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DATA DA PUBLICAÇÃO 27/09/2010 | Saúde e Ciência
Qualidade de hospitais de SP em cardiologia infantil atrai pacientes do Brasil todo
Era para ser mais uma consulta de pré-natal de rotina. Porém, ao medir a frequência cardíaca do bebê, o obstetra estranhou, achou que o aparelho pudesse estar quebrado.

Os batimentos estavam acima de 180 bpm (batimentos por minuto). O normal deveria ser 120, 130 bpm.

Uma ultrassonografia com doppler feita em seguida não deixou dúvida: 230 batimentos por minuto. O bebê também tinha acúmulo de líquido no abdome (ascite). Sofrimento fetal.

Se não tratar rapidamente, ela pode morrer, alertou o ultrassonografista.

Naquele momento, a geóloga Ana Paula Justo e o músico Eduardo Baroni iniciavam uma corrida contra o tempo para salvar a filha, na 29ª semana de gestação.

"Começamos a chorar. Eram 20h do dia 27 de abril e começamos a percorrer os hospitais de Fortaleza (CE) à procura de um cardiologista fetal. Fomos em três e em nenhum havia o especialista. Quando explicávamos o problema, já nos dispensavam rapidinho", relata Ana, 30.

Um cardiologista de adultos até tentou ajudar. Receitou à mãe uma medicação na tentativa de conter a taquicardia do bebê. "Mas ele não sabia a dosagem correta que pudesse beneficiar o bebê sem me prejudicar."

O obstetra da geóloga prescreveu cortisona para amadurecer o pulmão do bebê. A ideia era fazer uma cesárea de urgência. "A médica da UTI neonatal me preparou para o pior. Eu sabia que minha filha corria risco de morte. A todo momento, entrava alguém no quarto e dizia: "Aquela ali é que está em sofrimento fetal? Coitada!'"

Um plano B começou a ser executado. Ana ligou para um antigo ginecologista de São Paulo, que a aconselhou a ir imediatamente para o HCor (Hospital do Coração).

Do aeroporto ela foi direto para o hospital, onde iniciou a medicação (digoxina). A estratégia foi aumentar aos poucos a dose até atingir o nível que trataria o bebê.

"A mãe funciona como veículo que transporta o medicamento para o bebê por meio da placenta", explica a médica Simone Pedra, cardiologista fetal do HCor.

No quarto dia de tratamento, Ana sentiu enjoo e tontura. Uma outra medicação foi associada, e a taquicardia do bebê foi controlada.

"Ainda havia líquido no abdome da minha filha, mas eu estava tranquila. A médica explicou que era consequência da taquicardia e que, com os batimentos normais, ele
seria naturalmente absorvido pelo organismo."

Foi o que aconteceu. Um novo ultrassom feito no mês seguinte mostrou que o líquido havia desaparecido.

Parto

Após a alta, Ana decidiu ficar na casa dos pais, em Botucatu (SP). Na 32ª semana de gestação, continuou o pré-natal, sob os cuidados do obstetra Marcos Consonni, da Unesp (Universidade Estadual Paulista).

"Ele me transmitiu muita paz e tranquilidade. No hospital que meu plano tinha indicado, em São Paulo, haviam me dito que o mais seguro era programar a cesariana para 37ª semana de gestação. Mas meu novo obstetra dizia que estava tudo bem, que o melhor lugar para a minha filha ficar era no útero."

39, 40, 41 semanas e o bebê não dava sinais de que iria nascer. Na família de Ana, a tensão aumentava. "Vai passar da hora", dizia um. "É muito perigoso", dizia outro.

Com 41 semanas e cinco dias, a bolsa estourou. Eram 4h do dia 24 de junho. Ana e o marido seguiram para o hospital universitário da Unesp (Universidade Estadual Paulista).

O médico improvisou um quarto para o parto humanizado. Em um colchão no chão, Ana iniciou exercícios com bola. Às 20h, Sattva nasceu. Com 48 cm, 3 kg, 100% saudável. Em sânscrito, seu nome significa equilíbrio, bondade e harmonia.

Por Cláudia Collucci - Folha Online, São Paulo
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