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DATA DA PUBLICAÇÃO 26/12/2012 | Economia
Saldo comercial da região cai quase 50%
Saldo comercial da região cai quase 50% Imagem Ilustrativa. Foto: jm1.com.br
Imagem Ilustrativa. Foto: jm1.com.br
O saldo comercial do Grande ABC (ou seja, a diferença entre exportações e importações), neste ano, deve cair quase pela metade em relação ao resultado do ano passado. É o que apontam os dados de comércio exterior dos municípios, no acumulado de janeiro a novembro, divulgados pelo Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Nesses 11 meses, o saldo ficou em US$ 677 milhões, o que significou queda de 48% ante o valor alcançado no mesmo período de 2011, de US$ 1,3 bilhão. A retração ocorre por causa do desempenho tímido das vendas a outros países, que reduziram 12% na comparação com o ano passado. As importações também diminuíram, mas em ritmo menor - apenas 4%.

Os números do ministério mostram a perda de espaço dos produtos da região (em grande parte manufaturados, como automóveis, caminhões, ônibus e autopeças) no mercado internacional. Um dos fatores é o consumo retraído lá fora por conta da crise na Europa. "O mercado não está comprador, está vendedor; no setor de autopeças, a redução das exportações é da ordem de 18%", afirma o empresário de Mauá e vice-presidente do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), Fausto Cestari Filho.

Principal polo exportador da região, São Bernardo (que representa 66% do valor alcançado pelo Grande ABC com as encomendas ao Exterior) viu encolher o faturamento com dois dos principais itens de sua pauta exportadora, chassis de ônibus e caminhões (respectivamente, variação negativa de 20% e 27%), neste ano ante o mesmo período de 2011.

O dirigente assinala que, além da demanda em baixa dos outros países, a indústria nacional sofre com a falta de competitividade em relação a itens importados por causa dos obstáculos gerados pelo custo Brasil: carga tributária elevada, que representa 36% do PIB (Produto Interno Bruto, ou seja, de toda a riqueza gerada no País), juros altos na ponta para as empresas (e consumidores) e taxa cambial ainda defasada.

Em relação ao câmbio, o diretor do Dise (Departamento de Indicadores Socioeconômicos) da Prefeitura de Santo André, Dalmir Ribeiro, afirma que, apesar da valorização do dólar frente ao real da ordem de 20% neste ano - em janeiro estava na faixa de R$ 1,75, ante os R$ 2,08 atuais -, seria necessário apreciar a moeda norte-americana em mais 15% a 20% para não tornar a situação da indústria (e do emprego no setor) mais complicada em 2013. "Cada vez mais as fabricantes deixam de produzir internamente. E a tendência é que esse processo continue", avalia.

ARGENTINA - Além da demanda em baixa no Exterior, dificuldades da economia argentina também afetam as encomendas da região. "Sofremos com a falta de pagamento, já que eles enfrentam problema na balança de pagamento e não têm dólares (para pagar as encomendas); e, além disso, estamos perdendo espaço para a China, que financia o governo argentino", diz o diretor da regional do Ciesp de Diadema, Donizete Duarte da Silva.

O país vizinho ainda é o principal destino dos produtos de São Bernardo (representa 44% do valor alcançado com as vendas desse município ao Exterior) e também de São Caetano (83% de participação) e de Santo André (19%), embora a receita com vendas àquele mercado esteja em queda neste ano.

Perspectivas para 2013 não são favoráveis

As perspectivas não são das melhores para as exportações brasileiras em 2013. Estimativas atualizadas pela AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil) neste mês apontam retração de 1,1% nas vendas totais ao Exterior no ano que vem, que devem somar US$ 239,69 bilhões.

Esse resultado será impulsionado para baixo pelos produtos industrializados - que têm queda prevista de 2,5% - enquanto as commodities, ou seja, os itens básicos (minério de ferro, soja, petróleo, milho e carne, por exemplo) vão ficar, em média, nos mesmos níveis de 2012.

O prognóstico é particularmente ruim para o Grande ABC, cujas vendas ao Exterior são dominadas por itens do setor industrial manufatureiro, sobretudo dos ramos automotivo e de máquinas e equipamentos.

A associação também prevê que as importações devem ficar estáveis (alta de 0,4%) em relação a este ano, totalizando US$ 225,07 bilhões. Com isso, o saldo comercial (diferença entre o valor do obtido com as vendas ao Exterior e do que é pago com as compras de itens do Exterior) deve cair 20%, chegando a US$ 14,62 bilhões. Em 2012, a AEB projeta que o superavit será de US$ 18,27 bilhões.

O presidente da AEB, José Augusto de Castro, afirma que vários fatores colaboram para esse cenário nada animador do comércio exterior brasileiro. A crise europeia deve continuar afetando as exportações do Brasil para esse mercado. Além disso, a tendência também é de piora nas relações comerciais com a Argentina, já que o comércio com o país segue dependente de decisões pessoais não programadas.

Castro projeta ainda, para o ano que vem, taxa cambial de R$ 2,05, variando entre R$ 2 e R$ 2,15, o que geraria competitividade na exportação em poucos setores. Segundo análise da entidade, com essa taxa de câmbio, as importações de produtos manufaturados, que representam mais de 80% da pauta brasileira, ainda vão permanecer atraentes sob o aspecto do custo. Para o dirigente, se o dólar chegasse a R$ 2,30 ajudaria 80% dos exportadores e se atingisse R$ 2,50 beneficiaria 100% deles.

Entre os itens exportados, a entidade estima que haverá retração nas vendas ao Exterior de produtos exportados pelo Grande ABC, como automóveis (-4,9%), veículos de carga (-0,5%), motores e partes para veículos (-0,7%), autopeças (-1,1%), pneus (-5%).

Dessa forma, a queda no valor das encomendas de produtos brasileiros a outros países só não será maior por causa das commodities, que deverão manter elevada participação (68%) na pauta de exportação, mesmo com quedas de cotação e elevação da taxa cambial.

Por Leone Farias - Diário do Grande ABC
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