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DATA DA PUBLICAÇÃO 04/02/2010 | Internacional
Promotor decide hoje se acusará americanos de tráfico de crianças no Haiti
Os dez americanos batistas que tentaram tirar do Haiti 33 crianças sem permissão depois do terremoto comparecerão nesta quinta-feira diante de um promotor que decidirá se apresentará queixa ou se vai liberá-los, segundo informou à agência de notícias Associated Press a ministra de comunicações Marie-Laurence Jocelyn Lassegue.

O grupo de americanos faz parte da igreja batista New Life Children's Refuge. Eles tentavam atravessar a fronteira entre Haiti e República Dominicana com 33 crianças quando foram detidos por falta de documentos. Mais tarde, descobriu-se que algumas das crianças ainda tinham parentes vivos após o terremoto de magnitude 7, que devastou parte do país no último dia 12.

Mazar Fortil, promotor da corte de Porto Príncipe, disse nesta quarta-feira que o grupo pode ser processado por sequestro, tráfico de crianças e acusações relacionadas a conspiração criminosa. O juiz confirmou as possíveis acusações.

Longe dos trâmites do processo, pais desesperados na vila de Callebas, próxima à devastada capital haitiana, disseram que deram seus filhos ao grupo de boa vontade, confiando nos missionários americanos que teriam prometido levá-los para uma vida melhor, longe do país seriamente abalado pelo terremoto do mês passado.

As histórias, contadas à agência de notícias Associated Press nesta quarta-feira contradizem as afirmações da líder do grupo de batistas, segundo quem as crianças vieram de orfanatos ou foram entregues por parentes distantes.

Mas os relatos também atestam a miséria de uma nação que era a mais pobre do hemisfério, mesmo antes do terremoto que matou um número estimado de 200 mil pessoas.

Mesmo o primeiro-ministro haitiano, Max Bellerive, disse que reconhece que os americanos podem simplesmente ser benfeitores bem intencionados que acreditavam que a sua intenção de caridade cristã justificava tentar tirar as crianças do país.

Versões

Segundo os moradores, tudo começou na semana passada, quando o trabalhador do orfanato local, fluente em inglês e em nome dos batistas, reuniu quase toda a aldeia de 500 pessoas em um campo de futebol de terra para apresentar a oferta dos americanos.

Isaac Adrien, 20, disse a seus vizinhos, que os missionários educariam seus filhos na vizinha República Dominicana, disseram os moradores, acrescentando que eles também garantiram que os pais poderiam visitar as crianças. Muitos pais aceitaram a oferta.

"É só porque o ônibus estava cheio que não foram mais crianças", disse Melanie Augustin, 58, que entregou sua filha de dez anos para os americanos. Ironicamente, Augustin adotara a menina porque seus pais biológicos não tinham condições de cuidar dela.

Adrien disse que conheceu a líder dos batistas, Laura Silsby, de Meridian, Idaho, em Porto Príncipe, em 26 de janeiro. Ela disse que estava à procura de crianças de rua, disse ele, e ele sabia exatamente onde encontrá-las.

Ele correu para casa em Callebas, onde as pessoas viviam da plantação de cenouras, pimentões e cebolas. Naquele mesmo dia, ele tinha uma lista de 20 crianças.

Em uma entrevista na prisão no sábado, Silsby disse à que a maioria das crianças tinham sido entregues aos americanos por parentes distantes, enquanto alguns teriam vindo de orfanatos que desabaram no terremoto.

Documentos

Três intérpretes que trabalharam com o grupo disseram à rede americana CNN nesta quarta-feira que os detidos se encontraram duas vezes com um homem que acreditavam ser um policial haitiano e que ofereceu ajuda para levar as crianças para um orfanato dominicano.

O primeiro encontro ocorreu em 26 de janeiro, quando ele teria dito a Silsby que eles não poderiam simplesmente pegar crianças haitianas como estavam fazendo. Na ocasião, o homem ofereceu ajuda.

"Eles se encontraram com um policial e ele disse a eles que poderia ajudar e estava ajudando com alguns dos papéis", disse à CNN Steve Adrien, um dos intérpretes. "Nós não nos encontramos com ele na delegacia, mas em um carro na rua".

O mesmo suposto policial encontrou-se com o grupo uma segunda vez na quinta-feira passada (28), em Porto Príncipe, perto da embaixada da República Dominicana. Segundo Isaac, ele estava ajudando Silsby a entrar em contato com o embaixador.

Na embaixada, ainda segundo os intérpretes, o grupo conseguiu um documento com o qual pretendiam atravessar a fronteira no dia seguinte. Silsby disse no domingo (31) ter obtido um documento das autoridades dominicanas que permitia levar as crianças até o país.

Mel Coulter, pai de Charisa Coulter, uma das americanas detidas, contou à CNN que o grupo não sabia que faltava um documento. Quando eles receberam a notícia das autoridades dominicanas, voltaram para o Haiti para tentar acertar a documentação.

Segundo Coulter, eles retornaram a Porto Príncipe e, na manhã de sábado, quando tentavam obter a documentação restante, foram presos e levados à delegacia. Ele disse ainda que o grupo quer fazer "tudo de acordo com os processos necessários".

Por Folha Online - Associated Press, em Callebas (Haiti)
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