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DATA DA PUBLICAÇÃO 07/06/2017 | Educação
Se nada der certo: quando o preconceito começa na escola
Já havia acontecido no Domingão do Faustão, da TV Globo: Tatiele Polyana, participante do BBB14, contou sobre seus planos profissionais e finalizou dizendo que “se nada der certo, viro bailarina”, apontando para o elenco de dançarinas do programa. O apresentador não deixou a ofensa passar em branco e retrucou de bate-pronto: “Olha, não é assim não! As bailarinas aqui têm que estudar bastante! ”.

Um preconceito de classe similar provocou polêmica esta semana: na Instituição Evangélica de Novo Hamburgo (IENH) os alunos do ensino médio participaram de uma atividade chamada “se nada der certo”, vestindo-se com as roupas e uniformes de profissões que eles atribuem a "fracassados": vendedores, garis, faxineiros, empregados domésticos, cozinheiros.

No mínimo três questões podem ser retiradas desse episódio. Primeiro: será que com essa visão de mundo, os jovens desta escola já não estão dando errado na vida? Porque ainda não entenderam conceitos fundamentais da existência, que só “dá certo” quando vemos o outro em igual escala de importância, e respeitamos sua dignidade, aspirações e capacidades. Os alunos podem ser jovens na idade, mas o desprezo por quem não tem diploma universitário ou alta remuneração mostra mentes tacanhas. Onde estão os jovens que sonham com um novo futuro, de igualdade, justiça e respeito para todos? Esses costumam dar mais certo na vida.

Segundo, que o que está escrito no projeto pedagógico das escolas nem sempre consegue ser de fato ensinado por ela, vivido na prática e aprendido pelos estudantes. O IENH se apresenta em sua rede social com a missão de “promover educação de qualidade (...) com base nos princípios cristãos, para atuar numa sociedade em transformação”. Não é preciso lembrar que, na base desses princípios, está o profundo respeito por todo e qualquer humano. A atividade realizada mostra que, às vezes, o preconceito está tão arraigado que chega a se naturalizar. Tanto que a escola afirma, na nota de esclarecimento, que o objetivo era só “trabalhar o cenário de não aprovação no vestibular”. Aparentemente, não parecia haver nada de errado, e foi necessária a disseminação da polêmica para que o tema se tornasse objeto de reflexão.

Mas este caso é apenas uma amostra de diversas atividades discriminatórias que ainda acontecem pelas escolas. Por exemplo, é mais comum do que se pensa que, no dia dos pais ou das mães, não haja previsão para acolher novos modelos de família, integradas por casais do mesmo sexo; da mesma forma, pouco se sabe lidar com as situações de novos companheiros dos pais e mães separados. As festas juninas são outro cenário de manifestação de preconceitos “naturalizados”: as crianças são vestidas com roupas remendadas, pintam a boca como se faltassem dentes, usam combinações cafonas e dançam de um jeito esquisito para imitar os “caipiras”. É o cidadão do meio urbano zombando do habitante do interior. Em todas essas ocasiões, os valores registrados no projeto pedagógico estão bem distantes da prática.

Por fim, fica também a reflexão sobre o conceito de sucesso e fracasso. O slogan do IENH é “Formando novos líderes para o mundo”. No conceito atual de liderança, a principal atividade não é comandar, mas servir. O papel do líder é facilitar o trabalho para que a equipe se sinta motivada e desafiada a fazer coisas incríveis. Mas mesmo ser o líder não é necessariamente sinônimo de sucesso na vida. Sucesso tem mais a ver com felicidade, bem-estar, equilíbrio pessoal, empatia. Sentimentos dos quais quem lava, arruma, limpa, faxina e conserta, mesmo enfrentando dificuldades inimagináveis, pode entender mais do que muita gente.

Por Andrea Ramal - G1
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