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DATA DA PUBLICAÇÃO 23/09/2016 | Cultura
''Pequeno segredo'' é melodrama com choro forçado e poder feminino
''Pequeno segredo'' é melodrama com choro forçado e poder feminino Foto: Reprodução
Foto: Reprodução
Pré-indicado do Brasil a Oscar acena mais ao público que à crítica; G1 já viu.

Julia Lemmertz e outras vão bem em filme de clichês, mas capaz de cativar.


A conversa sobre a escolha de “Pequeno segredo” para tentar uma vaga brasileira no Oscar pode dar à sua avaliação um ângulo desfavorável. O filme não acena a críticos ou profissionais que buscam algo sutil ou diferente. Seu potencial é com o grande público. O problema é que ele não só acena, como levanta os braços, faz cara de choro e, se deixar, dá até uma cutucada no olho do espectador para incentivar as lágrimas.

O filme é dirigido por David Schurmann, um dos filhos da família catarinense conhecida por velejar pelo mundo. A história se baseia no livro “Pequeno segredo – A lição de vida de Kat para a família Schürmann”.

Ele foi lançado em 2012 por Heloisa (Julia Lemmertz), sobre a adoção por ela da menina Kat (Mariana Goulart), filha de um casal formado pelo neozelandês Robert (Erroll Shand) e a amazonense Jeanne (Maria Flor), que ficam doentes.

O filme tem lançamento limitado, apenas para atender aos requisitos de prazo do Oscar, nesta sexta-feira (22). A assessoria de imprensa de "Pequeno Segredo" não soube informar as salas (ou a sala) em que ele será exibido agora. O lançamento oficial nacional será apenas no dia 10 de novembro.

Chore, por favor
O teor dramático fica claro desde a primeira cena, uma tomada aérea do mar, acompanhada por uma borboleta amarela e uma trilha-sonora de arranjos de cordas solenes. Entra a voz ao fundo de Julia Lemmertz com um texto poético que mais parece um anúncio publicitário sobre o filme do que uma cena do próprio filme.

Mas o longa já começou e vai ter muito daquilo ali: conversas e monólogos reflexivos que entregam o que vai acontecer, metáforas sobre vida e morte com objetos marinhos e da natureza e, a qualquer momento, a música. Não passa um minuto sem uma vocalização, um dedilhado de violão, um piano ou uma orquestra inteira para reforçar o drama.

Os semblantes são graves e o sentimento não varia. Uma cena de dança entre Robert e Jeanne que insinua sensualidade dura poucos segundos até entrarem os violinos e um papo sobre estrelas. Há uma cena em que uma baleia parece chorar e outra em que a vilã vocifera sozinha contra as flores do seu jardim. Isso basta para encerrar o caso de que há clichês.

Histórias cruzadas
Sabendo disso, “Pequeno segredo” não desperdiça o potencial da história real contada por Heloísa, que diz muita coisa sobre maternidade e mortalidade. A forma como o livro começa, intercalando as histórias da família Schurmann, do romance amazonense e da avó neozelandesa é aprimorada no roteiro de Marcos Bernstein (“Central do Brasil”).

Há falhas nesse entrelaçar de histórias. A “avó malvada” ganha espaço demais, sendo que a tragédia real vem de uma doença, algo sem culpados, incompreensível. A paixão entre Jeanne e Robert não convence (lembra da cena sensual atropelada pela execução precoce de violinos?). Mas o laço principal,da adoção de Kat por Heloísa, é amarradinho.

O tema é mãe e filha, e os homens da história ficam de lado. Marcelo Antony, o pai Schurmann, é figurativo. O roteiro até dá uma ajudinha para reforçar o lado mocinho do pai natural Robert (o livro conta que ele abandonou Jeanne por três anos após acidente, fato excluído do filme). Mas é em torno das mulheres que tudo gira.

Mulheres fortes
A mãe biológica perseguida por tragédias, a mãe adotiva protetora, a avó ciumenta e, acima de tudo, a filha fragilizada, que se vê diferente das colegas de escola, têm que segurar a barra. Boas performances de atrizes são essenciais para “Pequeno segredo” ter potencial de conquistar o público, e o filme alcança isso.

Julia Lemmertz está na medida entre a segurança do instinto materno e a angústia de não controlar o destino da filha - quase te convence que ler diário escondida é ato de amor. A avó (a irlandesa Fionnula Flanagan, de “Os outros”), até faz rir do preconceito, à la Lady Violet de “Downton abbey”. A atriz mirim Mariana Goulart dá alguma leveza a falas difíceis, acima de sua idade, e até a amiga de escola é expressiva como receptora do tal pequeno segredo.

Na linha de “filmes de doença”, pode ser descrito como um “A culpa é das estrelas” das mães - sem a força da personagem de John Green encarnada por Shailenne Woodley, mas com algum apelo. Você já entendeu: a história é triste. A forma de contá-la tem falhas, mas não é uma tragédia.

Outra opinião
Para o blogueiro do G1 Luciano Trigo, "Pequeno segredo" é o melhor filme brasileiro dos últimos anos. Ele escreve que o longa tem "fotografia e interpretações impecáveis" e "cria uma trama na qual personagens e acontecimentos muito distantes (em mais de um sentido) convergem de forma comovente".

Por Rodrigo Ortega - G1, em São Paulo
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