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DATA DA PUBLICAÇÃO 03/11/2010 | Setecidades
Profissionais do pão nosso de cada dia
As mãos de Felipe Carvalho Rodrigues da Cruz são ágeis e estão cobertas por luvas transparentes. O jovem de 22 anos está concentrado em retirar uma bolinha de recheio de frango temperado de uma forma de alumínio e colocá-la num disco de massa, que é moldado aos poucos para adquirir o formato perfeito de uma esfiha fechada. Felipe é funcionário da Fábrica de Pães da Avape (Associação para Valorização de Pessoas com Deficiência), inaugurada em Santo André.

A panificadora foi criada com base na experiência da instituição em produção de pães nas oficinas de reabilitação e capacitação de pessoas portadoras de deficiências físicas e intelectuais. O conceito, porém, vai além: nas dependências da minifábrica, os pacientes são treinados para o mercado de trabalho e, ao mesmo tempo, geram renda para custear o tratamento prestado pela Avape, que, na maioria dos casos, é gratuito.

A produção média mensal da fábrica é de 40 mil pães, 140 mil kits lanche e oito mil unidades de doces e salgados. O empreendimento atende clientes na Região e em São Paulo, entre eles atacadistas, padarias e empresas. “O prédio já está pequeno para o tamanho da produção. Hoje estamos com cerca de 40 funcionários e 15 pessoas na reabilitação”, explica a gerente administrativa da panificadora, Sissi Costa.

A Fábrica também possui uma marca própria de pães, a Buon Sapore, comercializada em lojas e padarias. “Nosso preços são mais baixos que os praticados pelas grandes marcas do mesmo segmento no mercado, o que nos torna mais competitivos”, destaca.

Felipe é um exemplo nesse meio. O jovem passou pelo PRP (Programa de Realibitação Profissional) da Avape e foi contratado pela própria Fábrica de Pães. Antes ficava o dia todo em casa e só sabia cozinhar “um arroz”. Nunca havia tido oportunidade de trabalhar. Hoje Felipe passa o tempo entre farinhas, massas e recheios, e a família pede para que ele faça as gostosuras em casa também. “Mas não faço não. Levo daqui mesmo”, brinca.

Auto-estima - A reabilitação na Fábrica tem um papel importante não apenas pelo lado profissional, mas também pela possibilidade de convívio social e resgate de auto-estima. Quem garante é a psicóloga Camila Stegani, que integra o PRP da Avape. Atualmente, 110 pessoas participam das atividades do programa, entre elas a panificadora. “A maioria tem deficiência intelectual leve, o que não significa que não possam trabalhar. A pessoa precisa apenas ser preparada para o mercado de trabalho”, destaca.

Como forma de estímulo, o participante do PRP recebe um salário simbólico. “Esse pagamento é importante também para ensinar a pessoa a lidar com o dinheiro”, explica Camila. O ensinamento pode ir além se o paciente consegue um emprego por meio das parcerias que a Avape mantém com empresas da Região.

Marcelo de Souza é um dos participantes que está quase lá: acaba de fazer entrevista para trabalhar na linha de produção de uma empresa. O portador de deficiência intelectual de 25 anos está há seis meses no PRP e já mostra resultados satisfatórios. Enquanto conta sobre a entrevista, é possível observar a dificuldade que ele tem em fazer algo tão simples como dobrar ao meio os guardanapos que vão dentro dos kits produzidos pela padaria. Cada dobra é uma vitória para essas pessoas, que se sentem úteis e com um papel social por meio da capacitação.

Os grupos da capacitação são compostos por, no máximo, cinco pessoas, que permanecem por duas horas realizando atividades relacionadas à produção. Ali os pacientes criam hábitos de higiene, convivência, e aprendem como se portar no mercado de trabalho que se propuser a acolhê-los. Tudo o que eles esperam é uma oportunidade. “Gosto de aprender. Quero me esforçar para fazer cada vez melhor”, diz Marcelo.

Quem precisa então mudar? O portador de deficiência ou o mercado?

Por Camila Galvez - ABCD Maior
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