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DATA DA PUBLICAÇÃO 18/08/2010 | Setecidades
Rodoanel eleva preço até de barraco
A gigantesca remoção que a Dersa, autarquia do governo do Estado, faz no Jardim Oratório, em Mauá, para dar lugar as obras complementares do trecho Sul do Rodoanel (extensão da avenida Papa João 23 e interligação com a avenida Jacu-Pêssego, na Capital), movimenta o comércio de moradias irregulares. Recebendo indenizações apenas pelas benfeitorias das casas, uma vez que o Jardim Oratório é também um núcleo de ocupação, as quase duas mil famílias que deixaram e ainda deixam suas casas se veem obrigadas a ocupar outros núcleos na cidade. E, para isso, contam com a ajuda inclusive de funcionários da própria empresa.

De acordo com moradores e lideranças comunitárias, funcionários da imobiliária Construterra percorrem o bairro desde o início das desapropriações, no começo de 2009, oferecendo casas sem documentação em bairros como Parque das Américas, Jardim Zaíra, Vila Assis e Vila Feital. Em muitos casos, os corretores acompanhavam as visitas dos assistentes sociais aos moradores, que deveria acontecer apenas para negociar os valores das indenizações.

“Quando toda a cidade ficou sabendo das remoções aqui no Oratório, começaram as especulações. Os corretores da Construterra achavam as famílias através dos próprios assistentes sociais. Como a justificativa das famílias para tentar negociar os valores das indenizações era sempre que as quantias oferecidas não compravam outra casa, e isso atrasava mais as desapropriações e a obra, os assistentes passaram a levar os corretores que ofereciam casa, barraco, qualquer coisa, em outras favelas por aquele valor pequeno”, relata a presidente da Associação de Bairro do Jardim Oratório, Vânia Buré.

Foi exatamente por essa situação que o entregador de gás Gildizio Teles da Silva, 48 anos, passou no início do ano. Morador há 17 anos do Oratório, Silva recebeu da Dersa R$ 19 mil pela casa onde morava. Sem alternativa, aceitou a oferta de um dos corretores na Vila Assis. “Eu dizia às moças que vinham aqui falar do dinheiro que não tinha como sair. Era sair para morar na rua com o que elas queriam me dar. Na terceira ou quarta vez que elas me procuraram, o homem da imobiliária veio junto e me falou desse cômodo na Vila Assis e eu fui. Era o único jeito”, lembra Silva.

O ABCD MAIOR procurou a imobiliária Construterra, e um dos corretores, que pediu para não ser identificado, confirmou a venda de casas irregulares. “Temos casas de todos os valores, de todos os tamanhos. Algumas até têm documentação, isso depende do preço. Vendemos mais sem documentação porque tem gente lá que está recebendo muito pouco mesmo, e aí não tem outro jeito. E, nesse caso, o morador não paga IPTU, luz e água, é mais vantajoso também. A maioria das casas que vendi para o pessoal do Oratório foi no Parque das Américas. Tem essa coisa de pessoal que já era vizinho ficar próximo”, contou.

Mesmo recebendo indenizações de maior valor, como é o caso do estudante Jorge Henrique Pereira da Silva, 18 anos, que mora há três anos em um sobrado no Oratório, e que irá receber da Dersa R$ 90 mil, alguns moradores preferem comprar casas sem documentação. “Com o que consegui dá para comprar uma casa regular, mas muito pequena. Quero uma que seja parecida com a que já tenho, com garagem grande, quintal, vários quartos. A família é grande e a gente gosta de espaço”, disse o estudante, que comprou uma casa no Parque das Américas.

Até o início de maio a Dersa já havia removido 1.633 famílias no bairro, e mais 320 ainda seriam removidas. A Dersa foi procurada pela reportagem para confirmar ou não se orientou os assistentes sociais a visitar as famílias acompanhados dos corretores, ou se tinha conhecimento da prática, mas não deu retorno.

Por Carol Scorce - ABCD Maior
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