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DATA DA PUBLICAÇÃO 27/07/2018 | Setecidades
Polícia prende quatro por estelionato a aposentados
Polícia prende quatro por estelionato a aposentados  Associação que atua há cinco anos em Santo André prometia reajuste no FGTS e cobrava valor abusivo. Foto: Claudinei Plaza/DGABC
Associação que atua há cinco anos em Santo André prometia reajuste no FGTS e cobrava valor abusivo. Foto: Claudinei Plaza/DGABC
A Polícia Civil de Santo André deflagrou, na manhã de ontem, operação intensiva para combater ação de estelionato contra aposentados e pensionistas da região. Quatro funcionários da ASBP (Associação Brasileira de Apoio aos Aposentados, Pensionistas e Servidores Públicos) foram presos em flagrante. A ordem de busca e apreensão foi operada por agentes do 4º DP (Jardim) do município. A sede da entidade fica em sala comercial de prédio na Rua das Esmeraldas, 176, no bairro Jardim.

Quatro funcionários foram indiciados: Camila Aparecida Xavier, 21 anos; Joice Marques Freitas, 40; Amanda Cristina Campos Bassanetto, 22, e Alberto Maggiorini Menezes da Silva, 41. O delegado titular Edson Carlos Tavares avalia que são centenas de vítimas e que, por hora, é impossível estimar um número exato de pessoas enganadas. No entanto, afirma que há cinco anos o grupo atua contra aposentados na região. “A sede da ASBP fica em Minas Gerais. Aqui em Santo André vamos ouvir cerca de dez funcionários, mas o presidente e seu vice ficam na matriz. Será uma investigação longa, mas não vamos poupar esforços para tentar, ao menos, acabar com esse golpe.”

A equipe de investigação acredita que a associação atue com o modelo em todo o Brasil e, por isso, há mais operações semelhantes em curso em outras cidades. No município andreense, a polícia apreendeu todo o material do grupo, como computadores, documentos, dinheiro em espécie – em torno de R$ 1.000 – , cheques e recibos.

A equipe do Diário acompanhou a operação e presenciou cerca de 15 vítimas em total desespero. Todos receberam carta, em casa, pedindo para que comparecessem ao endereço para reajuste e revisão no valor do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). Para isso, as vítimas pagavam valor abusivo, dependendo do benefício que recebem. A maioria perdeu mais de R$ 3.000 à espera do reajuste, que não veio.

Revoltados, os aposentados e pensionistas relatam muita tristeza em perder o pouco do dinheiro que recebem em busca de melhorar seus ganhos. A pretensão de todos eles era aumentar verba para poderem quitar dívidas e buscar qualidade de vida pouco melhor.

Geovan José da Silva, 67 anos, diz ter desembolsado em torno de R$ 8.000 para alcançar o valor de R$ 40 mil a que ele teria direito, segundo a associação. “Faz cinco anos que vivo essa mentira. Na primeira vez, me disseram que em até 36 meses o dinheiro estaria na minha conta. Passaram mais de 50 meses e nada. Pago mensalmente R$ 250 para continuar associado. Em outubro do ano passado fiz um pagamento de R$ 2.900, como garantia de que em 90 dias minha situação seria normalizada. Agora (ontem) chego aqui e descubro o que já estava desconfiado, que caí em um golpe.”

Já Luiz Felipe, 65, deu o que chamou de sorte. Recebeu a carta e chegava na entidade para fazer sua inscrição, na manhã de ontem, quando se deparou com a operação da polícia. “Não paguei nada, até porque estava trazendo os cheques e vi a polícia subindo. Ia pagar R$ 1.500. É revoltante ver quantas pessoas foram enganadas.”

A pensionista Jandira Aparecida Almeira recebe cerca de R$ 3.000 por mês. Há cinco anos, pagou dez parcelas de R$ 216 para reajuste no valor da pensão. Além dos R$ 300 de mensalidade, está para pagar a terceira parcela de outras dez que fez, no valor de R$ 63, que disseram ser a garantia do processo. “No início da semana liguei para eles (associação) e me avisaram que provavelmente não ganharia o processo. E todo o dinheiro que perdi? É muito triste.”

As vítimas esperam receber o dinheiro que investiram de volta. Decepcionados por descobrirem que o sonho não passava de mentira, lamentam a ação do grupo, pois acreditam que são “oportunistas, fazendo chacota dos beneficiários”.

O delegado explicou que a associação é legal e funciona judicialmente regular, no entanto, faz mau uso da autorização de atuação. “Vamos investigar a quem são ligados para obter os dados dessas pessoas. Temos de ver se o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) está envolvido no esquema.”

A polícia pede para outras vítimas procurem o distrito policial, mas afirma que chamará todos os envolvidos para para depor.

Diário fez alerta em janeiro de 2014

A primeira vez em que o Diário recebeu denúncia com relação aos problemas que aposentados e pensionistas estavam enfrentando com a ASBP (Associação Brasileira de Apoio aos Aposentados, Pensionistas e Servidores Públicos) foi em janeiro de 2014, quando publicou reportagem com história que virou caso de polícia.

Há quatro anos, a equipe de reportagem alertou sobre suposto esquema quando soube da ação indevida sobre ações para revisão de benefício previdenciário.

Na ocasião, uma aposentada da região foi alvo da entidade. Seu filho, o ferroviário identificado como Ramos, na época com 47 anos, contou que sua mãe, aos 74, recebeu em casa uma carta da ASBP dizendo que ela deveria entrar com o pedido de revisão da pensão que recebe do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) pela morte do marido. A correção lhe daria o direito a receber R$ 21 mil.

Ramos desconfiou e alertou a mãe de que deveria ser mentira, mas ela quis tentar. Ele relatou, na época, que ela “foi induzida a assinar papéis para dar entrada em um processo”. Pediram que a aposentada realizasse pagamento de R$ 180 por seis meses, mas como estava sem cartão de crédito, não o fez. No dia seguindo, o filho foi ao 4º DP (Jardim) e fez boletim de ocorrência contra estelionato.

Na ocasião, a ASBP informou “fazer jus a todos os benefícios da associação. O associado presta contribuição anual no valor de R$ 1.096. Esse valor, dividido em 12 vezes, resulta na média mensal de R$ 91,33”. Portanto, “a relação custo-benefício do associado, diante do aqui alegado, lhe é amplamente favorável, considerando que uma única consulta médica custaria muito mais do que este valor”, informou a entidade, em 2014, Ontem, nenhum representante da ASBP quis se pronunciar.

Por Bia Moço - Diário do Grande ABC
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