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DATA DA PUBLICAÇÃO 19/04/2010 | Geral
Rio conhece há mais de 30 anos riscos em morro onde deslizamento matou 30 pessoas
Há ao menos 36 anos, a Prefeitura do Rio de Janeiro sabe que o morro dos Prazeres, em Santa Teresa, na região central da capital, é uma área com alto risco de deslizamentos de terra. Mas, desde então, a ocupação cresceu. E, apesar da ocorrência de desabamentos, os moradores da região dizem que as intervenções para conter as encostas deixaram de ser feitas há sete anos.

Um relatório de avaliação de risco feito pela Geo-Rio (Instituto de Geotécnica do Município) para justificar as demolições e a desocupação da área após as chuvas da semana passada expõe as características do terreno e registra vistorias feitas no morro desde 1974.

O documento aponta que a parte mais afetada pelos deslizamentos durante as chuvas dos dias 5 e 6 deste mês, quando morreram ao menos 30 pessoas, é caracterizada por um “perfil de intemperismo”. O termo significa que um conjunto de agentes atmosféricos e biológicos provocam a degradação química da terra e da rocha no local. Ali, diz o relatório, a camada do solo é fina, não compacta, e fica sobre a rocha, assim como em Angra dos Reis, onde, no Ano Novo, a chuva provocou uma série de deslizamentos de terra e mais de 70 mortes.

O documento explica que a ocupação na parte superior do morro causou o aparecimento de declives em direção ao morro do Escondidinho, onde também ocorreram deslizamentos. Nesse trecho, a inclinação é de 80%, diz o relatório.

O banco de dados da Geo-Rio mostra que, entre 1974 e 2006, foram feitas 47 vistorias que encontraram 39 ocorrências - uma delas, em 1979, com o registro de mortes. O órgão admite no documento que, para os morros do Escondidinho e dos Prazeres, os investimentos da prefeitura nas últimas décadas não foram suficientes para preservar as vidas e as características do morro.

Entre as décadas de 1990 e os anos 2000, foram feitas intervenções de contenção de encosta no Prazeres por meio do projeto Favela-Bairro, já extinto. Na época, o morro tinha cerca de 5.600 moradores. Atualmente, segundo cálculos da associação de moradores, são aproximadamente 9.000 habitantes.

Eliza Rosa Brandão da Silva, presidente da associação, ressalta que, ao menos desde 2003, ela e outros moradores enviaram ofícios à prefeitura pedindo obras de contenção nos mesmos moldes do Favela-Bairro. Os pedidos foram em vão. Exatamente nos pontos onde as obras foram solicitadas houve deslizamento de terra.

- Onde foram feitas as obras do Favela-Bairro não houve nem abalo, não aconteceu nada. Onde ocorreram os danos foi onde não tinha contenção. Não houve continuidade das obras, manutenção de esgotos, nada. Agora que morreram 30 pessoas eles [prefeitura] aparecem.

O R7 procurou a assessoria de imprensa da prefeitura para comentar o fato, mas até a publicação da reportagem não obteve retorno sobre o assunto. A reportagem também questionou a Geo-Rio sobre obras de contenção na cidade. O órgão enviou uma lista de obras nos últimos anos e nenhuma delas havia sido executada no morro dos Prazeres.

A prefeitura usa agora o documento para justificar a remoção dos moradores e a demolição de mil casas na comunidade. "O extenso histórico de ocorrências para a comunidade" é um dos motivos apontados no relatório para a retirada das casas.

Morador do morro desde que nasceu, há 60 anos, Francisco Polito, conhecia todas as pessoas que morreram. O maior deslizamento da comunidade aconteceu ao lado de sua casa. Ele diz que a parte que despencou era nova, de pouco mais de dez anos. Nunca houve fiscalização da prefeitura para impedir a ocupação, diz ele.

- Antes [ na década de 1990], havia um critério, um mapeamento. A comunidade não crescia mais. Depois, não teve mais isso.

Por Carolina Farias, do R7 no Rio
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