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DATA DA PUBLICAÇÃO 16/12/2011 | Setecidades
Santo André fecha estrada do Montanhão
Santo André fecha estrada do Montanhão Funcionários do Semasa finalizam fechamento da via. Foto: Andris Bovo
Funcionários do Semasa finalizam fechamento da via. Foto: Andris Bovo
Ação deixa isolada famílias que residem no bairro Baraldi em São Bernardo

No início da manhã desta quinta-feira (15/12), o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) cumpriu a decisão judicial e fechou o perímetro da estrada do Montanhão que corta o município, deixando isolados moradores do bairro Baraldi, em São Bernardo, que utilizavam a via.

A estrada do Montanhão tem cerca de 110 anos e começa no Jardim Silvina, em São Bernardo, passa por dentro do Parque do Pedroso, em Santo André, e termina no Bairro Baraldi, em São Bernardo. A decisão do bloqueio da via foi tomada pela juíza Ana Lúcia Xavier Goldman, da 1ª Vara da Fazenda Pública da Comarca de Santo André. A ação para o fechamento da estrada e dos acessos informais do parque foi movida pelo Ministério Público de Santo André e data de 1992.

Os caminhões e as máquinas do Semasa chegaram ao local acompanhados por 150 policiais militares para cumprir a ordem judicial. “Tentamos argumentar com os policiais que o fechamento nos prejudicaria, pois ficaríamos sem acesso a escola, postos de saúde e transporte público, mas não houve jeito”, lamentou Daniel Abrahão Tomandl, líder comunitário local.

As tentativas em vão de negociações entre moradores e policiais atrasaram a operação por cerca de duas horas Os primeiros bloqueios foram colocados na divisa de Santo André com o Jardim Silvina, em São Bernardo. Tubulações e terra serviram como barreira para impedir a passagem de carros e pedestres.

No início da tarde, as ações se concentravam na divisa de Santo André com o bairro Baraldi, onde alguns moradores assistiam, desolados, às máquinas bloqueando a via que, antes, era utilizada para o trabalho. “Agora terei que dar a volta por Santo André o que aumentará meu trajeto. Antes eu andava cerca de cinco quilômetros, agora terei que percorrer cerca de 20 quilômetros para chegar ao meu local de trabalho”, disse o pedreiro Benedito Matos da Silva.

Neste local foram colocados dois bloqueios, sendo um fixo e outro parcial, para não atrapalhar o fluxo de visitantes do Santuário Nacional de Umbanda, localizado no perímetro de Santo André. “Os prefeitos Aidan Ravin e Luiz Marinho estiveram aqui; assinamos um documento que garantia que as duas partes iriam procurar uma melhor saída para o problema. Infelizmente, isso não aconteceu”, destacou o proprietário do santuário, Ronaldo Antonio Linares.

Um dos usuários da estrada que também ficou preocupado com o fechamento da via é o Padre Santi, que duas vezes por semana faz celebrações ecumênicas no Baraldi. “Tenho duas comunidades no bairro. Agora, teremos de buscar outra maneira de chegar até os fiéis”, disse.

Quem também estava preocupada é a dona de casa Maria da Graça da Silva, que reside no bairro há 22 anos. “Não sei como farei para ir ao médico. Meu marido teve um infarto há alguns meses e conseguiu ser socorrido a tempo. Agora, não sabemos como será o atendimento”, destacou.

Soberania desrespeitada - O secretário de Gestão Ambiental de São Bernardo, Giba Marson, disse que há ações judiciais em andamento para que o fechamento não seja efetuado. “Porém, não houve tempo hábil. Vamos continuar tentando judicialmente reverter essa situação, que é uma afronta a soberania e uma agressão ao povo da cidade”, salientou.

Como forma paliativa de atendimento aos moradores do Baraldi, Marson adiantou que a estrada da Pedra Branca, localizada no Riacho Grande, passará por manutenção para ser utilizada por transporte público e escolar. “Essa via não é usada porque tem trechos de mata fechada. Nosso receio é que com a utilização dessa estrada haja adensamento da área. Contudo, nenhum munícipe ficará sem guarida da prefeitura”, garantiu.

De acordo com Marson, ação original do Ministério Público de Santo André visava ao fechamento dos acessos irregulares ao Parque do Pedroso e por uma confusão judicial, estendeu-se à estrada. “Esses acessos foram fechados em 1996. Não há motivos para que um bairro inteiro seja isolado”, ressaltou.

O promotor do meio ambiente do Ministério Público de Santo André, José Luiz Saikali, afirmou que o objetivo da ação é garantir a preservação do Parque do Pedroso, que faz fundos para a estrada. “Cerca de 7% da água consumida na cidade são tirados de mananciais do parque. Com a estrada há muita degradação, despejo de lixo irregular e possibilidade de crimes, pois é um local distante”, argumentou.

Saikali afirmou que, em 2009, tentou entrar com um processo contra a Dersa, responsável pela construção do Trecho Sul do Rodoanel. O objetivo era que fosse encontrada uma solução para as 220 famílias que vivem no Baraldi. “Como estou em Santo André e o bairro está localizado em São Bernardo não permitiram que eu entrasse com o processo”, explicou.

Quanto à possibilidade da utilização da estrada da Pedra Branca, também situada em área de proteção ambiental, o promotor afirmou que o objetivo é preservar o parque de Santo André. “Nos sensibilizamos com os moradores, mas temos que fechar o acesso para garantir a preservação da Mata Atlântica do Pedroso”, justificou.

Em nota, o Semasa informou que no final de julho de 2010 o Tribunal de Justiça do Estado concedeu o prazo de um ano para que a Prefeitura de São Bernardo encontrasse uma solução para o ir e vir da população do Bairro Baraldi.

Ainda de acordo com a nota, em setembro deste ano foi realizada uma audiência de conciliação na 1ª Vara da Fazenda Pública da Comarca de Santo André, com representantes das duas prefeituras e da sociedade civil. Na ocasião, foi determinado, sob pena de multa diária à Prefeitura de Santo André, que o fechamento deveria ser realizado no dia 15 de dezembro de 2011, após o término do ano letivo de alunos moradores do Baraldi.

Por Vladimir Ribeiro - ABCD Maior
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