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DATA DA PUBLICAÇÃO 22/01/2009 | Saúde e Ciência
Saída dos filhos de casa melhora vida do casal, diz estudo
Desde a década de 70, especialistas em relacionamentos popularizaram a ideia de "síndrome do ninho vazio", um período de depressão e perda de motivação que atormenta os pais, especialmente as mães, quando seus filhos saem de casa. Dezenas de sites e livros foram criados para ajudar os pais a lidar com essa transição.

Porém, uma linha de pesquisa cada vez maior sugere que o fenômeno tem sido mal interpretado. Enquanto a maioria dos pais claramente sente falta dos filhos que foram embora para estudar, trabalhar ou casar, eles também aproveitam o aumento de liberdade e o relaxamento das responsabilidades.

E apesar da preocupação usual de que casais há muito tempo juntos se darão conta de que não têm nada em comum, a nova pesquisa, publicada em novembro no periódico "Psychological Science", mostra que a satisfação matrimonial na verdade melhora quando os filhos finalmente encontram seus caminhos.

"Não é que eles eram infelizes", diz Sara Melissa Gorchoff , especialista em relacionamentos adultos da Universidade da Califórnia, em Berkeley. "Os pais eram felizes com seus filhos. Seus casamentos simplesmente melhoraram com a saída deles."

Revelações

Apesar disso não surpreender muitos pais, compreender por que esses eles têm melhores relacionamentos pode trazer importantes lições sobre felicidade matrimonial para pais que ainda estão a anos de distância de um lar sem filhos.

Realmente, uma das descobertas mais desconfortáveis do estudo científico dos casamentos é o efeito negativo que as crianças podem exercer em relacionamentos anteriormente felizes. Apesar da ideia popular de que crianças aproximam os casais, diversos estudos mostraram que a satisfação e a felicidade matrimonial geralmente caem muito com a chegada do primeiro bebê.

Em junho, o "Journal of Advanced Nursing" relatou um estudo da Faculdade de Enfermagem da Universidade do Nebraska, que analisou a felicidade matrimonial de 185 homens e mulheres. As pontuações decaíram inicialmente na gravidez, e permaneceram baixas enquanto os filhos atingiam 5 e até 24 meses. Outros estudos mostram que casais com duas crianças obtêm pontuações ainda mais baixas do que casais com apenas um filho.

Apesar de que ter uma criança claramente deixa os pais felizes, os obstáculos financeiros e de tempo podem trazer problemas ao relacionamento. Após o nascimento de um bebê, os casais têm apenas cerca de um terço do tempo que passavam sozinhos quando não tinham filhos, de acordo com pesquisadores da Ohio State.

Divisão de tarefas

A chegada de crianças também coloca um fardo desproporcional de deveres domésticos sobre a mulher, fonte muito comum de conflitos matrimoniais. Depois das crianças, o trabalho doméstico aumenta três vezes, tanto para a mulher quanto para o homem, dizem estudos do Centro de População, Gênero e Igualdade Social da Universidade de Maryland.

No entanto, grande parte da pesquisa sobre crianças e felicidade no casamento foca nos anos iniciais. Para entender os efeitos ao longo do tempo, pesquisadores de Berkeley analisaram a felicidade matrimonial de 72 mulheres no Estudo Longitudinal Mills, que acompanhou um grupo de alunas do Mills College por 50 anos.

O estudo é importante porque acompanha a primeira geração de mulheres a administrar as tradicionais responsabilidades familiares com empregos no mercado de trabalho. No estudo do ninho vazio, pesquisadores compararam a felicidade matrimonial das mulheres em seus 40 anos, quando muitas ainda tinham crianças em casa; em seus 50, quando algumas tinham filhos mais velhos que haviam saído de casa; e nos 60 anos, quando praticamente todas tinham ninhos vazios. Em cada período, as mães com ninhos vazios obtinham pontuações mais altas em relação à felicidade matrimonial do que as mulheres com filhos em casa. A descoberta reflete um relato apresentado no ano passado na Associação Psicológica Americana, que entrevistou uma dúzia de pais quando seus filhos se formavam no colegial e, novamente, dez anos depois. Esse pequeno estudo também mostrou que a maioria dos pais teve pontuações mais altas em satisfação matrimonial depois dos filhos terem saído de casa.

Enquanto os pesquisadores de Berkeley sustentavam a hipótese de que a melhora na felicidade matrimonial vinha do fato de os casais passarem mais tempo juntos, as mulheres no mesmo estudo relataram passar o mesmo tempo com seus parceiros, com ou sem filhos em casa. Mas disseram que a qualidade desse tempo era melhor.

"Há menos interrupções e menos estresse quando os filhos não estão em casa", disse Gorchoff, de Berkeley. "Não é que passavam mais tempo juntos após a saída dos filhos. Era a qualidade desse tempo que melhorava."

Ela aponta que a lição do ninho vazio pode ser a de que os pais precisam trabalhar para construir mais tempo sem estresse juntos. Na amostragem estudada, foi apenas a satisfação no relacionamento matrimonial que melhorou quando os filhos saíram de casa. No geral, os pais eram tão felizes com os filhos em casa quanto depois de sua saída. Um detalhe: o que acontece quando os filhos adultos voltam para casa, com suas possibilidades de emprego evaporadas numa economia em crise, não foi extensivamente estudado.

"Não é que os filhos estejam arruinando as vidas dos pais", diz Gorchoff. "Eles apenas tornam mais difícil a ocorrência de interações agradáveis."

Por Tara Parker-Pope - ''New York Times'' / G1
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