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DATA DA PUBLICAÇÃO 17/04/2015 | Economia
Pirelli desiste de ampliar jornada de trabalho semanal
Após ceder às reivindicações dos trabalhadores para melhorar as condições do lay-off (suspensão temporária do contrato de trabalho), que atingirá cerca de 450 funcionários da fábrica de Santo André, a Pirelli recuou em mais um item negociado com o movimento sindical e desistiu de aumentar a carga horária semanal dos empregados que continuarem na ativa. Em todo o Brasil, cerca de 1.500 colaboradores deverão ser afastados no fim do mês.

A primeira proposta apresentada pela multinacional italiana, no dia 6, previa encerrar a produção de pneus aos domingos. Para isso, alteraria a escala dos funcionários, passando de 6x2 (seis dias de trabalho e dois de folga) para 6x1 (com apenas um dia de descanso). Assim, a carga semanal passaria de 39,5 para 44 horas.

A possibilidade de alteração na jornada irritou os trabalhadores, que consideraram a medida um retrocesso, já que muitas categorias estão conquistando a redução da carga horária sem diminuição do salário. Para o presidente do Sindicato dos Borracheiros da Grande São Paulo e Região, Marcio Ferreira, a proposta era contraditória. “Eu não teria como justificar para o pessoal que vai ficar na fábrica por que eles teriam que trabalhar mais, sendo que as vendas de pneus estão em baixa.”

O acordo final com a definição dos termos do lay-off foi fechado na manhã de ontem, em reunião no sindicato com a presença de representantes da Pirelli. A definição sobre a carga horária era o único item que ainda havia ficado pendente. No dia anterior, a empresa já havia se comprometido a aumentar de um para três salários nominais a multa paga a cada empregado demitido durante o afastamento, previsto para durar cinco meses. Também foi anunciado o pagamento de 100% da PLR (Participação nos Lucros e Resultados) aos borracheiros que ficarem fora da fábrica nesse período.

Outra conquista da categoria é a complementação, por parte da Pirelli, do restante do salário até compor a totalidade dos vencimentos. Isso porque os colaboradores com os contratos suspensos recebem uma parte por meio do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), com teto equivalente ao do seguro-desemprego, R$ 1.385,91. Dessa maneira, se o funcionário ganha R$ 3.000, a União arcará com R$ 1.385,91, e a empresa com R$ 1.614,09. O acordo será votado em assembleia hoje, às 14h, em frente à portaria principal da fábrica de Santo André.

Ferreira considera que os borracheiros saíram vitoriosos diante da negociação. “Foi uma vitória, pois conseguimos preservar os empregos e os direitos. Tenho certeza de que, com a situação financeira do País melhorando, esse pessoal vai voltar ao trabalho.” Mesmo assim, o sindicalista reconhece que ainda há clima de apreensão. “Tranquilidade na fábrica só se tem quando se produz muito e vende muito.”

Os representantes da empresa que participaram da reunião não falaram com a equipe do Diário. Mais tarde, a fabricante emitiu a seguinte nota: “A Pirelli acredita que o lay-off é a melhor alternativa para garantir seu empenho na manutenção dos postos de trabalho neste momento de crise do mercado. Para viabilizá-lo, acordou com o sindicato em manter a jornada de trabalho de 6x2, mesmo que essa seja uma alternativa de maior custo para a gestão dos atuais volumes de produção.”

VENDA DA EMPRESA - Por telefone, a assessoria de imprensa da Pirelli afirmou que o lay-off tem como objetivo adequar a produção à demanda atual e que, portanto, não há relação com a possível venda do controle acionário da companhia para o grupo ChemChina (China National Chemical Corporation), operação anunciada no mês passado e avaliada em US$ 7,7 bilhões. A empresa acrescentou que a transação ainda não foi concluída.

‘Estamos inseguros’, diz funcionário

“Não entrar no lay-off vai ser a mesma coisa que ganhar na loteria.” Assim resume um dos 2.500 funcionários da unidade de Santo André da Pirelli sobre a iminente suspensão de 450 contratos de trabalho durante cinco meses. Na fábrica, o sentimento é de insegurança. O principal temor é que, ao fim do período, o grupo afastado seja demitido. Ainda não foi definida a lista de colaboradores que serão afetados pela medida.

“Me sinto arrebentado, pois, na minha família, só eu trabalho. Se eu for mandado embora, como é que nós vamos comer?”, questiona um auxiliar de confecção. Todos os empregados ouvidos pelo Diário pediram para ter a identidade mantida sob sigilo, com medo de sofrerem represália.

Um operador de empilhadeira que presta serviços à empresa há mais de uma década já pensa em um plano B caso seja dispensado. “Vou me mudar para o Sul. Lá tem mais ofertas de emprego do que em São Paulo, além de ser uma região mais segura”, compara. Ele demonstra desconfiança em relação à promessa da Pirelli de pagar 100% da PLR (Participação nos Lucros e Resultados) para os trabalhadores em lay-off. “Eles vão arrumar algum jeito de pagar somente a PLR proporcional. Não queremos isso.”

Outro funcionário, com quase cinco anos de empresa, sente todos os dias que o emprego está ameaçado. “Ficar em lay-off é como se não trabalhássemos aqui. O medo é o mesmo. Todos os dias saio de casa desconfiado, com o risco de o desemprego acontecer amanhã. Estamos inseguros.”

Apesar da apreensão, um operador auxiliar sugere que os colegas não se deixem abater. “Tem que enfrentar essa situação, não tem jeito. Buscar outro serviço está difícil. Então, temos que nos virar com o que temos.” O trabalhador pondera que, como sua mulher também trabalha, a família possui um pouco mais de tranquilidade. “Mas, e se eu não tivesse essa renda? Seria muito mais complicado.” (Yago Delbuoni)

Por Fábio Munhoz - Diário do Grande ABC
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