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DATA DA PUBLICAÇÃO 26/01/2009 | Cidade
Região gasta R$ 51,6 milhões por ano com coleta de lixo
Os mais de 2,5 milhões de habitantes das sete cidades do Grande ABC produzem cerca de 2.000 toneladas de lixo por dia. A coleta, o transporte, a triagem e o descarte de todo esse material consomem cerca de R$ 51,6 milhões por ano.

São Bernardo lidera. Maior população da região, com cerca de 800 mil habitantes, a cidade produz, mensalmente, 19 mil toneladas de resíduos, gastando R$ 1,5 milhão com o serviço. Santo André recolhe pouco menos - 18.500 toneladas por mês, mas empenha o mesmo valor mensal no tratamento do lixo. Em seguida está Diadema, que produz 8.600 toneladas, pagando R$ 990 mil. Mauá gera outras 7.000 toneladas a cada 30 dias e gasta R$ 150 mil.

São Caetano foi a única cidade que não forneceu o custo mensal. A administração calcula recolher cerca de 5.000 toneladas. Ribeirão Pires registra outras 2.000 toneladas, consumindo R$ 101 mil mensais. Rio Grande da Serra coleta 550 toneladas por mês. O serviço gera despesa de R$ 60 mil.

Com exceção de Santo André, que acondiciona o material em área municipal, as demais cidades encaminham seu lixo para aterro sanitário instalado em Mauá - administrado e operado pela empresa Lara.

Para o geógrafo e professor de pós-graduação em Meio Ambiente da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Minas Gerais, Maurício Waldman, os pesos na balança estão em desequilíbrio. "Em princípio, o Grande ABC produz 16% do lixo da Região Metropolitana de São Paulo, mas representa 13% da população, então, está maior do que a média. Independentemente disso, o fato é que o lixo domiciliar diário que a região produz é muito grande. Cidades com essa população geram menos lixo."

O índice reciclado de todo esse montante é ínfimo. Ainda que todas as cidades desenvolvam trabalho com cooperativas de reciclagem, nenhum município consegue dar novo fim para mais do que 4,5%.

Autor de publicações sobre o tratamento de lixo, Waldman aponta outro pormenor que merece a atenção das administrações. "Uma má política de resíduos sólidos no Grande ABC tem um agravante porque é uma região que, em principio, seria uma grande produtora de água."

Resíduo poderia gerar R$ 200 milhões

Lixo é sinônimo do que não presta, do que não tem mais valor, ou do que pode ser rejeitado ou substituído sem qualquer prejuízo. Para o presidente do Instituto Brasil Ambiente, Sabetai Calderoni, economista, doutor em ciências e autor do livro Os Bilhões Perdidos no Lixo, a comparação é improcedente, já que, se bem aproveitados, os resíduos podem se tornar sinônimo de economia.

"Um município com 200 mil habitantes gasta R$ 8 milhões com o lixo. Se cruzarmos o valor econômico desses resíduos, ele teria R$ 15 milhões. A cidade gasta R$ 8 milhões para enterrar R$ 15 milhões, perdendo então, um total de R$ 23 milhões. No caso do ABC, a fração é muito maior. Com o gasto de cerca de R$ 50 milhões, a região poderia economizar até R$ 200 milhões."

Calderoni definição os resíduos como "um conjunto de matérias-primas preciosas que, por um equívoco do olhar ou por uma deformação cultural, é chamado de lixo".

Para o autor, por meio da implementação de um processo de reciclagem integral dos resíduos, tudo aquilo que um dia foi jogado fora pode receber nova serventia.

Começando pelo lixo domiciliar, cuja matéria orgânica pode se transformar em adubo e fertilizante com potencial agrícola e possibilidade de comércio com a indústria. "O material seco, o papel, o plástico, o alumínio e o vidro, permitiriam outro ganho considerável. Eles podem retornar ao ciclo produtivo, virando novos ou os mesmos produtos, com vida semelhante à que tiveram anteriormente. Não há motivo para usar matérias-primas virgens se é possível reaproveitar. Isso é feito no Brasil inteiro, mas não tanto como deveria", disse Calderoni.

"Depois, tem o entulho - resíduo da construção civil e demolições - que pode ser usado em quatro frentes pelas prefeituras: no plano habitacional, desenvolvendo materiais como tijolos; no plano de drenagem, fazendo boca-de-lobo, guia e sarjeta; no plano de pavimentação; e no plano de mobiliário urbano, construindo mesas, cadeiras e postes."

Na ótica de Calderoni, "o cidadão tem todas as condições de participar desse processo, mas isso não é uma coisa que funcione suficientemente. O ideal é que a prefeitura implemente um processo sistemático, duplicando o valor econômico dos materiais."

Coleta e reciclagem são garantia de sustento

Se para alguns o lixo provoca asco, para tantos outros, os materiais dispensados a toda hora em todos os dias e lugares, é o objeto de trabalho e sustento da família. Só a CoopCicla, uma das duas cooperativas que realiza a triagem dos resíduos recolhidos em Santo André e encaminhados para o aterro municipal, gera 85 empregos diretos.

Um dos quatro fundadores da cooperativa, Jorge Luis Nunes, 54 anos, trabalha com o lixo na cidade desde a época em que os catadores se organizavam na Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André). Ele sente prazer e muito orgulho do trabalho que faz há 10 anos.

"Falo que trabalho com lixo e as pessoas até gostam. É a minha contribuição para um mundo melhor", diz sorridente, quase perdido entre os fardos de plástico e papelão no depósito da cooperativa.

Com mais de 15 anos de experiência na coleta de lixo e quilometragem a perder de vista, Paulo Roberto da Silva, 51, se sente um atleta, "mesmo com barriguinha."

A comparação faz todo sentido. Tal qual um desportista, a rotina de trabalho do lixeiro alterna corrida e levantamento de peso. "Tem caminhão que percorre trajeto de 25 a 27 quilômetros", explica.

Experiente no ofício, Silva pede ajuda da população. "Separem os cacos de vidro, pois podemos nos cortar. Fechem as sacolas, não pendurem o lixo nas lanças do portão e prendam os cachorros. Eu mesmo já fui mordido", conta."

Por André Vieira - Diário do Grande ABC
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