DATA DA PUBLICAÇÃO 13/12/2007 | Setecidades
Prova da OAB vendida na região é original
A cópia do exame para ingresso na OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil – Secção São Paulo) vendida no Grande ABC é a mesma obtida pela Promotoria de São Sebastião da Grama, Interior do Estado, que provocou o adiamento do exame no último domingo. A prova foi obtida com exclusividade pelo Diário.
A OAB recebeu ontem uma confirmação extra-oficial da Vunesp (Fundação para o Vestibular da Universidade Estadual de São Paulo), garantindo que o texto é o mesmo da prova que seria aplicada domingo passado.
A cópia foi obtida pelo Diário na segunda-feira. É ainda mais completa que a versão que a OAB possuía: traz 96 das 100 questões do exame. A Ordem tinha parte do questionário, com cópia das perguntas entre os números 19 e 30.
Assim que a reportagem obteve a prova, contatou a OAB para verificar se era a mesma. O exame foi encaminhado à Comissão de Sindicância instaurada para apurar as circunstâncias do vazamento do teste. A comissão é presidida pela vice-presidente da Ordem, Márcia Regina Machado Melaré.
O surgimento de duas cópias da mesma prova em pontos tão distantes do Estado (São Sebastião da Grama fica a 280 quilômetros de Santo André) surpreendeu a advogada, que pretende esclarecer a extensão da rede fraudulenta que distribuiu o exame.
Vunesp
A origem do vazamento da prova, segundo tanto a OAB como o estudante que repassou o exame ao Diário, é a Vunesp. Um funcionário da fundação teria sido responsável por tirar cópias das provas e repassá-las a intermediários, que abordavam estudantes de Direito em cursos preparatórios para oferecer o exame.
Um aluno de um cursinho do Grande ABC (que pediu para não ser identificado) recebeu a proposta de compra da prova e, em sociedade com outras quatro pessoas, adquiriu o teste, ao custo de R$ 2,5 mil (R$ 500 para cada um dos cinco).
Ao saber que a prova seria cancelada, o estudante revoltou-se e procurou o Diário. O estudante confirmou à reportagem que a origem do vazamento é a Vunesp. O exame tinha 25 mil inscritos em todo o Estado. A prova seria aplicada no domingo, mas foi cancelada na véspera, à tarde.
O presidente da OAB-SP, Luiz Flávio Borges D’Urso, foi informado pelo procurador-geral de Justiça do Estado, Rodrigo César Rebello Pinho, de que o promotor Ernani de Menezes Vilhena Júnior, da comarca de São Sebastião da Grama, havia descoberto parte da prova em um cursinho preparatório da cidade.
Fraude deve provocar mudanças na elaboração do exame
O cancelamento do exame da Ordem deve provocar mudanças na aplicação da próxima edição da prova da OAB. A Comissão de Sindicância vai propor alterações na forma como o exame é elaborado, principalmente na mecânica de trabalho dos parceiros que prestam serviços à OAB.
Entretanto, a vice-presidente Márcia Melaré afirmou que ainda não é possível apontar quais serão as mudanças, uma vez que ainda não se sabe exatamente em qual ponto do processo a prova vazou.
Márcia diz que o temido exame da OAB (que na última edição teve apenas 15,4% de aprovados) não é tão difícil. “É na medida que tem de ser”, acredita a advogada. Ela atribui a dificuldade dos candidatos à má-formação profissional que muitas faculdades propiciam e a deficiências escolares que os candidatos trazem desde o ensino fundamental.
Depoimentos
A sindicância da OAB ouviu os funcionários da Ordem que tiveram acesso à prova e o repórter do Diário que obteve o exame.
O promotor Ernani de Menezes Vilhena Júnior, que obteve parte do teste na semana passada e foi responsável pela denúncia que culminou no cancelamento do exame, concordou em prestar depoimento na terça-feira que vem.
Os depoimentos colhidos pela sindicância serão enviados à Polícia Federal, que tem inquérito instaurado para apurar a fraude no exame. A PF tem prazo de 30 dias para apresentar resultados das investigações.
A sindicância interna da OAB espera que o estudante que procurou a reportagem se apresente e possa dar mais detalhes sobre como teve acesso antecipado à prova – coisa que o rapaz diz que não pretende fazer.
A atitude da OAB – cancelar o exame na véspera da realização por suspeita de fraude – foi apoiada por entidades de classe que representam juízes e advogados do Estado.
A Ajufesp (Associação dos Juízes Federais de São Paulo) e o Iasp (Instituto dos Advogados de São Paulo) enviaram e-mails para o gabinete da presidência da OAB cumprimentanto Luiz Flávio D’Urso pela postura da Ordem em meio ao escândalo.
Vunesp não comenta surgimento do exame no Grande ABC
A Vunesp não quis comentar a confirmação da venda da prova completa oficial da OAB no Grande ABC.
A Fundação emitiu ontem à tarde uma nota em que coloca-se “integralmente à disposição” da Polícia Federal para colaborar com as investigações acerca do vazamento do exame da OAB.
A Vunesp é responsável pela diagramação e pela reprodução do teste. Segundo a vice-presidente da OAB, Márcia Melaré, a Fundação faz quatro modelos diferentes da prova, com questões e ordem das respostas alteradas para evitar a cola entre candidatos durante a aplicação do exame.
O trecho da prova entregue pela Promotoria de São Sebastião da Grama e o exame completo entregue pelo Diário à OAB são da prova matriz, ou seja, do conteúdo antes do embaralhamento. A diagramação, segundo a Ordem, já é do modelo feito pela Vunesp. O logotipo da Fundação ficaria no pé da página, que está cortado das cópias.
A Vunesp será convidada a depor na investigação da Comissão de Sindicância instaurada na OAB.
Na nota enviada à imprensa, a fundação afirma que “assim como a Polícia Federal e a OAB-SP, a Vunesp é também uma instituição voltada para o interesse público e, por essa razão, está plenamente empenhada no combate a ações fraudulentas nos processos seletivos e na cabal apuração desse fato gravíssimo, que não pode permanecer impune”.
A OAB recebeu ontem uma confirmação extra-oficial da Vunesp (Fundação para o Vestibular da Universidade Estadual de São Paulo), garantindo que o texto é o mesmo da prova que seria aplicada domingo passado.
A cópia foi obtida pelo Diário na segunda-feira. É ainda mais completa que a versão que a OAB possuía: traz 96 das 100 questões do exame. A Ordem tinha parte do questionário, com cópia das perguntas entre os números 19 e 30.
Assim que a reportagem obteve a prova, contatou a OAB para verificar se era a mesma. O exame foi encaminhado à Comissão de Sindicância instaurada para apurar as circunstâncias do vazamento do teste. A comissão é presidida pela vice-presidente da Ordem, Márcia Regina Machado Melaré.
O surgimento de duas cópias da mesma prova em pontos tão distantes do Estado (São Sebastião da Grama fica a 280 quilômetros de Santo André) surpreendeu a advogada, que pretende esclarecer a extensão da rede fraudulenta que distribuiu o exame.
Vunesp
A origem do vazamento da prova, segundo tanto a OAB como o estudante que repassou o exame ao Diário, é a Vunesp. Um funcionário da fundação teria sido responsável por tirar cópias das provas e repassá-las a intermediários, que abordavam estudantes de Direito em cursos preparatórios para oferecer o exame.
Um aluno de um cursinho do Grande ABC (que pediu para não ser identificado) recebeu a proposta de compra da prova e, em sociedade com outras quatro pessoas, adquiriu o teste, ao custo de R$ 2,5 mil (R$ 500 para cada um dos cinco).
Ao saber que a prova seria cancelada, o estudante revoltou-se e procurou o Diário. O estudante confirmou à reportagem que a origem do vazamento é a Vunesp. O exame tinha 25 mil inscritos em todo o Estado. A prova seria aplicada no domingo, mas foi cancelada na véspera, à tarde.
O presidente da OAB-SP, Luiz Flávio Borges D’Urso, foi informado pelo procurador-geral de Justiça do Estado, Rodrigo César Rebello Pinho, de que o promotor Ernani de Menezes Vilhena Júnior, da comarca de São Sebastião da Grama, havia descoberto parte da prova em um cursinho preparatório da cidade.
Fraude deve provocar mudanças na elaboração do exame
O cancelamento do exame da Ordem deve provocar mudanças na aplicação da próxima edição da prova da OAB. A Comissão de Sindicância vai propor alterações na forma como o exame é elaborado, principalmente na mecânica de trabalho dos parceiros que prestam serviços à OAB.
Entretanto, a vice-presidente Márcia Melaré afirmou que ainda não é possível apontar quais serão as mudanças, uma vez que ainda não se sabe exatamente em qual ponto do processo a prova vazou.
Márcia diz que o temido exame da OAB (que na última edição teve apenas 15,4% de aprovados) não é tão difícil. “É na medida que tem de ser”, acredita a advogada. Ela atribui a dificuldade dos candidatos à má-formação profissional que muitas faculdades propiciam e a deficiências escolares que os candidatos trazem desde o ensino fundamental.
Depoimentos
A sindicância da OAB ouviu os funcionários da Ordem que tiveram acesso à prova e o repórter do Diário que obteve o exame.
O promotor Ernani de Menezes Vilhena Júnior, que obteve parte do teste na semana passada e foi responsável pela denúncia que culminou no cancelamento do exame, concordou em prestar depoimento na terça-feira que vem.
Os depoimentos colhidos pela sindicância serão enviados à Polícia Federal, que tem inquérito instaurado para apurar a fraude no exame. A PF tem prazo de 30 dias para apresentar resultados das investigações.
A sindicância interna da OAB espera que o estudante que procurou a reportagem se apresente e possa dar mais detalhes sobre como teve acesso antecipado à prova – coisa que o rapaz diz que não pretende fazer.
A atitude da OAB – cancelar o exame na véspera da realização por suspeita de fraude – foi apoiada por entidades de classe que representam juízes e advogados do Estado.
A Ajufesp (Associação dos Juízes Federais de São Paulo) e o Iasp (Instituto dos Advogados de São Paulo) enviaram e-mails para o gabinete da presidência da OAB cumprimentanto Luiz Flávio D’Urso pela postura da Ordem em meio ao escândalo.
Vunesp não comenta surgimento do exame no Grande ABC
A Vunesp não quis comentar a confirmação da venda da prova completa oficial da OAB no Grande ABC.
A Fundação emitiu ontem à tarde uma nota em que coloca-se “integralmente à disposição” da Polícia Federal para colaborar com as investigações acerca do vazamento do exame da OAB.
A Vunesp é responsável pela diagramação e pela reprodução do teste. Segundo a vice-presidente da OAB, Márcia Melaré, a Fundação faz quatro modelos diferentes da prova, com questões e ordem das respostas alteradas para evitar a cola entre candidatos durante a aplicação do exame.
O trecho da prova entregue pela Promotoria de São Sebastião da Grama e o exame completo entregue pelo Diário à OAB são da prova matriz, ou seja, do conteúdo antes do embaralhamento. A diagramação, segundo a Ordem, já é do modelo feito pela Vunesp. O logotipo da Fundação ficaria no pé da página, que está cortado das cópias.
A Vunesp será convidada a depor na investigação da Comissão de Sindicância instaurada na OAB.
Na nota enviada à imprensa, a fundação afirma que “assim como a Polícia Federal e a OAB-SP, a Vunesp é também uma instituição voltada para o interesse público e, por essa razão, está plenamente empenhada no combate a ações fraudulentas nos processos seletivos e na cabal apuração desse fato gravíssimo, que não pode permanecer impune”.
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