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DATA DA PUBLICAÇÃO 05/11/2009 | Educação
Reitora da USP é acusada de plágio em estudo sobre vírus
A USP abriu uma sindicância interna para apurar uma acusação de plágio contra a reitora Suely Vilela e mais dez pessoas. Na prática, a universidade vai investigar sua própria reitora.

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O grupo formado por bioquímicos e farmacêuticos publicou um trabalho em 2008 com três figuras idênticas a um outro estudo, que saiu em 2003. A pesquisa mais antiga está assinada por um grupo da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), autor da denúncia.

O estudo assinado pela microbiologista Angela Hampshire Soares e outros sete colaboradores é sobre a eventual aplicação de uma substância extraída da planta sacaca (típica da Amazônia) para o controle da leishmaniose, as imagens que geraram acusação de plágio retratam ação da substância.

Um dos objetivos da pesquisa da USP é investigar se uma substância isolada da jararaca é útil contra o vírus da dengue.

A reitora Suely, que é bioquímica, é uma das coautoras do trabalho. O principal autor da pesquisa é Andreimar Soares, professor da USP de Ribeirão Preto. O grupo nega que houve má-fé.

A cópia não se resume às três imagens idênticas de microscopia eletrônica que aparecem nas duas pesquisas.

Dois trechos do texto do artigo de 2008, publicado pela revista "Biochemical Pharmacology", são semelhantes a parágrafos que constam do artigo original, editado na revista americana "Antimicrobial Agents and Chemotherapy".

No artigo científico do grupo da USP não existe nenhuma referência ao trabalho anterior, de 2003. As chamadas referências bibliográficas formam um item obrigatório, e elementar, de todo texto de pesquisa.

"Estamos todos chateados e perplexos [com o uso das imagens]", diz Rodrigo Stábeli, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz em Porto Velho, Rondônia. Ele é um dos 11 autores do trabalho suspeito de plágio. Especialista em estudos de proteínas, Stábeli não participou diretamente das pesquisas realizadas em Ribeirão Preto.

O cientista é a favor da sindicância, que deverá mostrar, segundo ele, que o suposto plágio é fruto de um equívoco.

O artigo publicado em 2008, assinado pelas 11 pessoas e, portanto, sob responsabilidade de todos, surgiu a partir da tese de doutorado da, na época, aluna Carolina Sant'Ana.

Após ter obtido o título de doutora, a pesquisadora, hoje, não está mais na universidade. Segundo o grupo acusado de plágio, uma confusão da aluna, que teria usado as imagens em seminário interno na faculdade, é o que poderia explicar as cópias. Ela não foi localizada.

A USP possui um portal eletrônico exclusivo para as teses defendidas na universidade. O trabalho de Sant'Ana, depositado em 2008, não estava disponível para consulta ontem.

Na história recente da USP, não é a primeira vez que pesquisadores são acusados de plágio. Em 2008, Alejandro de Toledo, diretor do Instituto de Física da USP, e Nelson Carlin Filho, vice-diretor da Fuvest, foram investigados. O caso terminou com uma moção de censura ética contra os cientistas.

Outro lado

A reitora Suely Vilela afirma que o eventual plágio será devidamente apurado. "Sobre as acusações referidas, de uso indevido de obra alheia anterior, já foi instaurada a competente sindicância administrativa para apuração dos fatos", disse a reitora por meio de nota.

Apesar de 11 cientistas terem assinado o trabalho, como é comum na comunidade científica, cada um fez a sua parte. No caso das imagens que foram copiadas, Suely diz não ter nenhuma responsabilidade.

"O trabalho mencionado é resultado da tese de doutorado da aluna Carolina Dalaqua Sant'Ana, que foi orientada pelo professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto Andreimar Martins Soares", afirma a nota.

Segundo a reitora, a participação dela no estudo ocorreu em outra área. "Minha colaboração com o docente é na área de isolamento e purificação de toxinas animais, matéria distinta em relação às passagens e imagens questionadas."

A Folha não conseguiu localizar a aluna. O professor Soares está na Costa Rica a trabalho e também não foi localizado. Segundo Rodrigo Stabeli, um dos coautores do trabalho, o pesquisador da USP de Ribeirão Preto estará de volta ao Brasil em dez dias aproximadamente para fazer a defesa do grupo na sindicância interna movida pela universidade.

Em casos de supostos plágios, o caminho mais usado para informar à comunidade científica o que ocorreu de fato é fazer uma espécie de autodenúncia. Isso costuma ser publicado nas revistas que veicularam os trabalhos.

Stabeli afirmou que essa retratação, por escrito, já foi enviada para as duas publicações em questão. "E mandamos também isso para a professora Angela [Soares, da UFRJ]", a principal autora do trabalho onde estavam as três imagens.

O grupo da UFRJ, autor da denúncia de plágio que gerou o processo na USP, não falou sobre o caso.

Por Eduardo Geraque - Folha de São Paulo
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