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DATA DA PUBLICAÇÃO 14/12/2008 | Cultura
Plástica no ego
As coisas mudam. E os gostos também. Por isso Dr. Hollywood, que a Rede TV! apresenta aos domingos, às 22h30, é prova disso. O reality show, com apresentação de Dani Albuquerque, acompanha o cirurgião Robert Rey em suas andanças por consultórios e hospitais dos Estados Unidos e de outros países. O médico, um brasileiro que superou a infância pobre e se tornou uma estrela da medicina estética, é a antítese da noção tradicional de comportamento que associamos aos homens de branco.

No lugar do estereótipo do médico onisciente, paternal e reservado, Rey se expõe por inteiro e aparece tanto nas salas de cirurgia quanto em viagens e nos momentos de lazer. Sua mulher é presença costumeira no programa e também se revela no dia-a-dia com os filhos - queixa-se da mansão desmesurada onde foi morar e da falta de atividades tão interessantes quanto às de seu marido.

É uma mudança e tanto na apresentação do médico, antes um sacerdote do corpo e da saúde e agora um artista no mundo flutuante da mídia. Mas não foi apenas o papel do médico que mudou. A própria idéia do corpo se transformou. Por muito tempo, qualquer cirurgia era um ‘deus-nos-acuda''.

Hoje fazer uma rinoplastia é coisa banal em todo o mundo, de Tóquio a Teerã. Chega a ser uma coisa desejável, como forma de impedir a ação do tempo sobre o corpo. De certa forma, nossa pele, nossos ossos e músculos deixaram de ser "nós'' e se tornaram em matéria que pode ser manipulada conforme a necessidade estética. Há uma piada muito reveladora dessa nova sensibilidade. Perguntam a uma moça de belos e fartos seios se eles são realmente dela. "Claro que são. Paguei por eles", responde.

Essa maneira de encarar o corpo parece ter implicações além do mero desejo de ter uma cintura mais fina ou um rosto mais bonito. Envolve a percepção do que é ou não humano e, em última análise, modifica a visão da vida e da morte.

É bastante sintomático que Dr. Hollywood exiba pessoas sendo cortadas, serradas, furadas, infladas, drenadas e costuradas sem que isso seja obrigatoriamente assustador. Revelar a gordura aspirada de uma lipo ou um seio oco à espera do silicone hoje é rotina. Há algumas décadas, a série Doutor Kildare, de grande sucesso em todo o mundo, não mostrava nem unha encravada.

Em última análise, o corpo não é mais biológico. Faz parte de nossa cultura e assim pode ser transformado conforme quiser o seu "proprietário". Tanto quanto outros objetos, o corpo revela uma certa imagem social, de identidade de classe, situação financeira e interesses pessoais. Exemplo disso é a conceituação do que é masculino ou feminino. Ou a relação das pessoas com a passagem do tempo, amenizada com uma certa "plastificação" dos órgãos.

No final das contas, é o conceito do que é ou não é belo que está perigosamente indefinido. As alternativas para a beleza podem passar pelas academias de ginástica, cabeleireiros e mesas de cirurgia de um hospital. O corpo é apenas uma tela em branco. Médicos como Robert Rey pintam com bisturis.

Por Mauro Trindade - TV Press
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