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DATA DA PUBLICAÇÃO 21/12/2008 | Cidade
Petistas escolhem ''secretários de carreira''
Assumir uma cadeira no primeiro escalão petista não será novidade para a maioria do secretariado de São Bernardo, Diadema e Mauá. Dos 52 nomes já anunciados pelos futuros chefes dos Executivos, 32 têm larga experiência em Poder Público. Alguns dos secretários profissionais tiveram problemas por onde passaram e chegaram até a responder processos. Mesmo assim, são sistematicamente convidados para cargos de confiança em administrações municipais do PT.

Luiz Marinho nomeou 12 companheiros de partido para ajudá-lo a gerir o orçamento de São Bernardo, o maior do Grande ABC (R$ 2,3 bilhões). No total, 16 secretários já foram anunciados. No time do petista - único que não falou com a reportagem - estão profissionais de Santo André, São Paulo, Osasco, Curitiba, Aracaju, além do governo federal. Patrícia Veras, que assumirá a Secretaria de Transportes e Vias Públicas, é a que mais circulou em outras administrações. Na vida pública desde 1989, ela já passou por Santo André, São Vicente, São José dos Campos, Guarulhos e Fortaleza.

Em Diadema e Mauá, o quadro segue tendência regional, com ex-secretários que passaram entre as sete cidades, além de Suzano, Marília, São Paulo e governo federal. Eleitos respectivamente para gerir os municípios, Mário Reali e Oswaldo Dias defendem o "modo petista de governar" e admitem que a escolha do secretariado levou em consideração não apenas profissionalismo, mas "interesses políticos e individuais".

Reali já anunciou os representantes das 18 Pastas - 10 são secretários de carreira - e assegura que os critérios para composição foram competência técnica e compromisso para concluir o plano de governo.

Embora insista que "não há diferença gritante" em trabalhar nas prefeituras petistas, Reali argumenta que a sigla preza características próprias: "participação popular, papel do estado como indutor das políticas públicas e defesa da inclusão social".

Oswaldo, que também revelou 18 nomes - 10 já atuaram em cargos de confiança -, justifica as nomeações alegando a importância em reconhecer profissionais com experiência em gestão pública. "As pessoas são procuradas porque acumulam conhecimento trabalhando em vários lugares. A gente valoriza as experiências."

Na avaliação do futuro chefe do Executivo mauaense, o PT tem a prerrogativa de valorizar a militância por ter um "bom quadro" político-técnico. "É evidente que a maior parte é do PT. Eles têm postura e visão parecidas com a minha e isso é interessante para a cidade", pondera. (Colaboraram Elaine Granconato e Cristiane Bomfim)

Presidente estadual do PT minimiza situação, mas admite a prática

O presidente estadual do PT e prefeito de Araraquara, Edinho Silva, minimizou a prática comum entre as administrações comandados pelo partido. "A equipe de governo tem de ser julgada pela sua capacidade de implementação de políticas públicas e não por sua certidão de nascimento", afirma Edinho, que admite ter em seu quadro vários profissionais que já passaram por outras gestões do PT.

O petista justificou a falta de fronteira dos profissionais técnicos em razão da atual mobilidade urbana. "Os municípios são interligados. Sem falar que isso não ocorre só no setor público, mas também na iniciativa privada", afirma.

Como chefe do Executivo, Edinho concorda que em administração pública alguns cargos unam política com conhecimento técnico. "Não há como empregar pessoas que não têm comprometimento com o projeto. A sociedade cobrará, no final, o resultado de políticas públicas e não a origem do secretário", conclui.

Outros partidos - Na opinião de Edinho Silva, os "profissionais de carreira" em cargos de confiança não são uma característica apenas do PT. "O próprio governo do Kassab (Gilberto, prefeito de São Paulo) está forrado de ex-prefeitos de outros municípios nas subprefeituras", ressalta.

O cientista político Rui Tavares Maluf também afirma que a prática ocorre com outros partidos, como PSDB e DEM. Porém, destaca o especialista, "no PT é mais freqüente". (Elaine Granconato)

Cientistas políticos divergem sobre método adotado

Cientistas políticos divergem da prática adotada para cargos do primeiro escalão, principalmente em administrações petistas. Para Aldo Fornazieri, diretor acadêmico da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, trata-se de um erro evidente do gestor não privilegiar, em sua maioria, o profissional da cidade.

Já o cientista político Rui Tavares Maluf, não vê problema no fato de profissionais acumularem experiências em cargos de confiança. "O que se deve levar em conta é se foi um trabalho exitoso nas administrações anteriores", afirma.

Ainda de acordo com Fornazieri, o prefeito tem de equilibrar experiência e renovação. "Mantendo os mesmos quadros, além de pouca inovação, vícios administrativos são adquiridos. Também é errado constituir um secretariado com maioria de fora", avalia.

Fornazieri exemplifica a questão com uma situação inusitada: "É como se elegesse o presidente do Brasil e o quadro administrativo fosse formado por pessoas de outros países. Com certeza, fere o sentimento da municipalidade", afirma. Do contrário, segundo o cientista político, pode-se dizer que "são profissionais dos cargos públicos de confiança".

Para Tavares Maluf, a escolha do administrador sempre é política, valendo-se de caráter técnico. "É uma linha bastante tênue."

Com experiência - Em Diadema, o próprio prefeito eleito pelo PT, o deputado estadual Mário Reali, arquiteto e urbanista formado pela USP (Universidade de São Paulo), já foi secretário de Habitação e Administração na primeira gestão do atual chefe do Executivo, José de Filippi Júnior (PT), e presidente da Saned (Companhia de Saneamento Básico de Diadema) em 2001 e 2002. Também passou pela Prefeitura de Ribeirão Pires, quando administrada pela petista Maria Inês Soares.

Outro ex-prefeito que não ficou sem emprego depois de deixar o comando de Mauá foi Oswaldo Dias (PT). Em maio de 2005, exerceu o cargo de diretor de Obras de Diadema, nomeado pelo prefeito Filippi. Na época, o petista ainda exercia a função de representante de Filippi no Consórcio Intermunicipal do Grande ABC.

Por Rita Donato - Diário do Grande ABC
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