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DATA DA PUBLICAÇÃO 20/03/2014 | Turismo
Passeio leva turistas para visitarem os lugares mais decadentes de Porto
Tour organizado por arquitetos foi fundado em 2012.

Objetivo é mostrar desigualdades e efeitos da crise econômica.


“Porto não é somente um cartão postal e algumas ruas onde os turistas fazem compras. Minha cidade também é isso”, diz a arquiteta Margarida Castro Felga ao apontar para uma fachada em ruínas. A vista do rio Douro, que corre em direção ao Atlântico, é impressionante. Mas não encontramos no bairro popular de Fontainhas os hotéis boutique nem os bares de vinho da moda que podem ser vistos no centro histórico da grande cidade do norte de Portugal.

Bandos de jovens desocupados são surpreendidos ao ver os turistas que visitam o local e admiram os grandes edifícios burgueses abandonados, enquanto crianças vestidas para o carnaval correm por um pátio de onde se pode ver pequenas casas modestas.

“É nesse tipo de moradia que os trabalhadores se amontoavam com suas famílias inteiras em 16 metros quadrados no século 19”, explica a jovem arquiteta de 31 anos, sob o olhar perplexo de Louise e Dean Watson, um casal de cerca de 50 anos que veio passar o final de semana na cidade.

A fim de evitar os passeios em ônibus abertos e outros clichês, o americano e sua mulher inglesa encontraram Margarida para uma caminhada urbana atípica: "Os piores passeios” de Porto, ou “The worst tours”, na versão original em inglês.

Criada no final de 2012 por três arquitetos que se alternam entre o desemprego e a informalidade, esses percursos oferecem aos visitantes estrangeiros a chance de descobrir os bastidores de um país que vive há três anos sob o signo da austeridade.

Conversando com Margarida sobre as consequências da crise, Dean e Louise se mostram chocados ao saber que o salário mínimo é cerca de 500 euros por mês e que os trabalhadores informais não têm direito a seguro desemprego.

“É triste ver que deixaram uma cidade tão bonita deteriorar-se assim”, lamenta o americano, que vive com a mulher na Alemanha há 30 anos e trabalha, como ela, no setor de tecnologia da informação. “Esse tipo de visita nos ajuda a entender o que está acontecendo na Europa hoje. As pessoas da Alemanha preferem não pensar muito nisso”, diz Louise.

Apesar de rejeitar a ideia de fazer um “turismo da pobreza”, como o que é feito nas favelas brasileiras, os guias dos “piores passeios” também militam em outros movimentos políticos e sociais e por isso têm atraído muitas inimizades.

De acordo com Helena Gonçalves, diretora da agência de promoção turística de Porto e da região norte, eles são “jovens revoltados”, “vozes isoladas”, cujo discurso “prejudica gravemente” a imagem da cidade para os estrangeiros.

“A cidade está finalmente no mapa de turismo internacional”, graças à chegada de companhias aéreas de baixo custo, segundo ela. A região teve, em 2013, um aumento do número de estadias por estrangeiros em 15,2% e, desde 2009, a oferta hoteleira aumentou 9,1%.

Mas, para Margarida, o desenvolvimento do turismo pode causar uma “segregação” da cidade, com um centro renovado, mas muito caro para os habitantes, rodeado por subúrbios decadentes.

Por G1 - AFP
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