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DATA DA PUBLICAÇÃO 17/12/2007 | Cidade
Periferia "invade" o mercado de consumo
Com renda familiar mensal de até dez salários mínimos (equivalente a R$ 3.800), as classes C, D e E movimentaram neste ano R$ 575 bilhões – crescimento de 11% em comparação com 2006.

Responsável por 71% do consumo nacional, essa faixa é representada por 156,3 milhões de pessoas, num País com pouco mais de 183 milhões de habitantes.

Beneficiadas com o aumento do salário mínimo – que de 2000 para cá teve um crescimento real de 59,27% –, redução do desemprego, queda na taxa de juros e economia estável, essa fatia da população está realizando seus sonhos de consumo e indo às compras com menos preocupação.

Sonhos de Consumo
Carro, telefone celular, TV de tela plana, aparelho de DVD e antena parabólica. Foi com esforço e muitas prestações que Ana Soares Martins, 58 anos, conseguiu comprar tudo o que sempre quis. A casa onde mora, no Jardim Itapark, periferia de Mauá, é simples. Por fora, está no reboco e em permanente obra. Mas por dentro, não faltam eletroeletrônicos e móveis.

“Sou muito chique e tenho tudo o que a classe média tem”, conta, orgulhosa. A começar pelo imóvel, que é próprio e foi o primeiro grande sonho de consumo. “Tenho essa casa há 20 anos. Antes eram só dois cômodos e com o tempo fomos ampliando.”

Com renda mensal familiar de R$ 2.250, ela e o marido, Aguinelo Martins dos Santos, 64 anos, já não passam sufoco no fim do mês. Além das contas de água, luz e telefone, o casal consegue ainda pagar a escola dos dois filhos adotivos, as prestações dos eletro-eletrônicos e sempre sobra um dinheiro para o lazer.

Novos consumidores
Segundo o criador do Data Popular – instituto de pesquisa focado na base da pirâmide econômica –, Renato Meirelles, as classes C, D e E estão cada vez mais próximas do topo da pirâmide quando o assunto é bens de consumo.

“O acesso a produtos como eletrônicos está muito mais fácil”, conta. O maior sonho de consumo hoje não são somente a casa e o carro. O computador ganha cada vez mais espaço nas listas de prioridades.

“Enquanto as classes A e B compram produtos para se destacar e se diferenciar do resto das pessoas, a população com renda mais baixa compra para fazer parte de um consumo que há alguns anos era impensável”, explica o pesquisador.

Segundo pesquisa do instituto, de 2002 para cá, as classes C, D e E tiveram a renda incrementada em R$ 80 bilhões. Enquanto isso, no mesmo período, o topo da pirâmide (A e B) perderam cerca de R$ 80 bilhões.

De prestação em prestação, compramos tudo o que temos

Os três filhos de Milton Nunes de Brito, 43 anos, nunca passaram fome. Vivem numa casa confortável em Mauá e tem privilégios que seus pais não tiveram quando eram jovens. Computador, MP3 Player, DVD, TV de 29 polegadas, máquina digital.

“Quando eu saí do Paraná, com 13 anos de idade, nunca achei que fosse ter tudo o que tenho em casa”, conta o sindicalista. Ao mesmo tempo, ele se orgulha por poder dar conforto à sua família. As compras são contadas em prestações e mal acaba uma, a família já pensa em outra aquisição.

“Minha filha mais velha (Milene Cristina, 16) quer um celular”. A esposa, Isabel Cristina, já pensa em trocar todos os móveis e eletrodomésticos da cozinha. Na casa, a renda mensal é de R$ 2.400. “De prestação em prestação, compramos tudo o que temos. Somos da classe média”, diz.

Computador lidera o ranking de produtos mais cobiçados

As vendas de produtos eletroeletrônicos cresceram 2,1% no primeiro semestre deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com a Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos). Para o Natal, a expectativa de aumento é ainda maior: 15%, comparado com 2006.

Na categoria, o sonho de consumo mais comentado nas classes C, D e E é hoje o computador. A estimativa do Instituto Data popular é que até o final deste ano, 10 milhões de unidades sejam vendidas. “Cerca de 14% da população nessa faixa de renda possui. Essas classes querem oferecer um futuro melhor para seus filhos. Querem computador e internet”, comenta Renato Meirelles, idealizador do Data Popular.

Outra pesquisa, realizada em dois bairros periféricos da Capital paulista (Cidade Tiradentes e Capão Redondo), um em São Bernardo (Montanhão) e o último em Diadema (Serraria) revelou que 21% das famílias pretendem comprar um computador em breve. “Destas casas, 60% já possuem DVD e 47% celular pré-pago. Foi uma pesquisa surpreendente”, revela o pesquisador e coordenador do Instituto, Nilson Vieira Oliveira.

A reforma da casa foi apontada por 67% dos entrevistados como um objetivo, seguido da compra de um carro, com 29%. Exemplo disso é Manoel Luis dos Santos, 43 anos. A casa em que mora com a esposa e dois filhos pertence ao sogro . “Vou reformar a casa, comprar um carro em breve e trocar o computador porque meus filhos dizem que ele não serve mais”, conta. O rendimento mensal para sustentar a família – que é de R$ 2.300 – não diminuiu o sonho. “A gente compra parcelado no crediário em 15, 20 ou mais vezes e dá tudo certo.”

Renda e crédito são aliados das famílias

O aumento da renda e do crédito são os grandes aliados da população com renda familiar de até R$ 3.800. O salário mínimo subiu de R$ 136, em 1999, para R$ 380 neste ano. O acesso ao crédito ficou mais fácil e a taxa de desemprego – hoje de 8,4% – é a menor desde 1997.

“Isso tudo faz com que a base da pirâmide tenha um poder de consumo maior”, explica o pesquisador do Data Popular, Renato Meirelles.

Na hora das compras, o carnê é favorito das classes C, D e E. A preferência é respectivamente 58,7%, 69,9%, 40,9% das pessoas. Impulsionado pelo crédito e cartões de crédito, em 2007, cerca de R$ 250 bilhões estão emprestados para o consumo.

A base da pirâmide possui 67% dos cartões de crédito disponíveis no País. “É assim que elas compram seus sonhos de consumo. Em várias parcelas”, conclui Meirelles.

Por Cristiane Bomfim - Diário do Grande ABC
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