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DATA DA PUBLICAÇÃO 27/04/2012 | Saúde e Ciência
Profissionais da Fundação do ABC ensinam atendimento de urgência em Angola
Brasileiros comandam curso para médicos e técnicos de enfermagem que atuam em ala de emergência pediátrica recém-inaugurada em Luanda

O pediatra Ricardo Macarini Ferreira e o enfermeiro Hilton Roberto Guesse, ambos do Pronto Socorro Central de São Bernardo, foram convidados este ano e viajaram à Luanda, em Angola, onde ministraram curso intensivo sobre atendimento pediátrico de urgência e emergência. O convite para o treinamento surgiu a partir da inauguração de sala de emergência no Hospital Américo Boavida, que é hospital-escola da Universidade Agostinho Neto. Profissionais do Grupo Fundação do ABC, os brasileiros foram indicados pela disciplina de Pediatria da Faculdade de Medicina do ABC e aceitaram o desafio de treinar equipes com graves problemas de formação profissional, estrutura física e equipamentos, além de baixo comprometimento e motivação.

“Apesar de não sermos docentes da disciplina de Pediatria da FMABC, participamos das reuniões clínicas, ministramos cursos e acompanhamos os alunos no PS Central, que é um dos campos de estágio da escola”, conta o pediatra e Assistente de Coordenação da Emergência Pediátrica do Pronto-Socorro Central de São Bernardo, Dr. Ricardo Macarini, que explica: “Graças a essa proximidade com a Faculdade e à confiança em nosso trabalho, a escola indicou a unidade ao convite angolano. Fomos liberados pela Diretoria, que deu total apoio à realização do curso”.

Dr. Ricardo Macarini Ferreira e Hilton Roberto Guesse ministraram o “Curso Multiprofissional Teórico-Prático de Emergências em Pediatria” durante 7 dias para 30 profissionais – 16 médicos e 14 técnicos de enfermagem. O trabalho dos brasileiros começou com tour pelo hospital, onde tiveram contato com a difícil realidade do local e condições precárias de atendimento. “Antes de inaugurar a sala de emergências pediátricas, não havia saída de oxigênio na antiga ala de emergência, muito menos equipamentos como monitores, bomba de infusão, ventilador mecânico e desfibrilador. Nos consultórios não havia maca para examinar as crianças, que permaneciam no colo das mães. Também não havia UTI Pediátrica e as crianças eram internadas junto com os adultos. Enfim, condições precárias, com falta de medicamentos básicos e muita dificuldade em relação ao comportamento dos funcionários, que pareciam desmotivados e descompromissados em meio a tantas dificuldades”, revela Dr. Ricardo Macarini.

Experiência de vida: Segundo o médico do PS Central, a semana permitiu não apenas intercâmbio profissional, mas a troca de experiências culturais e de vida. “A realidade do país é muito diferente. Pelo menos 30% das crianças internadas apresentavam desnutrição grave, principalmente Marasmo e Kwashiorkor. São doenças que no Brasil vemos somente em livros. É algo muito raro”, exemplifica Dr. Ricardo Macarini, que acrescenta: “O mais triste é que a desnutrição em Angola é um problema cultural e a falta de informação contribui muito. Os angolanos têm frutas e peixes em abundância, mas preferem um prato típico chamado funge. É uma espécie de polenta cremosa feita à base de farinha de mandioca ou de milho e que tem baixíssimo valor nutricional”. Outras doenças muito raras no Brasil e que as crianças de Luanda apresentam com frequencia são malária, tétano e até mesmo sarampo. Além disso, todos os dias ocorrem quedas de energia elétrica no hospital, o que inviabiliza a manutenção de estoques de vacina e a adequada imunização dos pacientes.

Em relação ao treinamento, a formação profissional em Angola é limitada, o que dificultou o trabalho dos brasileiros. A falta de preparo e de infraestrutura também desencadeava outro problema: o baixo comprometimento. “Mas ao longo dos dias vimos claramente o cenário mudar”, garante o pediatra brasileiro. Ao final do treinamento, avaliação aplicada mostrou que a média de progresso ficou entre 100% e 200%. “Percebemos que, a partir do curso, os profissionais angolanos obtiveram conhecimento suficiente para saber o que tinham que fazer, apesar de ainda terem dificuldades na execução pela falta de prática. Mas o fato de saberem operar os novos equipamentos e terem noções das técnicas que deviam utilizar impactou, inclusive, no comprometimento com os pacientes, na busca por oferecer melhor atendimento”, comemora o Assistente de Coordenação da Emergência Pediátrica do Pronto-Socorro Central de São Bernardo, Dr. Ricardo Macarini.

As condições eram tão baixas que havia problemas até mesmo na comunicação entre os angolanos e os técnicos que instalaram os aparelhos na nova sala de emergência. Como a maior parte dos aparelhos foi importada da África do Sul, os técnicos só falavam inglês – idioma que nenhum dos angolanos do curso, que falam português, estava familiarizado. A presença dos brasileiros contribui até mesmo nesta questão, tendo em vista que nas horas vagas aproveitavam para “traduzir” as orientações e facilitar a comunicação.

Para o pediatra do PS Central, a participação do enfermeiro Hilton Roberto Guesse foi fundamental, pois além do auxílio à parte teórica, respondeu pela capacitação da equipe de enfermagem para o manuseio de equipamentos e ratificou a importância do trabalho em equipe. “Nossas ações eram sempre complementares, visando somente o benefício do paciente. Dessa forma, mostramos na prática os benefícios e a importância do trabalho em conjunto”.

Parceria internacional: Após o fim de mais de 30 anos de guerra civil e com a finalidade de aprimorar conhecimentos dos profissionais de saúde do serviço público angolano, teve início em novembro de 2006 convênio entre Faculdade de Medicina do ABC e Ministério da Saúde de Angola. Desde então, dezenas de profissionais da FMABC realizaram treinamentos nas mais diversas áreas, entre as quais Ortopedia, Oftalmologia, Pediatria e, em 2011, Enfermagem.

Por Informações à Imprensa com Eduardo Nascimento - Comunicação Fundação do ABC
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