis compartilhados. Mas, conforme o aumento da demanda pelo serviço, deve crescer o número de empregados, garante a diretora. “Em um condomínio de 300 casas de veraneio no Litoral, por exemplo, apenas 20 são ocupadas com frequência. Com o compartilhamento, cerca de 250 estariam sendo movimentadas. Estamos apostando em palestras, divulgação em redes sociais e contato com imobiliárias e estaleiros. E vamos buscar parcerias com bancos para oferecer financiamentos coletivos. Para as instituições também é vantajoso, já que o risco é diluído. Vamos revolucionar o turismo regional.”

Em transações comuns, ela afirma que a imobiliária ganha em torno de 6% do valor, geralmente. A Quero Compartilhar cobra o mesmo percentual e, por conta da parceria, divide o montante com a empresa.

Para locação de imóvel, a taxa do site varia de R$ 500 a R$ 1.500 por mês, ou seja, a partir de R$ 125 por pessoa. No caso de embarcação, oscila entre R$ 1.000 e R$ 5.000.

Médico preferiu dividir embarcação para ter acesso a modelo mais potente

Um barco novo e pequeno custa em torno de R$ 350 mil, enquanto que, com o mesmo valor, em quatro pessoas, é possível conseguir um usado, de grande porte, cujo valor é de R$ 1,4 milhão, argumenta o diretor da Quero Compartilhar, Marcos Nieto. A proposta conquistou o médico Walfredo Brandão, de São Caetano. Ele tinha um barco pequeno em São Vicente e decidiu fazer um upgrade com dois amigos. Para isso, teria de disponibilizar R$ 270 mil, o mesmo valor de sua embarcação. Considerando os gastos com manutenção, salário do marinheiro e gestão profissional, caso ele adquirisse sozinho, seriam R$ 9.000 mensais, mas ele desembolsa R$ 3.000. “O melhor de tudo é a autonomia que tenho com o barco grande. Posso viajar com ele. Eu não conseguiria isso se tivesse que arcar com os gastos sozinhos”, afirma.

Brandão é adepto ao uso compartilhado há três anos, mas, quando soube da Quero Compartilhar, contratou os serviços de gestão da empresa, que faz a revisão do barco, como a troca de óleo, e fiscaliza a embarcação a cada uso. “Não temos com o que nos preocupar. Tudo ficou mais fácil. Agora é só aproveitar”, diz o médico.

A diretora Mafalda Pinto de Almeida conta que, no caso das embarcações, é possível dividir lancha, veleiro e moto aquática. “Temos moto aquática de R$ 50 mil que, em cinco cotas, sai por R$ 10 mil para cada pessoa.”

Por Soraia Abreu Pedrozo - Diário do Grande ABC
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