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DATA DA PUBLICAÇÃO 25/12/2012 | Setecidades
Ruas contam histórias do passado
Ruas contam histórias do passado
Motoristas estressados presos no trânsito caótico sequer têm tempo para registrar os nomes das ruas por onde passam na região, que quase se assemelha à Capital quando o assunto é congestionamento. Para quem tem o olhar mais atento, porém, cada placa pendurada em um poste pode esconder fragmentos de histórias que remontam o surgimento dessas terras muito antes de serem conhecidas como Grande ABC.

Para o historiador e coordenador do Centro de Memória de Diadema, Absolon de Oliveira, os nomes dados às ruas das cidades nos mostram as micro-histórias que formam a grande história. "Trata-se de uma colcha de retalhos coletiva, e todos os nomes têm a sua importância para a memória da população."

Que o diga o aposentado Valter Adão Carreiro, que reuniu no livro Diadema: em Cada Esquina, uma História, 20 anos de pesquisas sobre a cidade onde vive por meio do nome das vias que a cortam. Aos 73 anos, Carreiro sabe a importância de cada pessoa para compor a memória de um município. Com 2.200 ruas catalogadas, espera ter incluído todas as famílias que ajudaram a construir Diadema. "As pessoas se sentem importantes, e são mesmo. Sem elas, a cidade simplesmente não existiria."

Oliveira concorda. "Por trás de cada nome de rua há uma história de vida que muitas vezes tem a ver com a história do bairro e da cidade." Por isso mesmo, o pesquisador não concorda com as alterações dos nomes de vias e outros locais públicos, mesmo aqueles que causam repulsa. "Temos uma escola chamada Filinto Müller, que foi um dos chefes da polícia repressiva do governo de Getúlio Vargas. Tem gente que acha que deveríamos trocar, mas trata-se de uma representação do conceito histórico daquela época."

Conheça abaixo três ruas da região que têm histórias para contar:

Vergueiro


A Estrada do Vergueiro, hoje escondida na Vila Balneária, em São Bernardo, já foi tão extensa que ligava a Praça da Sé, na Capital, a Santos, no Litoral. A via de 80 quilômetros foi fragmentada e passou a ter diversos nomes, entre eles Avenida Dr. Rudge Ramos, Avenida Senador Vergueiro, Rua Marechal Deodoro, Avenida José Fornari, Avenida General Barreto de Menezes, Estrada Velha do Mar.

Foi inaugurada em 1863 para substituir a já degradada Estrada da Maioridade, principal ligação entre São Paulo e Santos nos tempos do Império. Hoje o trecho que restou reúne alguns motéis, comércios, casas simples e muitos buracos.

A comerciante Miriam Maria Matos, 56 anos, ficou surpresa ao saber que pessoas importantes para a história do País, como Dom Pedro II, que deu nome à antiga Estrada da Maioridade, passaram por ali. "Mas acho que todos são importantes, cada um a seu modo. Criei meus seis filhos e construí a história da minha família aqui também", garante ela, que vive há quase 20 anos no bairro.

Avenida dos Estados

Outra rua cheia de histórias para contar é a Avenida dos Estados, muito confundida com a Avenida do Estado da Capital. Mas não se trata da mesma via, já que a Avenida dos Estados original tem esse nome porque, da Rua José Franco à Vila Santa Terezinha, todas as vias que desembocavam nela tinham nomes de Estados brasileiros.

Escondido em um canto de uma imobiliária de construção moderna na Vila Santa Terezinha, anúncio publicitário sem data definida chama os andreenses para conhecer o loteamento às margens da Avenida dos Estados e suas indústrias. "Localizado entre as estações de Santo André e Utinga, com 54 trens diários que vão à Capital de 15 em 15 minutos, o lugar é ideal para morar", garante a propaganda.

A via tornou-se sinônimo de problemas a partir da década de 1970, motivando, inclusive, o movimento SOS Avenida dos Estados, criado pelo Diário em 1996 e que, em quatro meses, conseguiu 40 mil assinaturas de apoio.

Avenida Alda

Em Diadema, a Avenida Alda é trajeto obrigatório para quem passa pelo Centro da cidade. No entanto, poucos sabem quem foi a mulher que dá nome à movimentada via. Ela era filha do proprietário de terras Alberto Simões Moreira, que em 1920 comprou parte do sítio de Antônio Piranga e deu início ao loteamento da Vila Conceição.

Foi a família quem abriu a estrada para facilitar o acesso ao sítio, que cultivava e vendia uvas. O coordenador do Centro de Memória de Diadema, Absolon de Oliveira, explica que nos anos 1940, a casa construída por Alberto Simões foi cedida às Irmãs do Espírito Santo, ordem religiosa que fundou o Lar Santa Joana para meninas órfãs, que se tornaria depois a primeira escola feminina da cidade. Com a movimentação de moças no local, nada mais justo que dar à praça da Avenida Alda a homenagem, e a área verde se tornou Praça da Moça.

O vínculo de Alda com a cidade não parou no nome da avenida. Segundo Oliveira, ela teve participação ativa na criação da Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) da cidade e atuou na área social até a morte, em maio de 2003.

Por Camila Galvez - Diário do Grande ABC
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