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DATA DA PUBLICAÇÃO 20/04/2009 | Setecidades
Santo André quer produzir a própria água
Em vez de comprar, produzir água. Santo André pode ser o primeiro município da região a engatilhar a ideia que pode render economia para a cidade que hoje deve mais de R$ 780 milhões à Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) pela compra de água no atacado.

É a estatal quem capta, produz e vende água para todas as cidades sendo as autarquias municipais responsáveis somente pela distribuição para casas e indústrias e pelo gerenciamento da água. Somente São Bernardo, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra são atendidas pela própria Sabesp.

Historicamente, Santo André é a única cidade do Grande ABC que já consegue produzir parte da água que consome. Em 1943 construiu a ETA (Estação de Tratamento de Água) Guarará que gera atualmente 6% da água que os moradores consomem, ou, 150 litros de água por segundo.

A ideia de municipalizar a produção de água não é nova, é ensaiada desde 1996 pela cidade e os novos gestores municipais pretendem retomá-la.

Em 1997, por decisão da administração vigente, a iniciativa foi interrompida.

O Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) aposta em três frentes para que o plano ganhe vida: reduzir as perdas com o conserto de redes de água e combate a fraudes e construir duas ETAs, uma de água potável e outra de água de reúso.

A futura ETA se serviria de dois braços da Represa Billings, os ribeirões Grande e Pequeno. Ambos mananciais responderiam por 1.500 litros de água por segundo.

A construção da estação de água de reúso seria voltada para servir as indústrias do Polo Petroquímico e as empresas do eixo Tamanduateí e produziria 400 litros por segundo.

Atualmente, até mesmo para ter água de reúso Santo André precisa de arcar com a compra dos 780 mil litros que utiliza para lavagem de vias públicas, regar áreas verdes e desobstruir redes de esgoto e galerias de águas pluviais todo mês.

A água reaproveitada também é vendida pela Sabesp e é fruto da ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) ABC.

O Semasa garante que com as novas estações de tratamento de água aliadas ao trabalho de redução de perdas é possível abastecer todo o município, visto que hoje o consumo em Santo André é de 2.100 litros por segundo.

Histórico - Há 13 anos o Semasa obteve autorização do DNAEE (Departamento Nacional de Água e Energia Elétrica) para dar o pontapé inicial na produção de sua própria água. A autarquia estuda agora pedir autorização ao DAEE (Departamento de Água e Energia Elétrica) do Estado que autoriza empresas, indústrias e órgãos públicos a captarem água de mananciais. Não há cobrança pela água retirada da natureza e a lei que pretende onerar quem explora o recurso natural aguarda ser autorizada pelo governo estadual.

De acordo com o Semasa, ainda não existe uma definição sobre a verba que o município economizaria se produzisse 100% de sua água.

"Não há determinação legal para que a cidade não produza sua própria água, mas para o Estado não é interessante que o município seja autossuficiente", aponta o pesquisador do departamento de hidráulica da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Lauro Mendes.

O Semasa afirmou não sofrer bloqueio da Sabesp para entrar no rol dos produtores de água. A Sabesp foi procurada pela reportagem mas não quis comentar o assunto.

Santo André fez primeiras redes de água da região

No início do século passado, quando as cidades do Grande ABC somavam não mais que 10 mil moradores (hoje são 2,5 milhões), a ideia de se levar água direto para as casas era utopia. As primeiras redes foram feitas a partir de 1910 em Santo André.

As águas eram captadas no córrego Guarará que 40 anos mais tarde batizaria a ETA (Estação de Tratamento de Água) erguida na cidade.

Para se ter uma ideia do pioneirismo de Santo André quando o assunto é abastecimento, até 1934, São Caetano que na época era o distrito mais poderoso economicamente do Grande ABC, não possuía um sistema de encanamento de água.

As pessoas eram servidas todos os dias por um vagão-tanque da SPR (São Paulo Railway), a primeira estrada de ferro paulista erguida pelo Barão de Mauá cujos trilhos seguiam rumo ao Grande ABC.

O panorama do saneamento regional praticamente não sofreu alterações até o fim do Estado Novo (1937-1945) e as redes de água continuavam restritas a Santo André.

Nos anos de 1940, quando as cidades da região passaram de distritos a municípios independentes de São Bernardo - até essa década, todo o Grande ABC era território da cidade -, o crescimento urbano em Santo André obrigou o governo a construir uma Estação de Tratamento de Água, em 1943.

O progresso dava suas caras e o que vinha do córrego Guarará não podia mais ser distribuído in natura como antes, por isso, a necessidade de um posto de higienização das águas.

A questão da poluição foi enaltecida sendo que 27 anos após a inauguração da Estação Guarará, a água do córrego estava tão poluída que teve de deixar de ser captada.

Nos anos de 1970, a ETA passou a produzir água a patir da represa do Parque Natural do Pedroso que fica em Santo André.

O manancial é parte da bacia hidrográfica da Represa Billings e somente Santo André faz uso de suas águas.

Patrimônio - Em 2002, o prédio que abriga a antiga Estação de Tratamento de Água foi tombado pelo patrimônio histórico municipal.

O edifício pode ser visitado e fica na Rua Paulo Novais, esquina com a a Rua Laudelino Freire, na Vila Vitória.

Por Isis Mastromano - Diário do Grande ABC
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