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Refúgio no litoral
DATA DA PUBLICAÇÃO 14/01/2016 | Turismo
Rolê para conscientizar
Marco Aurelio Ferreira, 38 anos, de São Bernardo, sempre teve curiosidade e prazer em desbravar a natureza. “A plenitude gerada ao me sentir parte do meio sempre me priorizou na busca de um novo destino”, diz. E foi na volta de uma trip para a Tailândia, no fim do ano, que o comerciante decidiu esticar a viagem para a Ilha do Cardoso, extremo Sul do Litoral de São Paulo, em Cananeia.

O motivo? Ele explica: “Após mergulhos e conversas embarcadas no Mar de Andamão, Oceano Índico, descobri que a vida oceânica está morrendo, mas é preciso esperança. Por isso, resolvi observar o que está acontecendo em casa, região importante de Mata Atlântica e um dos maiores biomas da humanidade.”

Confira o relato.

“A viagem começou na comunidade do Marujá, passando por Jureia do Sul e Peruíbe. Notamos – eu e meu amigo Luis Fernando Marson – o turismo acelerado e degenerativo nesta época com milhares de humanos brotando num gigantesco ataque de sujeira e barulho. Não foi encontrada qualquer placa explicando a importância daquele meio. Seguimos para o Vale do Ribeira, em Iporanga, com o objetivo de visitar cavernas, caminhar e observar a flora atlântica.

Nosso tour foi direto para o Petar (Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira), guiados por Edinalva, monitora nascida e criada em Bombas, antigo quilombo onde o acesso se dá a pé ou a cavalo. Tivemos o prazer de escutar sobre a flora e tomar um banho gelado na cachoeira Beija-flor, que só pelo nome já dá para imaginar o porquê. Iporanga continua nobre! De lá, seguimos para Cananeia para esperar pelo amigo Mario Augusto Domingues, passando pela imponente cachoeira do Queda do Meu Deus, em Eldorado.

Recebidos por Delma Martinelli, da pousada Del Mare, descansamos uma noite. Optamos por camping e por preparar nossas refeições, o que dá imenso prazer. Na manhã seguinte, seguimos até a comunidade de pescadores do Ariri, ponto de partida para Cardoso. Almoçamos no restaurante da Dona Maria Dalva. O acesso ao Ariri se dá apenas com veículos 4x4.

Barco carregado com prancha de surfe e de stand up paddle seguimos pelo imenso canal do Araripe, passando pela Cidade Fantasma. Com apenas um habitante, o zelador preserva a igreja de São José do Araripe. Mais dez minutos e lá estava ele: o trapiche do Marujá. Enorme alegria ver o velho pier com suas grades amarelas dando boas-vindas. Gratidão ao montar o acampamento no quintal da Débora e ir dar as primeiras badaladas no sino da capela de São Vito. Desconectada do mundo, a comunidade do Marujá conta com um orelhão comunitário. Nada de wi-fi, de operadoras de telefonia e de energia elétrica.

Marujá conta com, aproximadamente, 58 famílias e abriga, no máximo, 1.000 visitantes na alta temporada. O comércio é restrito a serviços de barco com traslados e alguns restaurantes que servem modestos pratos caiçaras. De acordo com Vandeco, irmão de uma moradora da ilha, ‘não existe mais peixe e não se surpreenda se o restaurante servir peixe de supermercado. Ou o morador ganha com o turista ou vai passar fome no inverno, porque peixe não tem.’ E foi exatamente o que observei na Tailândia: o oceano está morrendo no mundo inteiro.

O problema não para por aí: ao passar pela linda restinga e por seus biomas incríveis, me deparei com a Praia do Marujá forrada de lixo. E não pense que é lixo gerado pela ilha e turismo. O lixo está vindo com a maré, de todo o mundo. Nosso exclusivo bioma corre risco iminente de morte e é por este motivo que mais escrevo. Mas há esperança de que possa mudar.

Ao remar pelo canal do Araripe, pude observar as margens lindas dos mangues. Percebi caranguejos vermelhos correndo da água de marola vinda de grande catamarã grande para navegar naquele canal. Além disso, a marola gerada por grandes embarcações ‘arrasta’ a areia do mangue, decompondo a fração de restinga e comprimindo a vegetação que se rende pouco a pouco ao canal.

Apesar do alerta, a Ilha do Cardoso continua linda como há 20 anos com seus costões rochosos e praias, moradores queridos e natureza selvagem. Só precisamos de um pouco de esforço para manter esse e outros destinos que tanto arrancamos e nada conservamos.

Por Marco Aurelio Ferreira - Diário Online
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