NOTÍCIA ANTERIOR
Loja vende celular consertado como novo
PRÓXIMA NOTÍCIA
Ladrão mata moça de 19 anos em farol
DATA DA PUBLICAÇÃO 14/08/2007 | Setecidades
Santo André investiga bactéria em berçário
Um possível surto infeccioso instalado no berçário do Centro Hospitalar Municipal de Santo André virou tema de investigação nas vigilâncias epidemiológicas do município e do Estado. De janeiro a junho deste ano, exames de sete crianças apontaram a colonização da bactéria Acinetobacter, que pode levar à infecção generalizada. Em 2006, apenas um caso foi registrado no hospital.

Nos corredores da pediatria, funcionários e pacientes temem a disseminação da bactéria e o desenvolvimento de infecções generalizadas. O Diário visitou o local na semana passada e constatou que parte do berçário está desativado. Segundo a Prefeitura, para reforma e manutenção.

Gestantes atendidas pelo hospital estariam sendo encaminhadas a outros centros cirúrgicos. Mulheres ouvidas pela reportagem garantem que o pronto-socorro só atende emergência.

“Se a pessoa não está em trabalho de parto, a orientação é procurar outro hospital, como o Mário Covas, ou o Serraria, em Diadema. Estou preocupada porque vou ter bebê daqui a cinco meses. Não tenho convênio e talvez tenha de ter meu filho no Centro Hospitalar”, conta Kátia Santos.

Diante do quadro de alerta imposto pela investigação, óbitos infantis passam a ser contestados dentro e fora do hospital. A morte de um bebê domingo causou revolta em acompanhantes e familiares. Segundo pacientes, a criança nasceu no hospital e ficou cerca de três meses internada, com suposto quadro de infecção. Depois de receber tratamento, não resistiu.

Investigação - O médico sanitarista e coordenador do Núcleo de Epidemiologia e Infecção Hospitalar do município, Fernando Galvanese, não finalizou a investigação, mas descarta qualquer tipo de surto responsável pela morte de crianças no berçário.

“Quando recebemos o alerta do laboratório, começamos a fazer uma leitura retrospectiva no nosso banco de dados. Encontramos culturas positivas mas que não, necessariamente, tenham evoluído para casos de infecção”, garante.

Segundo o Departamento de Controle de Infecção do hospital, a reforma no berçário já estava programada e não tem ligação com a presença da Acinetobacter. Galvanese, porém, reconhece que os cuidados foram redobrados.

“Avisamos os funcionários e também as mães sobre nosso trabalho de investigação. O acesso às crianças agora é mais restrito. Pais e avós, por exemplo, não podem mais circular por todas as áreas.”

O perigo tem nome: sepse. A doença é sinal de que o quadro de infecção tomou o organismo. Segundo dados do Instituto Latino Americano da Sepse, 60% dos casos acabam em morte. Para o presidente Eliezer Silva, o caso exige cuidado. “Não se pode evitar a sepse, mas conter a infecção é viável. Às vezes, faz-se necessário interditar a unidade, sim. Pode ser um sinal.”

=> "Todo mês morrem crianças aqui por causa da sepse"

“A infecção está instalada no hospital desde de abril. Todo mês morrem crianças aqui por causa da sepse. O berçário está fechado e parte da pediatria também. A gente não sabe de muita coisa, mas acredito que a bactéria responsável é a Staphylococus, que é muito infecciosa e causa morte na maioria dos casos.

As mães internadas estão com medo. Muitas grávidas estão sendo encaminhadas para outros hospitais. Quem perde o nenê nem sabe que é por isso. A gente fica preocupada. Trabalhamos aqui e queremos uma resposta a tudo isso. Tá todo mundo exposto e ninguém sabe quais são os riscos. Não quero ter de tomar remédio nem pegar infecção de graça.

Tem um bebê na UTI internado há mais de 15 dias. Ele tem a infecção. Pegou aqui, quando nasceu, no final de julho. O estado de saúde da criança continua delicado e não fazem nada.”

Funcionária do Centro Hospitalar de Santo André, que teve a identidade preservada.

=> Mulher, que passava bem, sofreu "aborto infectado"

A falta de informações sobre a gravidade do quadro de infecção no Centro Hospitalar Municipal torna qualquer diagnóstico motivo de desconfiança e medo. Pacientes e familiares, que preferem não se identificar, reclamam do tratamento recebido.

“Minha irmã sofreu um aborto nesse hospital. Ela estava com cinco meses de gravidez e corria risco porque o útero estava aberto. Apesar disso, resistia bem. Mas um dia, teve febre alta, com forte dor de cabeça. Resolveram abrir a barriga e o bebê estava morto. A sala ficou cheirando muito mal, como se o feto estivesse podre. Não entendemos nada. No mesmo dia, os batimentos dele estavam normais”, conta.

O comentário da médica – que teve o nome preservado pelos parentes – foi de que o ‘aborto foi infectado’. “É tudo muito estranho. Por que o berçário está fechado? Por que as mulheres são transferidas para outros hospitais? Até as enfermeiras têm dúvidas. Imagine nós.”

Por Adriana Ferraz - Diário do Grande ABC / Foto: Andréa Iseki
Assine nosso Feed RSS
Últimas Notícias Setecidades - Clique Aqui
As últimas | Setecidades
25/09/2018 | Acidente na Tibiriçá termina com vítima fatal
25/09/2018 | Santo André quer tombar 150 jazigos de cemitérios municipais
21/09/2018 | Região ganha 13 mil árvores em um ano
As mais lidas de Setecidades
Relação não gerada ainda
As mais lidas no Geral
Relação não gerada ainda
Mauá Virtual
O Guia Virtual da Cidade

Todos os direitos reservados - 2024 - Desde 2003 à 7717 dias no ar.