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DATA DA PUBLICAÇÃO 15/06/2009 | Cidade
Prefeitura de Mauá reconhece erros na gestão do Nardini
Em relatório entregue à Justiça, a Prefeitura de Mauá admite erros na gestão do Hospital Doutor Radamés Nardini. O conteúdo é crítico e traz um leque de "novas falhas" em relação à unidade, muitas delas causas diretas de problemas sentidos na pele pela população.

O material faz parte do plano de ação entregue pela administração municipal no fim de maio - com atraso de mais de quatro meses. É a resposta à ação civil pública iniciada ainda em 2007. Além da Prefeitura, o Centro de Estudos da Saúde Coletiva do ABC assina as cerca de 90 páginas.

O raio-X mostra um Departamento de Recursos Humanos com pouco envolvimento da Prefeitura. Há carência de pessoal qualificado, estrutura não formalizada e sem capacitação gerencial e sistema de informação insuficiente.

Responsáveis pela elaboração do relatório apontam também a ausência de programas de planejamento e política de humanização capaz de envolver os funcionários. Por fim, um argumento definitivo para as precariedades da unidade hospitalar: deficiência no quadro de pessoal, principalmente da categoria médica.

Mas não são apenas as falhas em recursos humanos que causam impacto negativo na estrutura do Nardini. Os pedidos de novos materiais hospitalares são feitos sem que existam critérios técnicos ou administrativos, destaca o relatório produzido pela própria administração municipal. Na parte contábil, também não há controle de execução financeira e orçamentária.

Na esteira dos problemas da gestão, a unidade não conta com um setor de contratos e convênios formalizado. Assessoria jurídica também é algo inexistente, o que é motivo de preocupação, principalmente pelo perfil dos atendimentos realizados por lá. Em resumo, não há ninguém que auxilie os médicos a tomar decisões baseadas na lei.

No fim da primeira década do século 21, informatização é algo que parece que coisa do futuro. O hospital não tem um projeto que aborde a tecnologia da informação.

O Nardini também se mostra problemático em setor crítico: "no que tange ao serviço de segurança, observa-se precariedade, o que deixa a instituição vulnerável", revela o relatório escrito por pessoas ligadas à própria Prefeitura.

Para resolver todos os problemas, a gestão municipal propôs cinco pontos: fortalecimento da Secretaria Municipal de Saúde, revisão do modelo de atenção e da rede de cuidados, definição do modelo de gestão do Nardini, reestruturação dos mecanismos gerenciais e possibilidade de financiamento. As "soluções" foram consideradas insatisfatórias pelo Ministério Público.

Hospital Nardini sempre foi problemático

Atualmente um "jovem problemático", o Hospital Doutor Radamés Nardini nasceu de uma crise. A história da unidade onde padecem moradores de Mauá e região é cheia de momentos turbulentos, sem que soluções definitivas tenham sido apontadas. Os problemas de gerenciamento sempre existiram, mas o ponto crucial é a capacidade de financiamento, prejudicada desde a municipalização.

O hospital foi construído na primeira metade dos anos 1980, pela iniciativa privada, com recursos da Caixa Econômica Federal. Passou algum tempo sem funcionar por não haver pagamento aos fornecedores e ao próprio banco.

O governo estadual entrou em ação e, em 1985, adquiriu o prédio, transformando-o em referência para a microrregião de Mauá. Contava com 220 leitos gerais, sendo nove de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para pacientes adultos.

O hospital entrou em operação em 1986, com a instalação do pronto-socorro. No ano seguinte, os setores de internação e UTI começaram a ser utilizados. A mudança que afetou o destino da Saúde em Mauá viria logo depois.

Em 1990, ocorreu a municipalização. Não demorou três anos para que os primeiros problemas surgissem. Em 1993, a internação foi fechada por falta de insumos. A Secretaria de Estado da Saúde repassou recursos e indicou a direção pelos dois anos seguintes.

Sem o Estado, o Nardini ficou novamente à deriva em 1996. A maternidade e o berçário foram praticamente desativados. Melhorias surgiram apenas em 1998, com verbas do Reforsus (do Ministério da Saúde) e do Banco Mundial. Foi feita reforma e ampliação do pronto-socorro, além da aquisição de equipamentos.

O hospital voltou a enfrentar problemas no início dos anos 2000. A "crise eterna" já esteve à espera de solução vinda do próprio Oswaldo Dias (PT), atual prefeito, sem sucesso. Na gestão de Leonel Damo (ex-PV), os problemas se agravaram - são 13 inquéritos civis abertos pelo Ministério Público em relação à Saúde como um todo no período.

Hoje, a precariedade persiste. Sem resposta efetiva da Prefeitura, foram solicitadas pela promotoria novas vistorias para saber em que medida a determinação judicial de melhorar o atendimento à população foi descumprida.

Por William Cardoso - Diário do Grande ABC / Foto: Andréa Iseki
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