DATA DA PUBLICAÇÃO 11/12/2010 | Turismo
Revitalização ameaça rotina de moradores da ''cidade dos mortos'' no Cairo
Na cidade mais povoada da África, dezenas de milhares de cairotas vivem entre os túmulos de um cemitério, conhecido como "cidade dos mortos", que o governo egípcio quer transformar em um parque.
Aos pés da montanha de Muqatam, no sul de Cairo, Al Qarafa é um enorme cemitério coberto por mausoléus de membros da dinastia ayubí (1171-1260) e de sultãos mamelucos (1260-1517), entre outros.
Há décadas, os cadáveres com ou sem linhagem convivem com novos moradores como Baala Ali, uma amável senhora de 70 anos que há mais de meio século ocupa um lugar no cemitério.
"Estou muito feliz de viver aqui porque estou perto dos túmulos dos meus pais", relatou Baala à agência de notícias Efe, rodeada por suas netas e sentada entre sepulturas no pátio dos fundos de sua casa.
A vizinhança entre mortos e vivos que transformou o cemitério em uma cidade recheada de lojas, mercados, cafés e oficinas, está ameaçada por um projeto das autoridades egípcias, interessadas em revitalizar a cara da cidade e acabar com a asfixiante ausência de zonas verdes.
O projeto batizado como Cairo 2050 contempla uma reforma que pretende transferir os cemitérios modernos para zonas afastadas do centro da capital, como Novo Cairo e 6 de Outubro, enquanto os túmulos com alto valor histórico se integrarão ao parque, explicou arquiteto Ayman Ashour.
De acordo com Ashour, professor de Arquitetura e Planejamento Urbana da Universidade cairota de Ain Shams e assessor do Ministério da Habitação egípcio, a capital carece de áreas verdes.
Além disso, a iniciativa proporcionará "casas dignas" em outros bairros aos atuais residentes do cemitério, uma promessa que o morador Mohammed Ahmed, 42, afirmou já ter escutado anteriormente.
"Vivi aqui durante 40 anos porque não havia outro lugar no Cairo para toda minha família. Graças a Alá tenho um teto", contou Ahmed que enumera as vantagens de viver em "um bairro tranquilo e sem muitos problemas".
Quem compartilha da mesma opinião é Reda Saki, um aposentado de 55 anos que trabalha como guia para os poucos turistas que se aventuram pelo cemitério. "Não passa nada por viver aqui porque não há muitos carros nem barulho", afirma.
Apesar do orgulho de seus habitantes, que insistem em descrever o lugar como um reduto de paz frente ao caos da megalópole cairota, o arquiteto Ashour ressalta que a metade de seus residentes se sentem envergonhados quando lhes perguntam por seu endereço.
"Os moradores também sofrem com a sujeira, o analfabetismo, o desemprego e a falta de segurança", acrescenta o arquiteto, que indica além disso que só 25% dos inquilinos do cemitério tem um emprego relacionado com o serviço funerário.
Tal precariedade levou jovens como Kamel Hasan, 27, a fazer as malas e se mudar para outros distritos de Cairo. Na cidade dos mortos, onde ainda vive seu pai, "não há saneamento básico nem hospitais e escolas".
"O governo tem que construir esse parque. Seria bom para o turismo", defendeu Hasan, proprietário de uma humilde loja localizada na frente da mesquita do sultão Qa'it Bay, uma joia arquitetônica construída em 1472.
À espera que as autoridades concretizem seu plano e as máquinas e os operários acabem com a calmaria do lugar, Saki passa seus dias nas estreitas ruas do cemitério, onde seus vizinhos conversam tranquilamente.
"Aqui nasceu meu pai e aqui serei sepultado, no meio de uma paz espiritual", conclui.
Aos pés da montanha de Muqatam, no sul de Cairo, Al Qarafa é um enorme cemitério coberto por mausoléus de membros da dinastia ayubí (1171-1260) e de sultãos mamelucos (1260-1517), entre outros.
Há décadas, os cadáveres com ou sem linhagem convivem com novos moradores como Baala Ali, uma amável senhora de 70 anos que há mais de meio século ocupa um lugar no cemitério.
"Estou muito feliz de viver aqui porque estou perto dos túmulos dos meus pais", relatou Baala à agência de notícias Efe, rodeada por suas netas e sentada entre sepulturas no pátio dos fundos de sua casa.
A vizinhança entre mortos e vivos que transformou o cemitério em uma cidade recheada de lojas, mercados, cafés e oficinas, está ameaçada por um projeto das autoridades egípcias, interessadas em revitalizar a cara da cidade e acabar com a asfixiante ausência de zonas verdes.
O projeto batizado como Cairo 2050 contempla uma reforma que pretende transferir os cemitérios modernos para zonas afastadas do centro da capital, como Novo Cairo e 6 de Outubro, enquanto os túmulos com alto valor histórico se integrarão ao parque, explicou arquiteto Ayman Ashour.
De acordo com Ashour, professor de Arquitetura e Planejamento Urbana da Universidade cairota de Ain Shams e assessor do Ministério da Habitação egípcio, a capital carece de áreas verdes.
Além disso, a iniciativa proporcionará "casas dignas" em outros bairros aos atuais residentes do cemitério, uma promessa que o morador Mohammed Ahmed, 42, afirmou já ter escutado anteriormente.
"Vivi aqui durante 40 anos porque não havia outro lugar no Cairo para toda minha família. Graças a Alá tenho um teto", contou Ahmed que enumera as vantagens de viver em "um bairro tranquilo e sem muitos problemas".
Quem compartilha da mesma opinião é Reda Saki, um aposentado de 55 anos que trabalha como guia para os poucos turistas que se aventuram pelo cemitério. "Não passa nada por viver aqui porque não há muitos carros nem barulho", afirma.
Apesar do orgulho de seus habitantes, que insistem em descrever o lugar como um reduto de paz frente ao caos da megalópole cairota, o arquiteto Ashour ressalta que a metade de seus residentes se sentem envergonhados quando lhes perguntam por seu endereço.
"Os moradores também sofrem com a sujeira, o analfabetismo, o desemprego e a falta de segurança", acrescenta o arquiteto, que indica além disso que só 25% dos inquilinos do cemitério tem um emprego relacionado com o serviço funerário.
Tal precariedade levou jovens como Kamel Hasan, 27, a fazer as malas e se mudar para outros distritos de Cairo. Na cidade dos mortos, onde ainda vive seu pai, "não há saneamento básico nem hospitais e escolas".
"O governo tem que construir esse parque. Seria bom para o turismo", defendeu Hasan, proprietário de uma humilde loja localizada na frente da mesquita do sultão Qa'it Bay, uma joia arquitetônica construída em 1472.
À espera que as autoridades concretizem seu plano e as máquinas e os operários acabem com a calmaria do lugar, Saki passa seus dias nas estreitas ruas do cemitério, onde seus vizinhos conversam tranquilamente.
"Aqui nasceu meu pai e aqui serei sepultado, no meio de uma paz espiritual", conclui.
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