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DATA DA PUBLICAÇÃO 21/12/2016 | Informática
Será o Facebook capaz de vencer a 'boataria' na internet?
As informações falsas que circularam durante a campanha presidencial norte-americana pressionaram o Facebook a tomar medidas para melhorar a qualidade do conteúdo na rede social. Medidas concretas já foram anunciadas, mas como isso vai funcionar na prática - e se o Facebook vai mesmo conseguir conter notícias falsas sem censurar sátiras e humor - é algo que só o tempo dirá.

Por enquanto, o Facebook está só começando. Usuários brasileiros não podem nem sequer denunciar publicações como "notícias falsas". A opção não aparece na tela de denúncias.

Em todo caso, a estratégia do Facebook é um tanto óbvia, mas nem por isso será menos efetiva. A principal medida uma parceira com um grupo de empresas e instituições de checagem de fatos, como o Snopes (um site especializado em desmentir boatos criado em 1995).

A imprensa também fará parte disso, com links para reportagens figurando como contraponto em notícias contestadas. Usuários ainda poderão compartilhar notícias falsas, mas receberão um aviso. Não será possível, porém, patrocinar esses links para impulsionar a visibilidade deles.

A última medida é ainda mais óbvia: não mais permitir que publicações se passem por outras. Por que isso em algum momento foi possível é que é a pergunta.

Problema antigo, cenário novo
O Facebook está em uma posição curiosa. Isso porque a boataria sempre existiu, mas ela ficava restrita ao e-mail, o meio de comunicação preferido antes das redes sociais. Concentrando a audiência e o compartilhamento de informações na web, o Facebook passa a ser também um centro da tradicional boataria da internet.

Quem está na internet há mais tempo certamente lembra de clássicos, com o "vírus do ursinho", que orientava usuários a apagar o arquivo totalmente inofensivo "jdbgmgr.exe", identificando-o como uma praga digital. Outro boato (para ficar na área da Segurança Digital) falava de um vírus, identificado como "Últimas de Atenas", que seria capaz de "queimar o disco rígido". Tudo mentira.

Mas os boatos de hoje são diferentes dos de antigamente. Nos boatos por e-mail, mensagens com fins lucrativos (normalmente com algum truque de pirâmide financeira) eram bem explícitas. No Facebook, um criador de boatos pode ganhar dinheiro divulgando um link de uma notícia falsa cheia de publicidade, o que é bem mais indireto. Quem compartilha esse conteúdo acaba fazendo parte de um verdadeiro golpe sem perceber.

Coibir a circulação de mentiras significa que o Facebook entrará em confronto direto com quem passou a encarar a divulgação de boatos como seu "trabalho".

"Nós descobrimos que muitas notícias falsas são motivadas por questões financeiras. Spammers tentam ganhar dinheiro fingindo ser organizações de mídia conhecidas, e publicando boatos para que as pessoas se sintam atraídas a visitar seus sites, que são muitas vezes páginas de anúncios", explicou o Facebook.

Centralização e neutralidade
O e-mail, por onde os boatos costumavam circular, é um meio de comunicação descentralizado. Cada provedor de e-mail opera seu próprio serviço, havendo apenas um protocolo de comunicação para que todos os provedores de "se conversem". Parece não fazer sentido cobrar o fim da circulação de boatos em um serviço assim, porque o emissor e o destinatário estão em redes diferentes e o destinatário não tem muita culpa do que recebe. Nem mesmo o problema do spam - que todos concordam ser indesejado - está bem resolvido.

Em essência, o Facebook parece funcionar da mesma forma que o e-mail, porque todo o conteúdo da rede social foi colocado lá por usuários. Mas há uma diferença importante: o Facebook não é neutro.

As publicações que vemos no Facebook não estão apenas organizadas em ordem cronológica, como a nossa caixa de correio. Na verdade, elas nem sequer respeitam a ordem cronológica. O Facebook leva em conta nossas preferências e hábitos de navegação para decidir qual conteúdo será exibido, e em que ordem.

Se o Facebook está decidindo o que é relevante por meio de suas fórmulas computacionais, portanto, isso significa que notícias falsas que se espalham pela rede receberam o aval desse filtro automatizado. Em certa medida, o Facebook acaba responsável pela propagação desse material.

Além disso, emissor e destinatário, no Facebook, encontram-se na mesma rede. Se o Facebook pretende continuar cativando usuários com seus filtros e vendendo publicidade confiável, é importante que ele tome a iniciativa de manter a rede em bom estado. De fato, o spam é um problema bem menor no Facebook do que no e-mail. Resta fazer algo a respeito da boataria.

A solução do "inocente"
É muito injusto apontar o Facebook como o "culpado" pelas mentiras que circulam na internet. A mentira praticamente uma tradição da internet -- uma tradição péssima, sim, mas que sempre esteve conosco. Fora da internet, rumores e mentiras também se espalham facilmente e a verdade raramente consegue competir. De certa forma, a mentira é uma tradição da civilização.

Segundo a empresa de marketing digital Zephoria, o Facebook tem 1,76 bilhão de usuários ativos, dos quais 1,18 bilhão acessam o site diariamente. Cada visita ao Facebook dura, em média, 20 minutos. Com todo esse poder que o Facebook conseguiu em termos de relevância, junto do controle sobre não apenas o que é enviado, mas também de como algo é visto, a rede social está no lugar certo para fazer algo significativo a respeito desse problema.

Embora o Facebook tenha sim capacidade para influenciar - por causa do seu algoritmo não neutro -, é importante lembrar da história: rumores e mentiras existiam muito antes do Facebook e eles também tomavam uma proporção considerável, mesmo quando o "compartilhar" ainda era o "encaminhar".

Por Altieres Rohr - G1
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