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DATA DA PUBLICAÇÃO 20/11/2007 | Cidade
Região bate recordes de discriminação
Embora seis dos sete municípios do Grande ABC tenham instituído feriado no Dia da Consciência Negra (hoje) – ou antecipado para a sexta-feira, como no caso São Caetano –, as estatísticas mostram que a região ainda está longe de vencer as barreiras da discriminação racial.

Além de ser o berço de grupos que pregam o ódio a afrodescendentes, as cidades escondem indicadores que impressionam pela desigualdade que revelam entre brancos e negros.

Os números mais gritantes estão em São Bernardo – justamente, o único município da região que não aderiu à folga. De acordo com Dojival Vieira dos Santos, fundador e presidente da ONG ABC Sem Racismo, dos 194.358 negros que moram na cidade (o que equivale a 27,9% do total da população, de 696 mil), 25% são indigentes e outros 50% vivem abaixo da linha de pobreza.

No ranking daqueles que chegam a estar abaixo da linha de indigência, quatro municípios da região aparecem entre os dez primeiros do Estado: São Bernardo, Mauá, Santo André e Diadema.

De acordo com o coordenador do Creppir (Centro de Referência da Políticas de Promoção da Igualdade Racial), Marcos da Silva, a empregabilidade é um dos indicadores da discriminação.

“No Grande ABC, 66% da população negra está no trabalho informal, enquanto que entre os brancos este percentual cai para 33%. Não se vê afro-descendentes no mercado. Para combater isso, os sindicatos precisam mostrar aos empresários a importância de empregar negros, a fim de promover a igualdade racial”, comenta Silva, lembrando que 42% dos 380 mil habitantes de Diadema são afrodescendentes.

Ameaças
Apesar do caráter pacífico das manifestações, alguns grupos temem represálias de grupos neonazistas no Dia da Consciência Negra. Em novembro do ano passado, um salão de beleza no Centro de Santo André, usado para encontros de ativistas do movimento negro, foi pichado com suásticas, frases como “fora macacos” e endereços de sites que pregam o racismo na internet.

“O Negra Sim (Movimento de Mulheres Negras de Santo André) também já foi atacado por um grupo neonazista”, recorda Silva.

Zumbi
O dia 20 de novembro marca a morte de Zumbi, o grande líder do Quilombo dos Palmares, considerado a maior comunidade de escravos foragidos das Américas, com população estimada em mais de 30 mil pessoas no Brasil Colonial dos fins do século 17.

Símbolo da resistência à escravidão, Zumbi foi assassinado e degolado em 1695, pelas forças do capitão André Furtado de Mendonça, durante uma emboscada na Serra Dois Irmãos, em Pernambuco.

Cidades farão caminhadas contra o racismo hoje

O Comitê de Organização e Mobilização pelo Feriado de 20 de novembro em São Bernardo deverá reunir representantes de aproximadamente 30 entidades e movimentos anti-racistas do Grande ABC em frente à igreja matriz de São Bernardo, hoje, às 14h. A intenção é pressionar a Prefeitura a incluir a data no calendário de feriados municipais.

“Esperamos de 200 a 300 pessoas. Depois, decidiremos se vamos à Câmara ou ao local dos eventos culturais”, diz Paulo Leandro Fernandes Pinto, do movimento São Bernardo Sem Preconceito.

Em Santo André, o Fórum Promocional da Igualdade Racial, que está completando 35 anos de existência, fará uma solenidade na Câmara na próxima quinta-feira, às 19h.

“Vamos ter discursos que enfocam o lado histórico do movimento negro na região e queremos inaugurar um centro de referência da cultura afro em Santo André”, explica o maestro João de Campos, coordenador do fórum e presidente da Lenesi (Legião dos Negros Sindicalistas do Grande ABC).

Em Diadema, o dia será marcado por uma missa ecumênica na Comunidade São Judas e pela Caminhada em Combate ao Racismo, que deverá reunir cerca de mil pessoas, a partir das 14h de hoje, em frente ao fórum, para uma marcha rumo à praça Castelo Branco, onde haverá shows.

Capital
Cerca de 60 mil pessoas são esperadas para uma marcha, a partir das 12h, na Avenida Paulista. O objetivo é empunhar a bandeira da aprovação imediata do Estatuto da Igualdade Racial, que exige cotas no acesso às universidades e institui o 20 de novembro como feriado nacional.

“Esperamos um público três vezes maior que o do ano passado”, afirma Dojival Vieira dos Santos, que reclama do descaso com a data. “Se Tiradentes é feriado nacional, o dia da morte de Zumbi também deveria ser, pois ambos são heróis da Pátria. Mas não é isso o que vemos. No Estado de São Paulo, das 645 cidades, apenas 49 decretaram feriado. E em todo o Brasil foram 257.”

Para Santos, o Dia da Consciência Negra deve servir para uma reflexão profunda sobre a questão da desigualdade no País. “É um dia para homenagear os nossos antepassados; para lembrar as autoridades de que o governo não pode mais virar as costas e ignorar essa situação; e para lembrar os não-negros de que eles também têm uma responsabilidade nisso enquanto permanecerem acomodados na situação de vantagem”, completa Santos. (Colaborou Michele Loureiro)

Por Heloísa Cestari - Diário do Grande ABC
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