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DATA DA PUBLICAÇÃO 17/09/2018 | Saúde e Ciência
Saúde da Família beneficia menos da metade da população
 Saúde da Família beneficia menos da metade da população Criado há cinco anos para expandir acesso à atenção básica, Mais Médicos cumpriu parte da tarefa. Foto: Denis Maciel/DGABC
Criado há cinco anos para expandir acesso à atenção básica, Mais Médicos cumpriu parte da tarefa. Foto: Denis Maciel/DGABC
Criado há cinco anos com objetivo central de ampliar o acesso da população à atenção básica, o Mais Médicos, do governo federal, cumpriu parte de sua tarefa no Grande ABC. Em agosto de 2013, um mês antes da chegada dos primeiros profissionais do projeto à região, a cobertura da estratégia de Saúde da Família era de 36,55%. Hoje, apesar do avanço do número de equipes – passaram de 249 para 351 – menos da metade dos moradores das sete cidades – 49,34% – é beneficiada pelo programa.

O Saúde da Família, responsável pelo atendimento básico da população, seja nas UBS (Unidades Básicas de Saúde) ou em casa, é composto por médico, enfermeiro, auxiliar ou técnico de enfermagem e agentes comunitários de Saúde. Apesar dos avanços, a cobertura ainda está longe do ideal. Essa é a avaliação da professora responsável pela disciplina de Saúde Coletiva da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), Vânia Barbosa do Nascimento.

“O programa (Mais Médicos) trouxe um avanço importante, mas ainda não é satisfatório. A atenção básica é para ser oferecida a 100% da população, porque promove a saúde, atua na prevenção e no acompanhamento de doenças crônicas, uma iniciativa recomendada mundialmente”, afirmou a professora. A especialista destacou que 80% dos problemas de saúde, normalmente, têm condições de serem solucionadas na atenção básica.

Vania afirmou também que é a atenção primária que promove a organização de todo o SUS (Sistema Único de Saúde). “São profissionais que atuam na comunidade, no território, trabalhando a redução de riscos em situações crônicas, com a figura dos agentes de Saúde orientando e ajudando a população”, completou.

A professora avalia ainda o Mais Médicos como iniciativa de grande eficiência, já que foi responsável pela ampliação do acesso da população à atenção básica. “Especialmente nas periferias de grandes cidades, no interior do País, onde existe dificuldade de conseguir médicos generalistas”, detalhou. Para a especialista, além da falta de profissionais nos grupos de Saúde da Família, a falta de recursos das prefeituras é um dos principais entraves para a expansão da estratégia. “A equipe conta com agentes de saúde, enfermeiras, equipe multidisciplinar, é toda uma rede de serviços e as administrações municipais já estão no limite dos gastos com Saúde”, finalizou.

O Mais Médicos disponibiliza atualmente 145 profissionais em cinco das sete cidades – não há profissionais em São Caetano e em Rio Grande da Serra. Em todo o País, o programa conta com 18,2 mil vagas em 4.000 municípios e 34 distritos indígenas, beneficiando mais de 63 milhões de pessoas.

Atualmente, o Grande ABC tem sete vagas em aberto, em Santo André (duas), em Ribeirão Pires (duas) e em Mauá (três), Segundo o Ministério da Saúde, 1.533 cargos serão repostos nos próximos editais, no entanto, ainda não há data prevista para as novas seleções.

Para médica cubana, pacientes precisam de escuta e atenção

A médica generalista Emarilis Gonzales Carbonell está no Brasil desde 2014. Foi uma dos milhares de profissionais que chegaram ao País por meio do programa Mais Médicos. Cubana, a médica já havia passado seis anos na Venezuela. “Quando cheguei ao Brasil, achei que iria para a Amazônia. Em Santo André, vi que era uma cidade grande, mas me surpreendi com a carência da população. Muitos pacientes precisam menos de remédios e mais de escuta e de atenção”, afirmou.

Alocada na US (Unidade de Saúde) Jardim Cipreste, Emarilis relata que o idioma foi uma das dificuldades no início do trabalho. Contou com a ajuda das enfermeiras e dos outros profissionais do equipamento, que colaboravam na tradução das orientações aos pacientes. “Todos (os pacientes) saíam dizendo que gostavam muito, mas que entendiam pouco”, lembrou.

A manicure Juliana Monteiro Ramos, 25 anos, fez todo o acompanhamento pré-natal da sua segunda gravidez com Emarilis, e elogiou o atendimento,mas confirmou a dificuldade geral da população. “É uma ótima médica, muito atenciosa. Mas algumas vezes é difícil entender o que ela fala”, afirmou.

Emarilis relembrou que muitos munícipes iam à antiga unidade – que foi transferida para um prédio novo em agosto – apenas para conhecer a “nova médica”. “Pacientes que quase nunca passavam em consulta, esboçavam alegria em me conhecer, mas também dúvidas por não ser brasileira”, relatou.

Já habituada, a médica hoje é reconhecida pela comunidade nas ruas e se emociona, já pensando no momento em que vai retornar a Cuba, em 2020. “O programa (Mais Médicos) foi uma das melhores coisas pensadas e feitas no Brasil. Fez com que uma população que estava desamparada fosse enxergada e atendida. Quando for embora, vou levar todo o carinho que recebi”, afirmou, com os olhos marejados. A US Cipreste atende uma população de 9.000 pessoas.

A coordenadora da atenção básica de Santo André, Cláudia Nemur Moreira, considera a iniciativa grande avanço. “Tínhamos dificuldades em ampliar o atendimento na atenção básica, especialmente em áreas mais afastadas do Centro”, relatou. Com a chegada dos médicos – são 32 atualmente, a Secretaria de Saúde aumentou de 32 para 52 o número de equipes de Saúde da família, que atualmente cobrem 25% da população.

Munícipes se dividem em avaliação de UBSs

A cobertura do atendimento da população do Grande ABC pelas equipes de Saúde da Família aumentou de 36,55%, em agosto de 2013, para 49,34%, em junho deste ano. Apesar do avanço, moradores da região se dividem na avaliação do serviço prestado pelas UBSs (Unidades Básicas de Saúde).

Moradora de Diadema, a afroempreendedora Elis de Souza, 40 anos, elogiou o atendimento dos profissionais da estratégia de Saúde da Família, que normalmente a visitam em sua residência. “Acho esse atendimento em Medicina da família eficiente”, afirmou a munícipe. Diadema, por sua vez, apresenta a melhor cobertura do programa no Grande ABC, com 71,04% da população atendida. Elis já morou em Santo André entre 2011 e 2015 e avalia que o serviço é melhor prestado em Diadema.

Sobre o programa Mais Médicos, a diademense acredita que foi muito bom para todo o País. Aqui no Brasil só se formava em Medicina a elite. Ou seja, pessoas que não tinham na maioria das vezes empatia com os menos favorecidos. Ter médicos cubanos, ou que se formaram nesses últimos anos e que são jovens, tem sido surpreendente”, pontuou.

Por outro lado, há quem critique o atendimento que vem sendo prestado. A manicure Juliana Monteiro Ramos, 25, moradora de Santo André, acha que o atendimento era melhor antes mesmo do programa ter início, em 2013. “Hoje em dia demora mais ainda para a gente conseguir atendimento”, declarou.

O aumento na cobertura das equipes de Saúde da Família é um dos impactos do programa Mais Médicos, que visava expandir o atendimento em atenção básica e, trouxe para a região 145 profissionais, entre brasileiros, cubanos, venezuelanos e bolivianos, além de outras nacionalidades.

Por Aline Melo - Diário do Grande ABC
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