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DATA DA PUBLICAÇÃO 16/05/2008 | Setecidades
Região tem o melhor colégio estadual de São Paulo
Por mais que pareça uma justificativa cômoda ao Estado, do tipo ‘quem quer consegue', não há outro motivo senão "força de vontade" para explicar porque a Escola Estadual Papa Paulo VI, na Vila Bela Vista, em Santo André, é a melhor escola estadual de São Paulo . O colégio foi o mais bem qualificado no Idesp (Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo), cujos resultados foram divulgados quinta-feira.

O índice é o resultado do desempenho dos alunos no Saresp (Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo), e do índice de aprovação em cada nível de ensino das escolas. Cada umas das 5.183 escolas ganhou um índice para 2007 e metas anuais. Até 2030, o Estado espera que elas atinjam média sete (1 a 4ª série), seis (5 a 8ª série) e cinco no ensino médio e, possam ser comparadas ao padrão dos países desenvolvidos.

A realidade da Papa Paulo VI não é diferente das demais: salas superlotadas, uma única servente para o colégio todo, quadra carecendo de reformas e a violência batendo à porta freqüentemente. Talvez por isso a melhor nota do Idesp tenha sido tão baixa: 6,21.

O que a difere das demais é um grupo de profissionais motivados, segundo a diretora da instituição, Mirtes de Fátima Machado. 70% dos docentes são titulares concursados. Estão há anos na instituição e podem avaliar as evoluções e dificuldades de cada aluno. E isso não só no campo pedagógico. Segundo Mirtes, os aspectos sociais e familiares dos estudantes são problemas tratados no Conselho de Classe, em conjunto, por todos os professores que têm contato com o mesmo aluno. "Não avaliamos só as notas deles. Estamos preocupados com a formação em geral", diz a diretora.

A escola usa métodos alternativos de ensino para as aulas. "Se uma turma tem dificuldade em matemática, por exemplo, deixamos eles fazerem jogos de tabuleiro e tocar instrumentos musicais - que ficam à disposição também nos intervalos". Assuntos do cotidiano, como namoros ou tratamento de preconceitos, viram temas de atividades em conjunto.

Tudo isso, segundo a diretora, para criar nos alunos o hábito de se concentrar em assuntos específicos. "Hoje, tudo é muito rápido. Os filmes são agitados, as notícias, a internet, os jogos, tudo isso resulta em crianças com dificuldade de concentração. Ensinamos os alunos a se concentrara para aí sim aplicar o conteúdo", diz Mirtes.

Essa "receita de sucesso" acaba contrariando o novo modelo pedagógico do Estado - que padronizou os livros e a ordem de aprendizagem das matérias há um mês. Com esse modelo, há pouco espaço para todas essas atividades alternativas. "Ainda estamos testando o sistema. Nosso desafio é mixar esse modelo com as atividades que fazemos", diz a diretora.

A APM (Associação de Pais e Mestres) não cobra contribuições fixas mas aceita doações. O dinheiro este ano, por exemplo, será usado para a compra de remédios para piolho - outra prova de que a Papa Paulo VI vive a mesma realidade de todas as outras.

Ensino médio da região tem nota 1,54
Em uma escala de zero a dez, o ensino médio do Grande ABC tem nota 1,54. O número é ligeiramente maior da média observada no Estado, de 1,41. O resultado é muito baixo considerando que a nota do Idesp (Índice de Desenbolvimento da Educação do Estado de São Paulo) resultaria em uma média de aprovação igual a seis se fosse uma prova escolar.

O Idesp é obtido a partir de um outro índice, o Saresp (Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo) - que analisa capacidades cognitivas de leitura e escrita dos estudantes - com a avaliação do nível de aprovação desses alunos.

As escolas piores avaliadas do ABC foram a Rener Caram, de Santo André, e a Mercedes Valentina Giannocardio, de Mauá, ambas com nota 0,46.

Em Diadema, das 32 unidades da rede, 30 receberam nota abaixo de dois. Em São Bernardo, entre as 58 avaliações, apenas 12 foram superiores a este número,

No primeiro ciclo do ensino fundamental, da 1 a 4ª série, o ABC está abaixo do Estado. A média das notas divulgadas pela Secretaria da Educação é 3,18, contra 3,23 do Estado. Os números poderiam ser ainda mais alarmamentes caso o ensino em São Caetano e São Bernardo - cidade que abriga o maior volume de alunos do ABC - não tivesse sido municipalizado.

Os piores índices aparecem em Santo André, onde quatro escolas receberam nota abaixo de dois: João Baptista Marigo Martins (1,71), Nelson Pizzotti Mendes (1,58), João de Barros Pinto (1,52) e Alipia Cabral Silveira (1,49).

Ensino fundamental - A nota para o ensino de 5 a 8ª série no Grande ABC é de 2,54, bem próxima da média estadual de 2,55.

A secretária da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro, disse quinta-feira durante o lançamento do Idesp que o objetivo dos números não é comparar uma escola com a outra e sim, permitir que ela própria se compare. "Anualmente vamos estipular metas factíveis que ajudarão a melhorar o projeto pedagógico da escola."

A gerente do Programa de Qualidade da Escola, Priscila Alburquerque Tavares, afirmou que o Estado desenvolverá um plano emergencial que inclui melhorias na infra-estrutura e capacitação aos professores às escolas com dificuldade em cumprir as metas. Por outro lado, para quem apresentar bom desenvolvimento haverá bônus que completam os salários.

Vulnerabilidade - A melhor e a pior nota do Idesp no Grande ABC saíram de escolas de Santo André. O governador José Serra acredita que a condição socioeconomica dos alunos é um fator que deve ser levado em conta para explicar esta disparidade. "Temos que enfrentar isso diminuindo, inclusive, as faltas dos alunos nas escolas de menor rendimento. Nós estamos atacando todas essas frentes. O que nós fizemos foi um exame realista e já começamos a adotar medidas para melhorar isso, como por exemplo, colocando duas professoras por sala de aula no ensino, uma titular e uma assistência."

Na edição do dia 30 de março, o Diário publicou que mais da metade das escolas estaduais do Grande ABC está em locais com elevados índices de vulnerabilidade social, segundo pesquisa realizada a pedido da Secretaria do Estado de Educação.

O levantamento aponta que, das 344 escolas estaduais da região, 184 (53%) estão em áreas de risco. A pesquisa avaliou aspectos econômicos e sociais como baixa escolaridade, pouca renda familiar, carência de saneamento básico, falta de segurança e pouco acesso a transporte público. (Colaborou Kelly Zucatelli)

Ex-ministro acredita que sistema de ensino esteja errado

O ex-ministro da Educação e atual deputado federal Paulo Renato de Souza (PSDB) não se surpreende com os números apontados pelo Idesp. "O sistema de ensino está errado. Há estímulos aos professores para que eles façam cursos adicionais, mas isto não quer dizer que os alunos irão aprender mais. As escolas não preparam os professores para as salas de aula e eles não sabem alfabetizar", afirma. Souza acredita que o Idesp seja um primeiro passo para voltar o ensino à aprendizagem. "É preciso fazer algo para o aluno aprender."

A pedagoga e professora de políticas públicas de educação infantil na Puc, Maria Angela Barbato Carneiro, atribui as baixas notas do ensino à falta de políticas públicas para educação. "As classes estão superlotadas, os professores são desvalorizados, as escolas estão sucateadas. Nada mais atrai no ensino público." Ela compara a situação à um barril de pólvora que pode estourar a qualquer momento. (Vanessa Fajardo)

Por Bruno Ribeiro e Vanessa Fajardo - Diário do Grande ABC
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