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DATA DA PUBLICAÇÃO 22/06/2013 | Tecnologia
Redes sociais articularam grandes movimentos nas ruas
Internet se tornou palco de disputa do que seriam as pautas de reivindicações nas ruas

Agente fundamental nas manifestações que ocorreram na Capital, no ABCD e em todo o Brasil, as redes sociais se tornaram palco de disputa do que seriam as pautas de reivindicações nas ruas. O sociólogo Sérgio Amadeu da Silveira, defensor do software livre e da inclusão digital no Brasil e professor da Universidade Federal do ABC, pesquisou com a Interagentes a movimentação nas redes desde o início dos atos do Movimento Passe Livre São Paulo. A pesquisa conclui que, com o passar dos dias, o Passe Livre perdia a centralidade no debate e outros grupos passavam a impor as suas ideias, aglutinando pessoas e demandas nas ruas.

ABCD MAIOR – A rede social foi a grande interlocutora das manifestações?

Sérgio Amadeu – As redes sociais tiveram importância fundamental nessas mobilizações. Seja para articular, seja para cobrir, divulgar a mobilização. Boa parte do que aconteceu foi mobilizada pelas redes sociais. Certamente sem as redes sociais nós não teríamos tantas mobilizações que se seguiriam as mobilizações que reivindicavam a revogação do preço da tarifa. Isso porque as redes sociais diminuem brutalmente os custos de articulação. Se as mobilizações do MPL tivessem parado antes, não teria dado tempo de outros grupos disputarem a pauta na rede e essa explosão de mobilizações com pautas difusas não estariam acontecendo com a força que estão.

Por que a Interagentes decidiu acompanhar a dinâmica das ações do Passe Livre São Paulo e da campanha pela revogação do preço da tarifa de ônibus nas redes sociais?

Nós achávamos o Movimento do Passe Livre muito interessante. Ele já existe há bastante tempo em São Paulo, é um movimento bastante persistente, sério, e nós queríamos saber como eles usariam as redes. Resolvemos então monitorar vários termos de busca que estariam diretamente relacionados às manifestações do Passe Livre. Toda vez que caía o termo selecionado, o nosso software captava aquela mensagem e colocava no nosso banco de dados. Essas postagens são comentários, outras são referências aos acontecimentos ou a outros perfis. Pegamos tudo isso, colocamos em outro software que faz o gráfico e a partir daí entender a rede.

O que mais chamou a sua atenção no desenrolar das manifestações?

O que mais chamou a atenção foi a perda de importância relativa do Movimento Passe Livre à medida que outras organizações se envolviam nas mobilizações.

Você está referindo ao grupo Anonymous?

Os Anonymous são vários coletivos. Eles são um estilo de ação na rede. Desde o início dos protestos, alguns deles estavam apoiando a mobilização, só que eles permaneceram fortes, cresceram e outros Anonymous apareceram, e o MPL, que foi decisivo para chamar as manifestações, perde força relativa. E aí duas coisas ficaram nítidas: a repressão policial criou uma onda de indignação, e ela não foi divulgada só pela imprensa tradicional. Milhares de pessoas divulgavam fotos, vídeos, criando uma espécie de cobertura colaborativa. O manifestante era protagonista da ação e ao mesmo tempo o repórter da ação. Não houve dúvida que houve uma brutal repressão policial. Outra questão que foi clara é que começou a ter uma disputa na rede da direção do movimento. Ela se pulveriza em vários centros de informação, micros lideranças. E essa movimentação na rede foi progressiva. E é por isso que na manifestação do dia 20 (quinta-feira), vimos grupos completamente antagônicos numa mesma manifestação.

O que não acontecia no começo dos protestos?

Não havia grupos distintos em uma mesma manifestação, era mais homogênea. Organizações de supremacia racial, de ódio étnico, homofóbico, estavam na avenida hostilizando os próprios integrantes do MPL. O MPL é um movimento democrático. Esses grupos extremistas, fascistas, de direita têm um outra posição. Convocaram inclusive academias de luta. Estavam com as camisetas dessas academias.

E esses grupos de extrema direita estão na rede?

Sim. Eles já estavam na rede antes das manifestações. Inclusive, coisas anacrônicas como pedindo o golpe militar e a volta da ditadura militar. A ponto de se sentirem a vontade para disputar o espaço da pauta do Passe Livre.

Você acredita que após o ato que ocorreu a repressão policial, maior número de pessoas foi para a rua em repúdio à ação truculenta da polícia militar e pela ampla divulgação no facebook?

Exatamente. O que gerou uma ideia de que as pessoas tinham o direito de fato de protestar, e aí as pessoas começaram a levar as suas bandeiras. E a partir daí os veículos de imprensa como a Veja, que não são só veículos de comunicação, mas que são forças políticas, de fato, começaram a mudar de opinião, e todos esses veículos começaram a convocar as manifestações com as suas bandeiras próprias. E a pauta deles é o ataque ao governo federal, e conduzir os manifestantes para as suas ideias. É isso que está em disputa. O que nós estamos vendo são redes de opinião agrupando redes de opinião. Isso vai se agigantar na rede. Os dirigentes de alguns partidos políticos que começaram a defender as pessoas irem às ruas como partidos políticos não entenderam nada. Os partidos não estavam na rua defendendo os jovens da repressão da polícia. Pegaram carona. Eles poderiam ir com as suas reivindicações, mas talvez nem tenham nenhuma.

O número de pessoas que aderiu às manifestações foi progressivo. O facebook influenciava a adesão desde o início?

Sim. Na primeira manifestação já observamos nos perfis, as pessoas com interesse de ir. Isso pelas conversas. O facebook é uma rede de conversas. É isso que muitos partidos políticos não entenderam. Eles usam a rede como panfletagem, e ela não é um panfleto, não funciona assim. Quando tivemos a manifestação antes da repressão policial, quando havia criminalização do movimento pela mídia, já se notava pela rede as pessoas por meio das conversas se articulando para se defender do que estava sendo armado. Isso se dava pelas conversas. E isso foi ganhando força, solidariedade.Nos últimos atos o número de pessoas na rua superava o número de confirmações no evento da rede social. Qual foi a dinâmica? Muita gente que foi pra rua naquele momento não conhecia a página do Passe Livre. A mobilização já estava pulverizada.

No ABCD tivemos uma manifestação esta semana com cerca de 10 mil pessoas. E ocorreu de forma espontânea, sem um movimento social como o MPL chamando. Qual é o alcance da rede para levar pessoas às ruas?

É grande. É importante não subestimar. O churrasco da gente diferenciada, na Capital, foi um exemplo disso. A articulação foi apenas pelo facebook. Era uma crítica bem-humorada, que começou como uma piada, e de repente tinham 40 mil pessoas. O organizador quis, inclusive, desconvocar porque ele achou que não caberia ali essa quantidade. Nem todos foram porque muitas pessoas confirmam a presença no evento, não vão, mas fazem a confirmação como uma forma de apoio à discussão que está sendo levantada. A rede social dá poder a pequenos grupos e reduz os custos de articulação, isso é nítido.

Por Carol Scorce - ABCD Maior
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